Grandes momentos do cinema [Extra]:
Persona (Ingmar Bergman, 1966).
"Puro iluminamento: o mais colorido filme preto-e-branco da história do cinema, em minha opinião. Imagens, luzes e sombras: a mais perfeita harmonia. Sensibilidade, delicadeza e apuro formal: o cinema que procura se fazer cinema, como se estivéssemos saboreando o manjar dos deuses. Ao meu ver, um dos quatro melhores filmes de toda a história dos discursos cinematográficos" (Moacy Cirne: Luzes, sombras e magias, 2005, p.113). Com Bibi Andersson e Liv Ullmann. Fotografia (excepcional) de Sven Nykvist.
BALAIO PORRETA 1986
nº 2077
Rio, 30 de julho de 2007
INGMAR BERGMAN (1918-2007)
Autor de pelo menos cinco obras-primas (O sétimo selo, 1956; Morangos silvestres, 1957; O silêncio, 1962; Persona, 1966; Gritos e sussurros, 1973) e de vários outros grandes filmes (Noites de circo, 1953; Sorrisos de uma noite de amor, 1955; O rosto, 1959; A paixão de Ana, 1970; O ovo da serpente, 1979; Fanny e Alexander, 1982), faleceu Ingmar Bergman, o cineasta sueco por excelência. Muito já se escreveu sobre a sua obra. Muito ainda se escreverá. Sobre O sétimo selo, por exemplo, a poeta norte-rio-grandense Carmen Vasconcelos escreveu: "Eis um filme para despertar. Despertar medos, pavores. É um rememorar, um vir à tona de símbolos esquecidos. Para onde foi nosso atavismo, nosso inconsciente coletivo? Para os símbolos, que são caminhos até o conhecimento. Não respostas à angústia primordial, pois elas não existem, mas caminhos ao conhecimento possível.// O sétimo selo é também um despertar do melhor de nós, ele convoca a nossa imaginação, nossa fantasia, aquilo que está dentro de nós e não nos deixa perecer na secura social das repetições" (in Clarões na tela, org. Marcos Silva e Bené Chaves, 2006, p.193). Todos nós choramos a sua morte. Quando o vi pela primeira vez (Sorrisos de uma noite de amor, em janeiro de 1960, em São Paulo, no cinema Olido), senti que estava diante de um gênio do cinema. Decerto, já ouvira falar dele, sobretudo através do cineasta paulistano Walter Hugo Khoury, que, então, considerava Juventude (1950) um dos maiores filmes que já vira.
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Em O silêncio, Sven Nykvist e eu decidimos ser absolutamente tudo menos castos. Este filme tem uma lascívia cinematográfica que ainda hoje me dá prazer. Foi muito divertido realizá-lo. (Ingmar BERGMAN. Imagens. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p.112)