quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008


Martins, Martins,
no Rio Grande do Norte

Foto de
Fábio Pinheiro
in
Swik Net


BALAIO PORRETA 1986
n° 2231
Rio, 13 de fevereiro de 2008


REENCONTRO COM O POETA
JOSÉ BEZERRA GOMES
Luís Carlos Guimarães
[ in O sal da palavra. Natal, 1983 ]

Na madrugada de 6 de outubro
sonho com o poeta José Bezerra Gomes
a falar sobre a Utopia de Thomas More.
O poeta interrompe os comentários
ao livro do Chanceler de Henrique VIII
e atrás dos óculos seus olhos miúdos
piscam para a eternidade.
Com um sorriso de inocência e sarcasmo
o poeta revela, paradoxal,
seu compromisso com a vida
-
essa cadela danada,
essa massa falida.
Ainda no sonho vejo a sua letra desigual
machucando o poema no papel,
a dizer que a poesia não é vã,
que valeu o seu grito no exílio.


OS MELHORES FILMES DE ELY AZEREDO

Ao contrário de José Lino Grunewald, sobretudo, e de Moniz Vianna, o carioca Ely Azeredo não era exatamente um dos nossos críticos cinematográficos favoritos nos anos 60, entre os que militavam na imprensa do Rio. Mas tinha os seus méritos. As suas (in)certezas estéticas. O seu estilo. Na Tribuna da Imprensa, o suplente Sérgio Augusto parecia-nos mais interessante. Mas essa é outra história.

O fato é que Ely Azeredo, ainda atuante, vai publicar um livro sobre cinema. Cinema brasileiro. Em se tratando de suas opiniões, decerto será um livro discutível. Mas o importante é que seja publicado (com o aval do Instituto Moreira Sales). Precisamos de obras sobre o nosso cinema. Curiosamente, O Globo de hoje, na coluna Gente Boa, relaciona os seus cinco filmes preferidos. Cinco obras-primas, segundo o nosso entendimento. Eis a (pequena) lista:

1. Morangos silvestres (Bergman, 1957)
2. O passageiro - Profissão repórter (Antonioni, 1975)
3. 2001: uma odisséia no espaço (Kubrick, 1968)
4. O anjo exterminador (Buñuel, 1962)
5. Memórias do subdesenvolvimento (Alea, 1968)

A título de comparação, vejamos os seus "10 Mais" (entre os "20 Melhores") para a revista Filme Cultura, out-nov 1967: 1. Vampiro (Dreyer, 1932); 2. Cidadão Kane (Welles, 1941); 3. A paixão de Joana d'Arc (Dreyer, 1928); 4. Em busca do ouro (Chaplin, 1925); 5. A regra do jogo (Renoir, 1939); 6. Luzes da cidade (Chaplin, 1931); 7. O grito (Antonioni, 1957); 8. Morangos silvestres (Bergman, 1957); 9. Ouro e maldição (Stroheim, 1924); 10. No tempo das diligências (Ford, 1939).


SANGUE NO BAZAR

Depois do Rio Grande do Sul, da Espanha e de alguns países árabes, chegou a vez do Rio Grande do Norte. O vídeo Sangue está sendo igualmente veiculado na coluna Bazar, do jornalista cultural Alex de Souza, no jornal online No Minuto. O que nos deixou, a mim e a Rosemberg, bastante satisfeitos. Atenção: como já anunciamos, Sangue não é aconselhável para menores, em função dos 69 segundos finais.


RECOMENDAMOS
a leitura da análise crítica de Francisco Sobreira
sobre o filme de Alain Resnais Medos privados em lugares públicos,
in Luzes da Cidade.

7 comentários:

Francisco Sobreira disse...

Caro amigo,
Obrigado pela recomendação do meu texto sobre o filme de Resnais. Me dá uma satisfação danada quando vc gosta de algo que escrevo, porque sei o quanto vc é sincero. Gostei também da menção a Ely. Ao contrário de você, sempre gostei dele, principalmente do seu estilo, embora nem sempre tenha concordado com as suas opiniões. Um grande abraço.

Jacinta Dantas disse...

Ei Moacy,
cada vez que venho aqui, algo sobressai na minha visita. As vezes a saudade, noutras a esperança. E hoje, fiquei tentando "conjugar" a beleza da fotografia(que linda!) com a narração do seu sonho.
Grande Abraço

Jacinta

Jens disse...

Pô Moacy, olhando os filmes relacionados no post me dei conta de uma coisa: não se fazem mais bons filmes como antigamente. Filmes cabeça, que a gente assistia e depois ia discutir no boteco acompanhado por doses generosas de cerveja estupidamente geladas.
***
Gostei da propaganda que fizeste do Sangue. O camarada vai sofrêgo para ver os 69 (hehehe...) segundos finais e quando se dá conta está curtindo maravilhado os 9 minutos anteriores.
***
Um abraço.

Cinecasulófilo disse...

moacy,
te mandei um email, vc recebeu?

benechaves disse...

Moacy: o Ely apenas conservou 'Morangos Silvestres' de sua lista de 1967, não? Sei não, viu? Fazer uma relação com apenas 5filmes deixa muito a desejar. Eu não faria isso. É muito subjetivo se dizer que fita tal é melhor do que filme tal numa relação de somente 5 obras-primas.
Olha: já conferi a análise do Sobreira.
Em tempo: que bela foto a da postagem anterior, hein? Bela morena!

Um abraço...

Ana Mangeon disse...

Eis aqui uma ex-Iacsiana contente de topar por acaso com o Balaio eletrônico e ficar com uma pontinha de nostalgia do tempo onde imperavam as cópias xerox. :)

Marco disse...

O Ely foi meu professor. Fiz um curso sobre cinema com ele. Lembro que ele levou a turma para uma sessão para críticos do filme "Casanova e a Revolução", no Meridien. Primeiro: vi que as distribuidoras mandam releases dissecando o filme todo. Segundo: ver filme em sessão privé é tudo de ótimo. Lembro que dei uns pitacos sobre o filme que ele aproveitou na crítica do bonequinho. Fique todo prosa...
Já li a resenha do Sobreira. Está mesmo excelente!
Carpe Diem.