Mãe e filha:
a beleza maternal de Angola
Foto:
Alex Correia
via
Namibiano Ferreira
OH FLOR DA NOITE
Arlindo Barbeitos
[ in Angola: Os Poetas ]
oh flor da noite
onde todo o orvalho se perde
teus olhos
não não estrelas
não são colibris
teus olhos
são abismos imensos
onde na escuridão
todo um passado se esconde
teus olhos
são abismos imensos
onde na escuridão
todo um futuro se forma
oh flor da noite
onde todo o orvalho se perde
teus olhos
não são estrelas
não são colibris
BALAIO PORRETA 1986
n° 2950
Natal, 4 de março de 2010
OS SEIOS DA AMADA
Talis Andrade
Estonteantes rosas
Pássaros contidos
Como nomear
as formas
gêmeas dos seios
da minha amada
Que conservam
os meus olhos
como recordação
Nas minhas mãos
o perfume
de macias pétalas
- Duas pêras!
Descrevem os cânticos
de Salomão
- Duas peras!
Pelo guardar do sabor
na minha boca
POEMA
Dade Anorim
[ in Inscrições ]
Te conheci bem antes dessa manhã
quando te inventei.
Te trago há tanto tempo!
A tua identidade é um pouco a minha,
teu pensamento deita em meu repouso.
Te conheci bem antes
e te reconhecer
é como andar de madrugada pelo campo.
BANANA-SPLIT
Líria Porto
[ in Putas Resolutas ]
lamber-te de ponta a ponta
da cabeça aos pés
até te derreter
depois
comer teu sexo
GRANDES FIGURAS NATALENSES
( 5 / 6 )
Miguel Cirilo
(1936-2007. Poeta, nasceu em São José do Seridó)
Xico Santeiro
(1898-1966. Artista popular, nasceu em Sto Ant do Salto da Onça)
Américo de Oliveira Costa
(1910-1996. Escritor, nasceu em Macau)
Alberto Maranhão
(1872-1944. Político, nasceu em Macaíba)
Alexis Gurgel
(1945-1979. Poeta/processo, nasceu em Caraúbas)
Ana Walderez
(1950-1986. Socióloga, nasceu em Natal)
Djair Dantas Macedo
(1944-1977. Jornalista, nasceu em Natal)
Liliu
(1910-1982. Tipógrafo, nasceu em Natal)
SOBRE LILIU, UMA FIGURA ÍMPAR
Tipógrafo, boêmio e apostador, torcedor fanático do América natalense, o popular Liliu - nascido Adauri de Loiola Barata, frequentador assíduo do velho Juvenal Lamartine, para ver o seu Mequinha em ação - era capaz das mais inusitadas apostas. E às vezes apostava contra o seu próprio time de coração. Suas apostas, em futebol, por exemplo, incluíam placar do primeiro tempo, placar do segundo tempo, placar final, número de escanteios, quem cedia o primeiro escanteio, primeiro time a entrar em campo, primeiro gol, número de faltas assinaladas pelo juiz, número de impedimentos marcados, público presente. Aliás, Liliu também era cambista de jogo de bicho. Há muitas histórias sobre ele. Essa, narrada a seguir, é contada por Deífilo Gurgel em 400 nomes de Natal (2000): "... noivo de uma moça da família L'Eraistre, não casava nunca. Quando os amigos lhe perguntavam pelo casamento, respondia que agora não podia mais casar, pois já se tornara 'irmão de criação da moça'." (p.473) Ainda Deífilo Gurgel, no mesmo livro: "Convidado por amigo para uma partida de sinuca, observou: 'Só vou se for apostando. Jogar sem apostar é o mesmo que dançar com a irmã'."
