NA CAICÓ DOS ANOS 50
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os sete minutos finais de
Sansão e Dalila
(De Mille, 1949),
com Hedy Lamarr e Victor Mature
BALAIO PORRETA 1986
n° 2554
Rio, 31 de janeiro de 2009
Sansão e Dalila é um dramalhão bíblico de terceira categoria. Mas tenho um carinho todo especial por ele. E vários são os motivos que me fazem apreciá-lo, sob a perspectiva da memória que (ainda) não se perdeu no tempo. Vejamos: 1] Foi o primeiro filme que, em Caicó, por volta de 1953 ou 54, rompeu a barreira das três projeções (uma por dia), sendo apresentado seis vezes, com as 298 cadeiras do Pax, na Praça da Liberdade, sempre ocupadas; 2] Foi o primeiro filme "nobre" a ser lançado na sessão do sábado, normalmente reservada para faroestes, policiais, aventuras de Tarzan e/ou comédias, complementada por um capítulo do seriado da vez; 3] Das seis sessões, vi cinco, só tendo faltado à exibição da terça-feira; 4] Foi o filme que inaugurou, em Caicó, as sessões matinais, aos domingos; 5] Foi o primeiro filme que mobilizou caravanas das cidades vizinhas apenas para vê-lo, suspirando pela canção-tema: "Vai, pecadora sensual...". E como eu era uma criança muito volúvel em termos cinematográficos - apaixonado que era por Esther Williams, Maria Felix, Ninon Sevilla, Jean Peters e Ava Gardner -, também me apaixonei por Hedy Lamarr, a bela Dalila (só muito depois, no Rio, vi a sua beleza nua em Êxtase). E mais uma vez afirmo: "Sansão e Dalila é o meu pior filme de estimação". Já o vi umas 10 vezes, contando com as cinco sessões em Caicó, claro.
CINEMA 2009
Por que perder tempo com filmes oscarizáveis se, no momento, vejo e revejo A mãe e a puta (Eustache, 1973), O diabo, provavelmente (Bresson, 1977), Antígona (Straub & Huillet, 1991), Os proscritos (Sjostrom, 1919), além de dois vídeos recentes de Marcelo Ikeda (Em casa e Êxodo)? Todos eles serão comentados na próxima semana.
Bosco Sobreira
[ in A Pedra e a Fala ]
Vez ou outra
eu me pego
espiando pelas frestas
de minha alma
e me surpreendo:
Há sempre um sol brilhando
intenso
(tão docemente intenso)
quando chove aqui fora
CUMAÉQUIÉMESMO?
Nem só de sexo, erotismo e putaria vive o Balaio, pelo menos segundo o Google, considerando-o como ferramenta de pesquisa (tanto ou quanto aleatória, pra falar a verdade, muitas vezes ensandecida). Um leitor/internauta interessado na poesia clássica coreana - mais conhecida como sijô - consultou o Google. Pois é, em 2.370.000 - repito: 2.370.000 - opções possíveis, a empresa multinacional indicou o Balaio em honroso 7º lugar. Eis o número que mereceu a inesperada honraria:
n° 2195
Rio, 26 de dezembro de 2007
A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS
Sijô - Poesiacanto coreana clássica, antologia. Trad. Yun Jung Im & Alberto Marsicano. Int. Haroldo de Campos. São Paulo : Iluminuras, 1994, 142p. [] Até então, anos 90, praticamente não conhecíamos a poesia coreana: uma poesia delicada. Em sua língua original, o Sijô compõe-se de três versos e cerca de 45 sílabas. Na recriação brasileira, a formatação será outra, necessariamente: os versos transformam-se em blocos formais. O fato é que o Sijô, como tal, consolida-se no final do século XIII. Para o estudioso Kevin O'Rourke, citado por Haroldo de Campos na apresentação, "ler o Sijô é viver e respirar a história e a cultura da Coréia" (p.11).
Sijô
de
Bag Peng-nyón
(1417-1456)
Dizem que o ouro
se encontra em águas claras
Mas nem toda água clara
o guarda
Dizem que o jade
se encontra nas montanhas
Mas nem toda montanha
o guarda
Dizem que o amor é o mais importante
Mas podemos buscar
a todos que amamos?
(p.26)
Sijô
de
Ju Üi-shig
(?-?)
O menino à janela
vem e me diz:
É o sol
do Ano Novo
Abro a janela
que dá para o leste
e vejo sempre
o mesmo sol
Menino: Este é o velho sol de sempre
Venha-me chamar
quando surgir um novo
(p.119)
Nota 2009:
Como ilustração do número,
uma bela imagem da Coréia do Norte.
Ou seria da Coréia do Sul?