BALAIO PORRETA 1986
n° 2935
Natal, 17 de fevereiro de 2010
PEDRAS-DE-TOQUE
a máscara amor
tem a cor da febre
(Líria PORTO, in A máscara, cf. Tanto Mar)
Ao vento de teu fôlego termal,
Atrevo-me a teu fogo por demais.
(Henrique PIMENTA, in Às pedras do templo, cf. Bar do Bardo)
O bruxo me esperava
sentado no abismo
(Mercedes LORENZO, in Poção, cf. Cosmunicando)
A garganta dói porque ousou cantar
uma voz imensa. Porque cantou frutos
do mar em plena areia. [...]
(Marcelo NOVAES, in A garganta, cf. O Lugar que Importa)
O silêncio da pedra me ensinou
O mistério mineral do perdão
(Mirse MARIA, in Perdão mineral, cf. Meu Lampejo)
O compasso das tuas pernas
abre a geometria do teu corpo
(Paulo Jorge DUMARESQ, in Disperso - 4, cf. Nariz de Defunto)
busco o bocado de mim onde anoiteço:
o chão de carnaval e cinzas.
(Nina RIZZI, in Um blues, cf. Ellenismos)
quero antes
a matéria negra de seu
avesso
(Theo G. ALVES, in O avesso dos dias, cf. Museu de Tudo)
Nos minérios de sua parede,
há mistérios de fogo, sal e lenda.
(Iara MARIA CARVALHO, in Medieval e santa, cf. Mulher na Janela)
Desde muito que te venho
E nada sei destas vindas
Que empalidecem este ser
(Assis FREITAS, in Poema sujo de barro, cf. Mil e Um Poemas)
Ainda que o corpo clame
sinto em mim um deserto morno
(Adriana GODOY, in Quero a noite, cf. Voz)
A cidade passou
antes de mim.
E não houve adeus.
(Horácio PAIVA, in A alma das cidades, cf. Luzes da cidade)
Esse lugar
onde o poema
dorme
(Sheyla AZEVEDO. Silêncio Espera Solidão, in Bicho Esquisito)
só preciso de um poema malcriado
para dizer foda-se essa porra toda
(Cláudio SCHUSTER, in /Poema/, cf. Beba Poesia)
quero um verso de fogo
correndo em minhas veias
(Sandra CAMURÇA, in /Poema/, cf. O Refúgio)
Esta mulher aconteceu em minha vida
quase um quasar reacendendo um sol sem sol.
(Pedro GALVÃO, in Renascer, cf. Bissexto/Balaio)
Ardo em febre de silêncio e volúpia
e minha imprudência te olha despedaçado.
(Jeanne ARAÚJO, in Viagem)
Como se fosse uma geografia
quântica
o teu corpo é o porto
tempo onde floresço
(Namibiano FERREIRA, in Poema para a minha amada,
cf. Ondjira Sul)
RELAÇÕES PERIGOSAS
Marcos Silva
[ in Substantivo Plural / Carta Maior ]
2] Por que esquece – ou esconde?- entre outras coisas, que Arruda foi nada menos que líder de FHC na Câmara Federal?
3] Por que a mesma amnésia subtrai ao leitor que Arruda era a grande – e única – ‘revelação administrativa’ dos demos [sobretudo depois do fiasco Kassab], e nome natural’ para ocupar a vice-presidência na coalizão demotucana liderada por Serra?
4] Por que, súbito, abriu-se um precipício de silencio midiático sobre as relações entre Serra e Arruda, omitindo-se, inclusive, ‘o simpático’ simbolismo da sintonia capilar entre ambos – mencionada por ninguém menos que o próprio governador tucano em evento conjunto em 2009?
5] Por que a obsequiosa Eliane Catanhede, da Folha, e os petizes da Veja, que tantas e tantas linhas destinaram a enaltecer a determinação de Arruda em ‘cortar o gasto público’ – e ainda o fazem na ressalva ao ‘bom administrador que tropeçou na ética’, segundo Catanhede – sonegam aos seus leitores a autocrítica pelo peixe podre que venderam como caviar?
9 comentários:
ufa - este balaio me salvou - estava a achar tudo que escrevo um lixo! risos
besos
Sensacional, Moacy, a seleção de versos - adequada para reflexão e deleite nesta quarta-feira de cinzas.
Quanto aos demos, tucanos, vejas e fsps: quaquaraquaquá!!!
Um abraço.
Um chão de estrelas, pérolas aos montes. Incrustado, fico eu honrado. Abraço.
Mestre Moa, obrigado pela parte que me toca. Abs e ótima quarta de cinzas.
Moa,
Gostei das pedras de toque.
Cadeia pro Arruda & asceclas. Mas a estrutura político-jurídica do país não suporta tal exemplaridade, nem pontual. Gilmar Mendes é campeão dos habeas corpus espúrios. Vide Daniel Dantas.
Abração.
A escolha dos poemas me fez pensar...ando em muito boa companhia...difícil dizer o melhor, são poetas amigos e talentosos!Moacy, que delícia de post.
Aqui: esse lugar onde a generosidade habita...
beijos, meu querido!
petrifiquei-me a outros minerais...
thanks!
gracie, gracie. o balaio me toca. isso me lembra o título de um zine dos aúreos tempos universiotários: "eu me toco, e você?".
beijo.
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