Desenho
de
Mozart Couto
(Juiz de Fora, MG),
um dos grandes quadrinhistas brasileiros,
in
Blog do Desenhador
BALAIO PORRETA 1986
n° 2389
Rio, 4 de agosto de 2008
Poesia e erotismo nascem dos sentidos, mas não terminam neles. Ao se soltarem, inventam configurações imaginárias - poemas e cerimônias.
(Octavio PAZ. A dupla chama; amor e erotismo, 1993)
QUADRINHOS & CINÉFILOS
Por incrível que possa parecer, e apesar do entusiasmo declarado de cineastas como Alain Resnais e Federeico Fellini, e de argumentistas como Cesare Zavattini, há inúmeros cinéfilos - e críticos da chamada "sétima arte" - que ainda não descobriram o mundo e a linguagem das histórias-em-quadrinhos: seu grafismo, seu iluminamento, sua especificidade narrativa, seu alcance estético-informacional. Há que dizer que muitos dos recursos formais rotineiros utilizados no cinema a partir de 1915/16 (alguns deles, depois dos anos 30), tais como o primeiro plano, o plongê, a profundidade de campo e mesmo o formato panorâmico do enquadramento, já tinham sido "inventados" pelas HQs antes de 1910. Diante de autores como Eisner, McCay, Miller, Moebius, Herriman, Crepax, Pratt, e mais 15 ou 16 nomes de expressão artística inequívoca, somos levados a considerar os quadrinhos uma arte tão importante quanto o cinema, por exemplo. Decerto, há vários níveis de "aproximação" e "afastamento" das duas linguagens, quer por suas diferenças técnicas e estéticas, quer por suas semelhanças políticas e culturais. Sem que caiamos em leituras comparativas equivocadas (Batman-filme/Batman-HQ), é preciso acrescentar: apesar de tudo, são universos semióticos diferentes.
E assim devem ser vistos.
PELE E VELUDO
Lívio Oliveira
Lembrei-me dos dias
no quintal
em que me lambuzava
com você,
febril,
nas mangas alaranjadas,
róseas, rubras
dos meses quentes,
ancestrais.
A pele em veludo
e suave seda
se desfazia,
aos pedaços,
sob mordidas selvagens,
rudes, famintas,
buscando o sumo oculto,
sumo ácido e doce
que banhava o peito
adolescente.
Derramava-se em mim,
naquelas tardes,
o líquido leve das mangas,
escorrendo da língua
e dos lábios.
E me embevecia,
sorvendo junto,
sofregamente,
o colostro,
mel de teus seios.
4 comentários:
o poema de Lívio é límpido e doce, colostro de poesia!
beijos seridoenses!
Iara
Rapaz! Lívio botou pra quebrar nesse poema! Belo! Esse meu amigo é talentoso demais!
Obrigada, Moacy, pela visita e palo comentário tão incentivador! Amo as suas visitas, querido!
Ah, passei a semana escutando Coltrane... É liiiiiindo!
Beijos, amigo querido. Apareça no meu Paraíso Perdido... Vou amar...
Fico feliz de ter amigas como Maria e Cláudia!
Abraços!
Lívio
Também fico feliz por ler as palavras de uma das melhores poetisas do RN: Iara!
Postar um comentário