sexta-feira, 23 de janeiro de 2009


Crepúsculo.
Na África? Em São Saruê? Na Ásia?

Foto:
Roberta Febran


BALAIO PORRETA 1986
n° 2546
Rio, 23 de janeiro de 2009

O diálogo entre a ciência, a filosofia e a poesia poderia ser o prelúdio da reconstituição da unidade da cultura e também da ressureição do indivíduo, que tem sido a pedra de fundação e o manancial de nossa civilização.
(Octavio PAZ. A dupla chama; amor e erotismo, 1993)


MORADA
Adriana Monteiro de Barros
[ in Pianos invisíveis, 2008 ]

Meus urubus e demônios me visitam todos os dias.
Todos os dias meus urubus e demônios me visitam.
Me visitam os dias todos.
Entram sem bater e se instalam na sala
como se já fossem velhos conhecidos.
E, na verdade, são.
Desde pequena meus urubus e demônios me habitam.
Há tempos meus urubus e demônios moram dentro.
Meu medo não é do outro.
Meu medo tem medo de mim.
Eu sou meus urubus e demônios.
Meus urubus e demônios sou eu mesma
e muito prazer.


DIARIM DE MARIA BUNITA
(13)
Divulgação:
Menina Arretada do Seridó

Meu diarim quirido,

Ando muito arretada pur esses dias, tanto qui nem tive coragem de lhê contá. Apois num é qui Virgulino achô de levá a cabroêra toda pro cabaré de Inácia, lá pras banda de Poço Seco? E olha qui isso dá um dia e meio de caminhada! Levantô os hômi logo cedim e danô-se mato adentro, tudo cantano, filiz da vida! Só fiquemo eu, as mulé e uns dois cabra novato pra tomá conta do acampamento. Mais a minha raiva maior é qui ele feiz questão de levá o Diabo Lôro, se ao meno ele tivesse ficado, as coisa pur aqui tinha ficado mais animado, eu quiria mermo era vê a paia da cana avoá. Dadá vei se queixá cum eu, mandei qui ela ficasse no canto dela, eu lá sô mulé de ficar escutano lenga-lenga de ninguém? Adimais, o hômi dela tombem é meu, nas cruvianas da madrugadinha, num me interessa sabê nada deles dois... Mais derna qui meus dois amor foram simbora raparigá qui tô aqui morreno de sordade de uma noitinha cum eles na bêra do rio, tô sim, ai, ai... Mais diarim, mudano de cacete pra carai, tu sôbe da Mariatonha, mulé de Chicão Miguelim? Apois num é qui a pobrezinha caiu de cu trancado? Morreu de morte ligêra, sem mais mais, sem foi foi, a coitadinha...

Nota do Balaio, às 12:45h

Cair de cu trancado : Morrer subitamente.


6 comentários:

Mme. S. disse...

a Adriana Monteiro tem uma poesia ágil né? gostei! e gosto mais ainda de você. Um beijo, amigo.

Anônimo disse...

moacy:
que papo é esse "caiu de cu trancado"?me faça um dicionário,por favor.os leitores como eu vão agradecer.cudecana eu já conheço.
um abraço.
romério
ps.o tião gostou de te reencontrar.

Anônimo disse...

Moacy, aodrei o poema da Adriana!

Sobre o blog, tô dando um tempinho nele... Devo voltar a publicar algo, mas não sei quando.

Muito obrigada pela visita.
Bjo

Ada

Adriana Monteiro de Barros disse...

Moacir, obrigada querido por mais esta homenagem porque vindo de vc é assim que eu sinto. Quero aqui também agradecer a Ada e a Mm S. pelos elogios. Fico imensamente feliz e sem palavras.
um beijo grande,
adriana monteiro de barros

o refúgio disse...

oi oi oi...rsrs...
dois beijos beeeem grande: um pra Menina Arretada e outro pro Menino Arretado ;-)

Adrianna Coelho disse...


tô vindo aqui atrasada.

e esse post tá lindo com ocrepúsculo, o octavio
e a poesia da nossa querida adriana.

e ainda tem a arretada da maria bunita! rsrs

p.s. gostei da nota do balaio. ahahahaha

beijos, moa