No cartaz soviético de 1920, por Victor Deni,
Leon Trotsky é São Jorge,
montado em seu cavalo branco,
em luta contra o dragão
do imperialismo contra-revolucionário:
a religiosidade mística da Mãe Rússia
continuava presente no imaginário popular
de operários, artistas e camponeses.
BALAIO PORRETA 1986
nº 2149
Rio, 28 de outubro de 2007
Atualização - 13:10h
Cinema
O MELHOR DO CINEMA POLÍTICO
segundo a nossa leitura crítico-político-libertinária
1. Carta para Jane (Godard & Gorin, 1972)
2. A terra treme (Visconti, 1948)
3. Memórias do subdesenvolvimento (Alea, 1968)
4. Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha, 1964)
5. O homem da câmera (Vertov, 1929)
6. O encouraçado Potemkin (Eisenstein, 1925)
7. Terra em transe (Glauber Rocha, 1967)
8. Outubro (Eisenstein, 1927)
9. La hora de los hornos (Solanas, 1968)
10. Noite e neblina (Resnais, 1955), curta
11. Tempestade sobre a Ásia (Pudóvkin, 1928)
12. O fim de São Petersburgo (Pudóvkin, 1927)
13. A revolta do Chile (Guzman, 1975-79)
14. A batalha de Argel (Pontecorvo, 1965)
15. One plus one (Godard, 1968)
16. Blábláblá (André Tonacci, 1968), curta
17. Terra sem pão (Buñuel, 1932), curta
18. Três cantos sobre Lênin (Vertov, 1934)
19. Salvatore Giuliano (Rosi, 1961)
20. Hitler, um filme da Alemanha (Syberberg, 1977)
21. A grande ilusão (Renoir, 1937)
22. Dr. Fantástico (Kubrick, 1964)
Nota:
Os 22 filmes selecionados não obedecem propriamente a uma ordem estético-qualitativa, e sim político-informacional a partir de parâmetros semiológicos que alimentam a linguagem do cinema, dentro de uma perspectiva social e cultural. De resto, como sempre, a cada nova revisão poderá haver mudanças neste particular conjunto de obras.
DUAS OU TRÊS COISAS SOBRE O CINEMA POLÍTICO
Aprendemos com o cineasta Jean-Luc Godard e os teóricos materialistas dos anos 60 e 70: mais importante do que um filme político em sua aparência temática - em última análise, um filme sobre política -, é um filme politicamente político. O primeiro seria uma obra conjuntural, em alguns casos com implicações formais discutíveis. O segundo seria uma obra estrutural, com implicações necessariamente produtivas , isto é, políticas, isto é, revolucionárias.
Neste sentido, vale a pena recorrer ao poeta Vladimir Maiakóvski: "Sem forma revolucionária não existe arte revolucionária", que, por sua vez, parafraseara Lênin: "Sem teoria revolucionária não existe prática revolucionária". Mais tarde, nos anos 60, Louis Althusser retomará a máxima leninista para construir o alicerce teórico de sua leitura marxista. Que, em grande parte, apesar de tudo, permanece válida. Assim como permanecem válidas as idéias centrais de Marx.
Mas, voltando a um cinema politicamente político, e sem discutir, no momento, a questão da arte panfletária (sempre conjuntural, embora filmes como o Potemkin eisensteiniano extrapolem o conteudismo vulgar do simples panfletarismo de corte sociológico), repensemos Lênin. Sempre Lênin. Ou seja: Sem apontar para o saber militante não existe cinema político. Em outras palavras: Sem forma radical dificilmente existirá cinema revolucionário.
EISENSTEINIANA
de Moacy Cirne
[ in Cinema Pax, 1983 ]
a revolução
(sangue, suor e carne)
é violenta como o vermelho
dos crepúsculos de
outubro
e doce como o cheiro de
terra molhada
A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS
A história da revolução russa, de Leon Trotsky. Trad. E. Huggins. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1977, 3v. [] Para comemorar os 90 anos da revolução soviética - que infelizmente não levou adiante os sonhos de um verdadeiro socialismo -, nada melhor do que a (re)leitura de um clássico da literatura marxista, escrita (com espírito crítico, mas também com paixão) por um dos principais líderes da própria revolução russa: Leon Trotsky. Suas 1080 páginas, ao todo, são bastante esclarecedoras, particularmente sob o ponto de vista histórico. "A Revolução de Outubro lançou as bases de uma nova cultura, concebida para servir a todos, e foi por isso mesmo que assumiu, imediatamente, importância internacional" (p.984).
13 comentários:
senti falta de saura, mamãe faz cem anos etc.
É verdade, caro MARIO, numa relação ampliada Saura teria vez. Como outros nomes, certamente (Alvarez, por exemplo). Um abraço.
sim moacy,
o latejo de antônio madureira
é tão
sublime. é
a primeira aurora,
Moacy, Moacy, que postagem maravilhosa!!! Que cartaz!!! Lindo! sublime! genial!
O encouraçado Potemkin? Adoro! Maiakóvski...Teu poema...
lindo! lindo!
Viva aquele outubro VERMELHO! Viva!
Tudo aqui está perfeito!
Um beijo imenso!
Rapaz, fiquei apaixonada por esse cartaz. Acho que vou publicá-lo no refúgio. Só não decidi se como postagem ou na barra lateral.Vou roubar teu texto de apresentação também, viu? É só um comunicado, não tou pedindo permissão não, rsrs.
Um beijo.
Belo EISENSTEINIANA!
Um abraço.
Salve, Moacy: bom ter você de volta aos Morcegos, mas pena que tenha sido antes de o 'post' ter-se terminado! Coincidentemente, há uma breve referência ao Gláuber por lá - e uma corrente bacana, onde citei teu nome! Forte abraço, sábio amigo libertário das massas oprimidas pelas tolas asneiras virtuais!
Rs Adorei o "dia da carne seca": lanço a campanha pelo "dia da macaxeira" - o amigo me segue?! Rs. Abração!
Olá, caro mestre Moacy.
Estou de volta de minha viagem ao planeta Minas.
Muito interessante o arcabouço teórico que você desenvolveu. Eu trabalho na linha da História Política, que estuda as relações políticas existentes, não só entre governo e cidadão, mas entre famílias, empregados/patrões... Qualquer ambiente onde haja situação de poder estabelecido.
Considero um filme político se ele trafega nesta dimensão.
Dos que você relacionou, só vi uns três. Caraco... E eu me considero um cinéfilo...
Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.
Eu incluiria nessa lista o "Queimada" - não lembro o diretor; e o recente "Machuca"
Bem, achei o máximo o tal São Jorge.. tanto que coloquei no meu álbum de fotos!
sorte e saúde pra todos!
ANNE: "Qujeimada", um bom filme, sem dúvida, é de Pontecorvo, o mesmo que dirigiu "A batalha de Argel". Não vi "Machuca". Um abraço.
Caramba! Não acredito que vou comentar isso aqui atrasada. :(
Isso sim é um Balaio Vermelho. Desde os filmes que vc elencou, passando por sua análise certeira sobre o que é um filme sobre política. Assisti a quase todos. Fantásticos (sim. sou marxista ortodoxa)!
Me chamou bastante atenção a relevância dada ao conteúdo aliado à forma e vice-versa, um dos pilares do método marxismo. Lênin é uma das minhas paixões imortais. Aliás, queria ele e não Trotsky montado naquele cavalo.
Pra finalizar, sua poesia. Sinceramente, tocou o fundo de uma matéria/alma que não perdeu o sonho e, quiçá, não perderá.
Belíssima Moacy.
Bj.
adorei a eisensteiniana!
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