Moçambicana:
África que te queremos África
[ Foto : autoria desconhecida ]
BALAIO PORRETA 1986
n° 2905
Rio, 19 de janeiro de 2010
E o tempo desmanchou-se no vestido
que demarca teu corpo imaginário
(Carlos PENA FILHO, in Soneto. Livro geral, 1959)
ÁGUAS DO RIO
Flávio Corrêa de Mello
[ in Rio Movediço ]
Seguem as águas do rio,
escorrem nas beiras,
nas eiras, nas neuras.
Seguem as seculares poças
que inundam a Praça Mauá
e fazem do Caju a piscina das almas.
Seguem e seguimos as moças
que também marolam
o rebolado saltitado do ir
e vir cadeirando na Lapa,
no samba, no café com pão
do Manuel Bandeira.
Eu também sigo,
obcecadamente
as águas do rio sigo
nadando nas estações
Carioca e Cinelândia
Uruguaiana e Saens Pena,
as moças cadeirantes
os jeans suados, colados,
as saias, os faróis molhados,
o frisson de meu guarda-chuva
rasgado neste dia chuvoso
com meus fantasmas
e as almas do Caju.
GIRA PIÃO
Líria Porto
[ in Tanto Mar ]
a lua doida de pedra
arranca a roupa desnuda-se
revela em minha janela
a sua casa noturna
sorri pra mim ri de mim
coitado pobre poeta
não durmo mais eu não durmo
os olhos grudados nela
os sentimentos pululam
ai lua lua tão bela
ai lua minha translúcida
por ti troquei meio mar
por ti perdi meio mundo
o meu juízo trafega
nestas sequelas distúrbios
quando eu morrer me carrega
esconde-me nas tuas curvas
é que te amo te amo
mi corazón arde
en cuba
África que te queremos África
[ Foto : autoria desconhecida ]
BALAIO PORRETA 1986
n° 2905
Rio, 19 de janeiro de 2010
E o tempo desmanchou-se no vestido
que demarca teu corpo imaginário
(Carlos PENA FILHO, in Soneto. Livro geral, 1959)
ÁGUAS DO RIO
Flávio Corrêa de Mello
[ in Rio Movediço ]
Seguem as águas do rio,
escorrem nas beiras,
nas eiras, nas neuras.
Seguem as seculares poças
que inundam a Praça Mauá
e fazem do Caju a piscina das almas.
Seguem e seguimos as moças
que também marolam
o rebolado saltitado do ir
e vir cadeirando na Lapa,
no samba, no café com pão
do Manuel Bandeira.
Eu também sigo,
obcecadamente
as águas do rio sigo
nadando nas estações
Carioca e Cinelândia
Uruguaiana e Saens Pena,
as moças cadeirantes
os jeans suados, colados,
as saias, os faróis molhados,
o frisson de meu guarda-chuva
rasgado neste dia chuvoso
com meus fantasmas
e as almas do Caju.
GIRA PIÃO
Líria Porto
[ in Tanto Mar ]
a lua doida de pedra
arranca a roupa desnuda-se
revela em minha janela
a sua casa noturna
sorri pra mim ri de mim
coitado pobre poeta
não durmo mais eu não durmo
os olhos grudados nela
os sentimentos pululam
ai lua lua tão bela
ai lua minha translúcida
por ti troquei meio mar
por ti perdi meio mundo
o meu juízo trafega
nestas sequelas distúrbios
quando eu morrer me carrega
esconde-me nas tuas curvas
é que te amo te amo
mi corazón arde
en cuba
PARA UMA BIBLIOTECA PORRETA
Os livros que me marcaram e ainda me marcam
(7/43)
Moacy Cirne
O visionário (Murilo Mendes, 1941)
O cão sem plumas (João Cabral, 1950)
A maçã no escuro (Clarice Lispector, 1961)
Crônica da casa assassinada (Lúcio Cardoso, 1959)
O velho e o mar (Hemingway, 1952)
O som e a fúria (Faulkner, 1929)
Lolita (Nabokov, 1955)
Além do planeta silencioso (Lewis, 1938)
Ensaios (Montaigne, 1580-88)
A gaia ciência (Nietzsche, 1882)
POEMA
Carito
[ in Os Poetas Elétricos ]
Que vontade de ser sépia
De ter aquela cor do passado dos meus pais
Do trem na estação
Mas sou apenas um filho
Fora dos trilhos
Que nunca está são
É natural o trem se afogar
Nas minhas mágoas
Trem nada não!