(RE)LEIA,
clicando aqui,
o ótimo texto de
Carito
O CINEMA E MEU DESPERTAR SEXUAL
in
Os Poetas Elétricos
a beleza maternal de Angola
Foto:
Alex Correia
via
Namibiano Ferreira
OH FLOR DA NOITE
Arlindo Barbeitos
[ in Angola: Os Poetas ]
oh flor da noite
onde todo o orvalho se perde
teus olhos
não não estrelas
não são colibris
teus olhos
são abismos imensos
onde na escuridão
todo um passado se esconde
teus olhos
são abismos imensos
onde na escuridão
todo um futuro se forma
oh flor da noite
onde todo o orvalho se perde
teus olhos
não são estrelas
não são colibris
BALAIO PORRETA 1986
n° 2950
Natal, 4 de março de 2010
OS SEIOS DA AMADA
Talis Andrade
Estonteantes rosas
Pássaros contidos
Como nomear
as formas
gêmeas dos seios
da minha amada
Que conservam
os meus olhos
como recordação
Nas minhas mãos
o perfume
de macias pétalas
- Duas pêras!
Descrevem os cânticos
de Salomão
- Duas peras!
Pelo guardar do sabor
na minha boca
POEMA
Dade Anorim
[ in Inscrições ]
Te conheci bem antes dessa manhã
quando te inventei.
Te trago há tanto tempo!
A tua identidade é um pouco a minha,
teu pensamento deita em meu repouso.
Te conheci bem antes
e te reconhecer
é como andar de madrugada pelo campo.
BANANA-SPLIT
Líria Porto
[ in Putas Resolutas ]
lamber-te de ponta a ponta
da cabeça aos pés
até te derreter
depois
comer teu sexo
VOZ
Adriana Godoy
ecoa em mim
a voz do meu coração
estranha voz
aguda e rouca
úmida e serena
voz de sonhar e gritar
todas as palavras
tudo que esteve contido
nas cavernas mais distantes de mim
O MENINO ROBINHO
João da Mata Costa
Adriana Godoy
ecoa em mim
a voz do meu coração
estranha voz
aguda e rouca
úmida e serena
voz de sonhar e gritar
todas as palavras
tudo que esteve contido
nas cavernas mais distantes de mim
O MENINO ROBINHO
João da Mata Costa
Estadium lotado
O menino dança
Num verde-azulejo.
Espaço mínimo para tanto
Feitiço por sobre a pelota
Que magnetizada
Fica Parada.
Robinho bicicleteia
Uma, duas, três vezes.
O adversário fica paralisado
E mais um drible com as pernas
Trançadas que assina um poema
Com o encanto da eternidade
Daquilo que um outro jogador
De canetas-tortas.
Mostrou para o mundo.
Num baile mágico.
O menino brinca
Escapa
Foge por uma fresta
Margeando um traçado branco
E de calcanhar
Dá um mais um passe
Que termina no fundo da rede
GRANDES FIGURAS NATALENSES
( 5 / 6 )
Miguel Cirilo
(1936-2007. Poeta, nasceu em São José do Seridó)
Xico Santeiro
(1898-1966. Artista popular, nasceu em Sto Ant do Salto da Onça)
Américo de Oliveira Costa
(1910-1996. Escritor, nasceu em Macau)
Alberto Maranhão
(1872-1944. Político, nasceu em Macaíba)
Alexis Gurgel
(1945-1979. Poeta/processo, nasceu em Caraúbas)
Ana Walderez
(1950-1986. Socióloga, nasceu em Natal)
Djair Dantas Macedo
(1944-1977. Jornalista, nasceu em Natal)
Liliu
(1910-1982. Tipógrafo, nasceu em Natal)
SOBRE LILIU, UMA FIGURA ÍMPAR
Tipógrafo, boêmio e apostador, torcedor fanático do América natalense, o popular Liliu - nascido Adauri de Loiola Barata, frequentador assíduo do velho Juvenal Lamartine, para ver o seu Mequinha em ação - era capaz das mais inusitadas apostas. E às vezes apostava contra o seu próprio time de coração. Suas apostas, em futebol, por exemplo, incluíam placar do primeiro tempo, placar do segundo tempo, placar final, número de escanteios, quem cedia o primeiro escanteio, primeiro time a entrar em campo, primeiro gol, número de faltas assinaladas pelo juiz, número de impedimentos marcados, público presente. Aliás, Liliu também era cambista de jogo de bicho. Há muitas histórias sobre ele. Essa, narrada a seguir, é contada por Deífilo Gurgel em 400 nomes de Natal (2000): "... noivo de uma moça da família L'Eraistre, não casava nunca. Quando os amigos lhe perguntavam pelo casamento, respondia que agora não podia mais casar, pois já se tornara 'irmão de criação da moça'." (p.473) Ainda Deífilo Gurgel, no mesmo livro: "Convidado por amigo para uma partida de sinuca, observou: 'Só vou se for apostando. Jogar sem apostar é o mesmo que dançar com a irmã'."
