Fotografia:
RetroAtelier
BALAIO PORRETA 1986
n° 2824
Natal, 27 de outubro de 2009
Queimei os meus vestidos.
Quero vestir-me apenas de palavras.
(Sônia BRANDÃO. Vestimenta, in Pássaro Impossível)
RetroAtelier
BALAIO PORRETA 1986
n° 2824
Natal, 27 de outubro de 2009
Queimei os meus vestidos.
Quero vestir-me apenas de palavras.
(Sônia BRANDÃO. Vestimenta, in Pássaro Impossível)
O OLHO TRIDIMENSIONAL
João Melo
[ in Angola: Os Poetas ]
vejo: a suave abóbada celeste,
a gangrena vermelha
no alto da cabeça
vejo: a ave incorruptível
no intervalo dos espigões
de aço branco e dourado
vejo: o néon sedutor
das rútilas noites urbanas,
a mítica paz dos campos
vejo: as bunganvílias definhantes
da história podre do tempo,
os homens de olhos vazios
vejo: a face gorda da fome
nos vorazes baús
de estômago electrónico
vejo: a mulher de pernas
de negro veludo
e fina penugem trémula
vejo: a bomba cirúrgica
e seus dentes cegos,
a esperança clandestina dos mortos
vejo: a canção ardente
na esquina sombria da cidade
onde jaz o mendigo surdo
vejo: a branca lua enamorada,
o misterioso oceano
e seus peixes indefesos
vejo: a alma das breves tragédias,
os tristes tambores furiosos
e a magia da poesia
João Melo
[ in Angola: Os Poetas ]
vejo: a suave abóbada celeste,
a gangrena vermelha
no alto da cabeça
vejo: a ave incorruptível
no intervalo dos espigões
de aço branco e dourado
vejo: o néon sedutor
das rútilas noites urbanas,
a mítica paz dos campos
vejo: as bunganvílias definhantes
da história podre do tempo,
os homens de olhos vazios
vejo: a face gorda da fome
nos vorazes baús
de estômago electrónico
vejo: a mulher de pernas
de negro veludo
e fina penugem trémula
vejo: a bomba cirúrgica
e seus dentes cegos,
a esperança clandestina dos mortos
vejo: a canção ardente
na esquina sombria da cidade
onde jaz o mendigo surdo
vejo: a branca lua enamorada,
o misterioso oceano
e seus peixes indefesos
vejo: a alma das breves tragédias,
os tristes tambores furiosos
e a magia da poesia
METÁFORA FAUSTÍNICA
Artur Gomes
[ in A Cigarra, nº 33. Santo André, SP, agosto 1998 ]
o mundo que venci deu-me uma flor
de lótus
que desfio incontinente de malícias
faíscas na linguagem relâmpagos no meu falo
por cima de qualquer sonho grego
por dentro de qualquer fosso complexo
o mundo que venci deu-me uma flor
de cactus
troféu perigoso esse vassalo
em chão de céus infernos meus cavalos
amando a fátria que fariu língua senhora
VESTIBURRADAS
(Fonte: 500 anos de outras burradas)
[in Balaio n° 1283, 25/5/2000]
[] As glândulas salivares só trabalham
quando a gente tem vontade de cuspir.
[] Os estuários e os deltas foram
os primitivos habitantes da Mesopotâmia.
[] O ateísmo é uma religião anônima.
[] O petróleo apareceu há muitos séculos,
[] Antes de ser criada a Justiça, todo mundo era injusto.
(Fonte: 500 anos de outras burradas)
[in Balaio n° 1283, 25/5/2000]
[] As glândulas salivares só trabalham
quando a gente tem vontade de cuspir.
[] Os estuários e os deltas foram
os primitivos habitantes da Mesopotâmia.
[] O ateísmo é uma religião anônima.
[] O petróleo apareceu há muitos séculos,
numa época em que os peixes se afogavam dentro d´água.