PARA UMA BIBLIOTECA PORRETA
Os livros que me marcaram e ainda me marcam
(8/43)
Moacy Cirne
Geografia dos mitos brasileiros (Câmara Cascudo, 1947)
Casa grande & senzala (Gilberto Freyre, 1933)
Raízes do Brasil (Sérgio Buarque de Holanda, 1936)
Formação do Brasil contemporâneo (Caio Prado Jr., 1942)
Geografia da fome (Josué de Castro, 1946)
Formação da literatura brasileira (Antonio Candido, 1957-59)
Formação econômica do Brasil (Celso Furtado, 1959)
Os donos do poder (Raymundo Faoro, 1958)
Os índios e a civilização (Darcy Ribeiro, 1970)
Sertões do Seridó (Oswaldo Lamartine de Faria, 1980)
PERPLEXIDADE
Ainda bem que os longevos Alain Resnais, Jean-Luc Godard, Jacques Rivette, Manoel de Oliveira, Claude Chabrol, Clint Eastwood e Jean-Marie Straub - ao lado dos "jovens" Béla Tarr, Apichatpong Weerasethakul, Hsiao Hsien Hou, Aleksandr Sokúrov, além de outros - estão vivos: com eles, o cinema é mais cinema.
NEM SÓ DE FUTEBOL VIVE UM BLOGUE TRICOLOR
Clique aqui
para ler a postagem do
FluSócio
sobre a tragédia do Haiti:
"Da dor à solidariedade".
Também merece registro o blogue
Cidadão Fluminense,
do ambientalista e prof. de História e Geografia
Eduardo Coelho,
por suas postagens sérias e equilibradas.
Recentemente, por exemplo, Coelho homenageou Zico,
o grande ídolo do Flamengo.
9 comentários:
oi, moacy - ganho o dia todo dia de manhã, quando venho ler o balaio - hoje ainda mais, e ontem, por estar dentro dele!!
mil besos e obrigada!
a tua seleção de livros para a biblioteca, estou colando a lista!!!
A poesia da Líria é lira que entontece. Livros a mancheia, viva a biblioteca porreta. Abraço.
Boa cepa. Em sépia. Em qualquer cor e tom...
Trótski,Arte, Revolução e Leminski são imprescindíveis.
4 Vidas
p/ Leminski
Antonin Artaud
Anaís Nïn
Frida Kalor
Trótski Surrealizor
Alma Fresca
os poemas de líria e de carito, muito lindos!
beijos do seridó!
Oi Moa
Linda imagem Moçambique - Mulher!
Flávio Correia de Mello, homenagei com beleza o Rio que tem seu dfia amanhã. Dia do padroeiro.
Líria "na cabeça"...É incrível a capacidade de criação dela, flui como um rio.
Parabéns pelo Fluzão!
Biblioteca para mim, de sonhos.
Beijos
Mirse
hoje tinha uma menina rindo da incapacidade de articulação do pobre rubem alves: a existência se finda em sépia, girando e girando e se desfazendo na pele negra de uma moçambicana vestida de minha imaginação azul...
oah, inté os mitos sonhados desse brasilzão que é brasa, brasa e fome.
Meninos, eu vi:
l) José Agripino, o filhote da ditadura, falar em Direitos Humanos;
2)Miguel Arraes ser preso de pijama em Recife, enquanto o negro e comunista Gregório Bezerra era arrastado e espancado pelas ruas;
3) O filme "Saló", de Pasolini, e suas metáforas da degradação;
4)O quadro "La Pisseuse" de Picasso, no Museu de Arte Moderna no Centro de Pompidou.Mais aterrorizante que "Guernica" que jamais hei de ver.
o meu, assim como o de líria, delírio: todos os dias procuro estar por dentro do balaio... e hoje, mais uma vez, mais ainda! obrigado!
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