(RE)LEIA,
clicando aqui,
o ótimo texto de
Carito
O CINEMA E MEU DESPERTAR SEXUAL
in
Os Poetas Elétricos
17 comentários:
rio-me - escarafunchas versos que nem eu me lembrava...
essa foto - a cara marota da garota!!
o balaio é ótimo, ainda mais quando acordo de madrugada!!!
agora vou reler tudo!
besos
"teus olhos são abismos" - que maravilha! lembrei-me de vinícius "são cais noturnos, cheios de adeus"
besos
Mama mia, que sede de boca e olhar, o da menina. Foto magistral. E ainda tem a voracidade do Banana split da Líria. Uau. Seios da amada, voz, flor da noite e o poema de Dade. Quanto a Robinho peço venia, sou mais aquela composição do triatleta: corre, pedala e nada. Abraço.
Ai... voltando de férias do mundo virtual, eu tinha que passar por aqui...
Sempre bom, Moacy!
E que foto!
o bebê esta bem servido : ]
bjo
d
ade lí & dri
que trí
ade
Oi,Mocyr, fazer parte do Balaio junto a essas feras me deixa muito feliz. O poema escolhido é que deu origem a minha Voz. VALEU mesmo. Beijo.
Moacyr, faltou no último verso a expressão: "de mim" "nas cavernas mais distantes de mim" bj
Moa,
Arlindo mergulha no abismo dos olhos [ele, colibri] e sai [quase] ileso.
Gostei da presciência da Dade e da Voz da Dri Godoy.
As apostas de Liliu são mais arborizadas que a copaíba...
Abração.
Líria e Dade estão irretocáveis.
Belíssimo repertório, professor!
caramba, a fotografia, claro. meus seios chegam a doer as saudades. u ficava super preocupada em ter de parar de amamentar, pensando em como seria pra nini, traumático talvez, porque ela mamava toda hora.. rsrs.. parou com 1 ano e 10 meses e, olha que coisa, eu nem havia cogitado o meu sofrimento, é, acho que a dor do corte umbiselical foi mais minha que dela...
e, eu queria ter escrito o poema de dade amorim, porque eu invento amores; e eu quero e vou tomar banana split :p
um beijo.
Ê fartura!
Linda seleção!
Saudações especiais para a Adelaide e a Liria. Bravo, garotas.
Abraço, Moacy.
Obrigada aos amigos generosos que você reúne no Balaio, Moacy, e a você também. Sem falar na alegria toda especial de participar daqui.
Cada vez melhor, se é que pode.
Beijo beijo pra você e todos os amigos que vêm aqui.
Só hoje a possibilidade de aqui vir. Vindo sempre como se de uma peregrinacao se tratasse. Bem escolhida a foto. E, como sempre-sempre balaio excelentemente a transbordar de poesia...
Kandandu
Saudades de Fortaleza. Me ligaram de lá, até pensam que sou cearense.
Forte o poema da Adriana.
Gostei também do da Dade Amorim.
Todos os poemas são muito bonitos e xpressam a singularidade de seus respectivos(as) autores(as). Parabéns a todos (as). Um beijo especial para a Adriana Godoy ! Bj,
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