Eis o Fluminense de 1952,
campeão da Copa Rio,
um verdadeiro mundial de clubes,
com Castilho (goleiro), Pinheiro (zagueiro-esquerdo),
Telê (ponta-direita) e Didi (meia-esquerda),
entre outros
BALAIO PORRETA 1986
n° 2544
Rio, 22 de janeiro de 2009
Há a dor e há a Esperança. Há a dor e há a Vida.
Há a dor e há o Fluminense.
AS AURORAS DOS HORIZONTES DESCONHECIDOS
Minha paixão pelo Fluminense começou a se definir em 1952, cristalizando-se em 1954, depois de uma vitória sobre o Flamengo por 3 a 0. Eu e os meus pais e irmãos morávamos em Caicó, então. Mas vários tios, entre os mais fraternalmente queridos, residiam em Jardim do Seridó. Vivíamos um mundo de alumbramentos. E aventuras. E descobertas. Amávamos o Seridó, os banhos de rio, as chuvas de inverno, o cinema, as mulheres. E o Fluminense.
Sim, todos eles torciam pelo tricolor: Silvino (irmão de mamãe, já falecido), Walfredo, Waldemar, Raimundo, Josebel e Gérson (irmãos de papai; vascaíno, por sinal). O entusiasmo dos seis pelo esquadrão das Laranjeiras e mais a minha admiração, sobretudo, por Castilho, Pinheiro, Telê e Didi me fizeram Fluminense. Para todo o sempre. Para todo o sempre. Ainda me lembro bem da minha emoção quando vi o tricolor campeão pela primeira vez, em 1969, num Maracanã com 180 mil pessoas. Naquele momento, o Seridó e os seis tios estavam do meu lado. Em pensamento, marcado pela mais vibrante das alegrias, numa vitória sublime sobre o rubro-negro. No dia seguinte, Nelson Rodrigues a imortalizaria em crônica antológica: "Quem não esteve ontem no Maracanã não viveu. Dentro de 200 anos a cidade dirá, mordida de nostalgia: aquele Fla x Flu!" (cito de memória).
Claro que os seis tios-irmãos não poderiam ser esquecidos. Dois deles, por uma questão de idade, eram mais próximos: Josebel e Gérson. Com Josebel, a afinidade passava de forma particular pelo grande interesse que sentíamos pelo cinema. Mas Gérson era uma figura especial: alegre, brincalhão, sempre falando apressadamente. Era como se ele tivesse toda a pressa do mundo para viver, para se realizar em toda a sua plenitude de ser humano, para sentir em profundidade o sertão - o nosso sertão -, para amar seus filhos, seus irmãos, seus amigos, o seu Fluminense - o Fluminense de um tempo menos rancoroso, de um tempo mais amoroso. Sim, Gérson era uma grande figura humana...
E ontem, ainda sentindo o impacto de uma morte anunciada, ocorrida na terça, eis que uma nova notícia, igualmente crua, igualmente cruel, iria me abalar. Mais uma vez. Gérson partira definitivamente para as planícies do Além e para as Auroras dos Horizontes Desconhecidos. Sabia que ele estava doente, é verdade, mas não contava com esse desfecho, exatamente agora. O que dizer? O que fazer? A dor continua. Simplesmente.
4 comentários:
saudades, Moacy!
vou me atualizar no Balaio...
beijos
Pois é, Moacy, 'a dor continua', enquanto a Morte vai continuando a carregar as pessoas de uma Vida sem sentido, essa de todos nós. E me lembro aqui do filme de Bergman 'O sétimo selo', com a temível e terrível Morte a levar consigo os personagens da trama e também drama dos seres viventes.
Belas homenagens!
Um abraço...
Primo Querido - Tenho conversado c/ vc. , diuturnamente , via BPorreta . Espero encontá - lo aí no Rio , em breve . Fiquei triste c/ a partida do nosso amável Gerson .
Um forte e grandioso abraço - Medeiros - São Luis/ Ma .
moacy,
tentei te enviar um e-mail com o convite para o lançamento do Pequeno Manual Prático de Coisas Inúteis, mas o endereço que tenho (um do imagelink) parece não estar mais funcionando.
se puder, me mande um endereço ativo. seria um prazer e uma honra te-lo por lá.
um grande abraço!
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