sexta-feira, 3 de agosto de 2007


Há na foto digitalizada de Ilona Wellmann [ in PhotoNet ]
algo que transcende o imponderável das sombras e
cores douradas pelo tempo e pelo espaço:
algo que nos remete à Poesia da Criação.


BALAIO PORRETA 1986
nº 2079
Rio, 3 de agosto de 2007


DO POEMA
de Jarbas Martins (RN)
[ in Contracanto. Natal, 1979 ]

O poema é o hábil gesto
que envergonha a mão.
Vestígio do incesto,
tesão.

É o canto imaginário
ou tubo de explosão,
emissor do contrário:
Não.

Mistério sem história
e iniciação
retido na memória
de um grão.

Armadilha, aresta,
redoma e desvão,
- o poema é o que resta.
Temporão.


O GRITO
de Moacy Cirne (RN/RJ)

vejo o eclipse:
desertos vermelhos da memória

sinto a noite:
aventuras azulacácias da história

além das nuvens,
sou um passageiro sem ouro e sem glória

e há uma pedra de sísifo no caminho das seridolências


HOMENAGEM A ANTONIONI

Clique aqui para ver a homenagem do blogue do Poema/Processo
ao cineasta Michelangelo Antonioni.


UM BLOGUE PORRETA

Improvisações, de Milton Ribeiro.
A escrita inteligente voltada para a literatura,
a música (erudita, sobretudo), o cinema e,
aos sábados, para belas mulheres.

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Parece-me que no fato artístico existe sempre, antes de qualquer outra coisa, uma escolha. Essa escolha que o autor faz é, como dizia Camus, a revolta do artista contra o real. Assim, todas as vezes que começo a filmar um determinado ambiente real, determinadas seqüências em cenários naturais, faço o possível por chegar ao lugar escolhido para filmar naquilo que se poderia chamar um estado de "virgindade". Porque me parece que é do choque entre o ambiente e o meu particular estado de espírito que nascem os melhores frutos. Não gosto de pensar nem de estudar uma cena na noite anterior às filmagens, ou no dia anterior. Gosto de ficar sozinho no local onde irei filmar, começar a sentir o ambiente vazio de personagens, de pessoas. ... Trata-se apenas de inventar - porque é uma fase de invenção - a seqüência, adaptando-a precisamente às características do ambiente. (Michelangelo ANTONIONI, A doença dos sentimentos /Colóquio no Centro Sperimentale di Cinematografia, em Roma, em 16 de março de 1961/, in Cadernos de Cinema: Antonioni, de vários autores. Lisboa: Dom Quixote, 1968, p.89).

6 comentários:

Anônimo disse...

Pô, muito obrigado!

Esta citação de Antonioni é seus próprios filmes, não? Parecem improvisações, mas não vá ele querer nos convencer que a seqüência final de Passageiro, Profissão Repórter foi uma invenção na hora da filmagem. Pode até ter sido, mas levou dias...

Grande abraço e, novamente, obrigado.

Anônimo disse...

Voltou com tudo, meu caro Moacy.
Excelente postagem!
Um abraço.

Wescley J. Gama disse...

Que baque, Moacy: perdemos antonioni e bergman na mesma semana. Bem, eles deram sua magistral contribuição à nossa cultura universal. Grande abraço daqui do seridó.

o refúgio disse...

Moacy, antes de mais nada quero agradecer pelo último comentário no refúgio. Grata, muito grata.

Lindos poemas e "O grito" me tocou um bocado. Confesso que tomei um susto pela coincidência.

Um beijo.

Anônimo disse...

A descri�o de poema no poema de Jarbas Martins � um primor. Adorei.
Tamb�m gostei demais do trabalho de Ilona. Poesia pura em imagem.
E � claro que fiquei muito feliz e honrada com tua fala no Brumas, Moacy. Obrigada desde j�. Beijo e um �timo fim de semana pra ti.

Anônimo disse...

Excelente homenagem, meu caro! Um abraço!
Ah, mandei o endereço por e-mail.
Outro abraço :)