sexta-feira, 14 de dezembro de 2007


Imagem:
Alba Luna

in
Olhares


BALAIO PORRETA 1986
n° 2186
Rio, 14 de setembro de 2007


TERNURA
David Mourão-Ferreira
[ in Diário de Notícias, 1961 ]

Puxo sobre os teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada.
Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

[ Republicado in
Antologia da novíssima poesia portuguesa, 1961, p.106 ]


POESIA
Carito
[ in Os Poetas Elétricos ]

no soneto remeto minha poesia para certas rimas
mas ela no hai
cai

minha poesia está naqueles dias
sangrando...
são as regras!


40 ANOS DE POEMA/PROCESSO

Clique aqui para maiores informações sobre as comemorações do nosso movimento em Natal, com o poeta e artista Plínio Sanderson, no Bardalo's. Enquanto isso, a revista Brouhaha, da Fundação Cultural Capitania das Artes, prepara uma edição especial sobre o poema/processo. Será necessário espantar pela radicalidade, ainda hoje? Com a palavra, no Rio Grande do Norte, os poetas Anchieta Fernandes, Falves Silva, Jota Medeiros e Avelino de Araújo.


A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS

Por uma vanguarda nordestina, de Anchieta Fernandes. Natal : Fundação José Augusto, 1976, 130p. [] Uma crítica que se revela aberta, polêmica, instigante, procurando entender, teoricamente, a função do poema/processo no interior de outras vanguardas (dos anos 50 e 60) e sua interação criativa, enquanto realidade potiguar, com os demais Estados nordestinos. Documento histórico de algumas de nossas principais preocupações críticas, políticas e culturais da época. Será que a sua Nordestese - com suas complexidades estruturais - continua culturalmente válida? A História Literária responderá por Anchieta Fernandes e por todos nós.

4 comentários:

Anônimo disse...

Dois poemas-pérolas!

Abraço!

Anônimo disse...

Grato, Moacy! Obrigado por me deixar próximo a tanta TERNURA!

Jens disse...

Oi Moacy.
Como sempre, poesia de qualidade no Balaio. Estamos aí, conferindo.
Um abraço.

Marco disse...

Texto e imagens absolutamente impecáveis. Muito bom. Bom final de semana. Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.