Representação modelar do
Calendário Asteca
- ou Pedra do Sol -
com suas possíveis cores originais


BALAIO PORRETA 1986
n° 2904
Rio, 18 de janeiro de 2010

A ampulheta sussurra ao rugido do leão.
(W.A. AUDEN. Nosso pendor, trad. José Paulo Paes)


PARA UMA BIBLIOTECA PORRETA
Os livros que me marcaram e ainda me marcam
(5/43)
Moacy Cirne

Poemas (W.H. Auden, trad. bras. 1986)
Yerma (Lorca, 1934)
O vermelho e o negro (Stendhal, 1830)
A náusea (Sartre, 1938)
Em busca do tempo perdido (Proust, 1913-27)
El Aleph (Borges, 1949)
A paixão segundo G. H. (Clarice Lispector, 1964)
Crime e castigo (Dostoievski, 1886)
O 18 Brumário de Luís Bonaparte (Marx, 1852)
O Estado e a revolução (Lênin, 1917)

HORÓSCOPO DA SEMANA

Áries
Seja guerreiro(a); seja lunar.
Leia Borges. E Cortázar. E Casares.
Plante uma árvore. Faça chover no sertão.
Pinte a sua rua de azul, amarelo e esperança.

Touro
Conheça o Pantanal. E de Recife, a Rua do Sol.
Seja poeta e romancista, aventureiro e anarquista.
Leia Luis da Câmara Cascudo. E Mário de Andrade.
Mergulhe na pintura de Van Gogh. E no cinema de Tati.

Gêmeos
Beba vinho pensando no ser amado.
Não desista de seus sonhos dionisíacos.
Leia sobre o feminismo. E sobre o socialismo.
Se mulher, vista-se de aurora; se homem, de crepúsculo.

Câncer
Tudo vale a pena, se o amor não é pequeno.
Lute por seus direitos trabalhistas.
Leia bastante; alimente-se de arco-íris.
Vá à praia. Vá ao teatro. Vá às paixões.

Leão
Uma cidade para descobrir: a Natal de 1926-32.
Um sonho para sonhar: o humor gráfico de J. Carlos.
Explore as planícies e os planaltos do ser amado.
Descubra a beleza da música renascentista.

Virgem
Em Natal, visite o Sebo Vermelho. E o Cata-Livros.
Mulher, seja devassa; homem, seja raparigueiro.
Leia Mariana Botelho. Leia Nina Rizzi. Leia Líria Porto.
Em Fortaleza, conheça o Dragão do Mar.

Libra
Ouro Preto ou Olinda? As três.
Marize Castro ou Gilka Machado? As sete.
Visconti ou Godard? Os nove.
Lima Barreto ou Graciliano Ramos? Os treze.

Escorpião
Seja feliz. Com a pessoa amada. E os amigos.
Seja feliz. Com Cecília Meireles. E Murilo Mendes
Seja feliz. Com Buster Keaton. E Charles Chaplin.
Seja feliz. Com Debussy. E Monteverdi.

Sagitário
Lembre-se: nenhuma paixão é impossível.
Lembre-se: nenhum saber é completo.
Lembre-se: nenhum Deus é perfeito.
Lembre-se: nenhuma verdade é absoluta.

Capricórnio
Viva, com tesão, o amor de sua vida.
Um bom momento para ler Garcia Lorca.
Retrabalhe sua inquietação. E sua insatisfação.
Aproveite, depois das 5 horas, sua tendência à rebeldia.

Aquário
Não, não acredite nas promessas dos políticos.
Não acredite na Veja. E muito menos na Folha de SP.
Acredite no sorriso das crianças. E no olhar do(a) amado(a).
Acredite na poesia. Na música. No teatro. No horóscopo asteca.

Peixes
Um filme para ver: Conto de verão (Rohmer).
Sinta-se bem: (re)leia Aníbal Machado.
Ame desesperadamente os sonhos dionisíacos.
Seja paciente, seja um bom ouvinte.

Serpente
Conheça Porto Alegre, se possível.
Leia Jeanne Araújo. E Sheyla Azevedo. E Maria Maria.
Fuja dos carnavais baianos e do forró reeira.
Dance um tango canadense na Sibéria. Ou na Mongólia


PARA UMA BIBLIOTECA PORRETA
Os livros que me marcaram e ainda me marcam
(6/43)
Moacy Cirne

Justine (Crepax, 1979)
Pererê (Ziraldo, 1960-64)
A literatura e o mal (Bataille, 1957)
Joan Miró (João Cabral de Melo Neto, 1952)
O primo Basílio (Eça de Queiroz, 1878)
Invenção de Orfeu (Jorge de Lima, 1952)
As viagens de Gulliver (Swift, 1726)
O quarteto de Alexandria (Durrell, 1957-60)
O amante de Lady Chatterley (Lawrence, 1913)
Lénine, a arte e a revolução (Palmier, 1975)

Os anos 20, durante muito tempo ocultados pelos estalinismo e pela teoria do realismo socialista, surgem hoje como uma espécie de sonho em que a arte e a política pareciam de acordo, em que os artistas podiam entregar-se às experiências mais audaciosas sem incorrer na crítica de "formalismo", de "arte decadente", de "arte de esquerda". ... Na época de Lénine, o critério do realismo é desejado mas não imposto.
(Jean Michel PALMIER. Lénine, a arte e a revolução, 1975,
trad. port. José Saramago, 1976)