[] Antes de ser criada a Justiça, todo mundo era injusto.
Repeteco
10 FOLHETOS DE CORDEL com títulos curiosos:
[] A menina que morreu em Caicó e depois de 20 horas enviveceu - falou contra o comunismo e o protestantismo,
de José Gomes da Silva
[] A mulher que o diabo surrou ou A espera da vingança,
de Hermes Gomes de Oliveira
[] A discussão da gripe asiática com o atum,
de Cuíca de Sto. Amaro
[] História em versos de um jegue que matou um homem,
a porca comeu a criança e a mulher morreu de choque,
no Município de Santana de Ipanema, Estado de Alagoas,
de José Honório Oliveira
[] História da menina, ou seja, o Padre Cícero Romão,
de Genário Vieira Barreto
[] A moça que mordeu o travesseiro
pensando que fosse Vicente Celestino,
de Cuíca de Sto. Amaro
[] O barbeiro que fez a barba do jegue, de Aristeu Guerra Moreira
[] Como Antonio Silvino fez o diabo chocar, de Leandro Gomes de Barros
[] História do burro que matou seu próprio dono de faca
e o homem que matou a vaca e a vaca
matou o homem com a mesma faca,
de Moisés Matias de Moura
[] História do casamento do Tigre
ou O cavalo do Mestre Coelho,
de Luís da Costa Pinheiro
10 FOLHETOS DE CORDEL com títulos curiosos:
[] A menina que morreu em Caicó e depois de 20 horas enviveceu - falou contra o comunismo e o protestantismo,
de José Gomes da Silva
[] A mulher que o diabo surrou ou A espera da vingança,
de Hermes Gomes de Oliveira
[] A discussão da gripe asiática com o atum,
de Cuíca de Sto. Amaro
[] História em versos de um jegue que matou um homem,
a porca comeu a criança e a mulher morreu de choque,
no Município de Santana de Ipanema, Estado de Alagoas,
de José Honório Oliveira
[] História da menina, ou seja, o Padre Cícero Romão,
de Genário Vieira Barreto
[] A moça que mordeu o travesseiro
pensando que fosse Vicente Celestino,
de Cuíca de Sto. Amaro
[] O barbeiro que fez a barba do jegue, de Aristeu Guerra Moreira
[] Como Antonio Silvino fez o diabo chocar, de Leandro Gomes de Barros
[] História do burro que matou seu próprio dono de faca
e o homem que matou a vaca e a vaca
matou o homem com a mesma faca,
de Moisés Matias de Moura
[] História do casamento do Tigre
ou O cavalo do Mestre Coelho,
de Luís da Costa Pinheiro
10 comentários:
Bela foto, bela mulher. E que títulos interessantíssimos de folhetos de cordel você escolheu! Um abraço.
Putz que foto...
"O ateísmo é uma religião anônima"
ahhh, eu ri!
nossa, belíssima foto, vi estrelas...
das vestiburradas bem que podia ser verdade esta: "Antes de ser criada a Justiça, todo mundo era injusto." então agoar seríamos justos?
gosto dos cordéis. por aqui há de tudo.
beijo.
Oi Moacy!
Infelizmente não sei o nome do autor do desenho. Fiz a pesquisa no Google e eles não citaram a fonte.
Bjs.
Sábias as observações dos vestibulandos. A partir delas dá pra entender um pouquinho mais o Brasil.
Um abraço.
Moa,
As vestiburradas são muito inteligentes.
Abração,
Marcelo.
os cordelistas merecem o meu dez
10
Esses cordeis são mesmo o supra-sumo da inventividade rica de nosso Nordeste! E que mulher... Que foto... Belos poemas... Falando nisso, caro Mestre: deste uma olhada, ainda que de soslaio, nos que te pedi vez passada? Abração!
Mestre querido,
como sempre o bom gosto aqui se faz presente. A foto adorei em conjunto com as palavras ficou perfeito.
Beijos carinhosos
Postar um comentário