terça-feira, 11 de setembro de 2007


Há crepúsculos que, de tão belos,
desafiam qualquer imaginação,
mesmo a mais criadora, mesmo a mais sensível.

[Foto de Jose A. Gallego, in Photo Net ]


BALAIO PORRETA 1986
nº 2119
Rio, 11 de setembro de 2007



Repeteco
UM DIA TRÁGICO
[ in Balaio 1839, de 11 de setembro de 2006 ]

11 de setembro. Um dia trágico para a história da humanidade. 11 de setembro. Um dia terrível para a história das Américas. 11 de setembro... de 1973. A data que assinala uma vergonha mundial: golpistas chilenos, com o apoio estratégico dos governantes terroristas dos Estados Unidos da Morte, derrubam o governo democraticamente eleito de Salvador Allende. Uma data para não ser esquecida. Nunca. Anos depois, outro 11 de setembro atinge, dessa vez, o coração dos norte-americanos. Qual a grande lição do episódio de 2001: Quem com terrorismo fere com terrorismo será ferido.


Memória
EM 12 DE SETEMBRO DE 1973,
UM JORNAL SEM MANCHETE

"O socialista Salvador Allende é eleito presidente do Chile em 1970, em coalizão popular de que participam comunistas e outras forças à esquerda. Seu governo é desestabilizado e, em 11 de setembro de 1973, derrubado por um golpe militar ativamente apoiado pelo governo dos Estados Unidos. Implanta-se uma ditadura sanguinária responsável por execuções, massacres e tortura. Allende suicida-se em seguida ao golpe. No Brasil do general Médici, a Polícia Federal, através de telefonema do censor, determina que os jornais não podem tratar do caso em manchete. No Jornal do Brasil a primeira página já está arrumada. O editor-chefe [Alberto Dines, com Carlos Lemos como chefe de redação, e Ezio Speranza como diagramador] resolve desmoralizar a censura: desenha uma primeira página, sem título [em quatro colunas], como queriam as autoridades, mas com um texto dramatizado tipograficamente. O silêncio mais clamoroso já registrado na imprensa do país". (Alberto DINES, org. 100 páginas que fizeram história. São Paulo : LF&N, 1997)


A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS (31b / 111)

Poemas escolhidos, de Gregório de Matos. Sel., int. & notas José Miguel Wisnik. São Paulo : Cultrix, 1976, 334p. [] "Na obra enorme de Gregório de Matos, desfigurada em parte pela sua má preservação, com todos os seus desvãos, suas lacunas e seus descompassos, fica certamente um saldo de problemas e de possibilidades que ultrapassa em muito os limites dos demais poetas do Brasil colonial, e que o fazem, seguramente, um dos poetas mais instigantes da nossa literatura. ... Além disso, o seu itinerário desloca efetivamente os eixos da poesia acadêmica, auto-satisfeita na sua própria retórica. ... a mobilidade insatisfeita da poesia de Gregório de Matos acaba sendo um sinal do seu melhor inconformismo" (Introdução, p.27). Há que notar: a seleção de poemas é a mais criteriosa possível.

Imagem-máquina; a era das tecnologias do virtual, de André Parente (org.). Rio de Janeiro : Ed. 34, 1993,300p. [] São muitos os ensaios, nesta seleção, que nos fazem refletir sobre as novas tecnologias do "fazer cultural", entre os quais As imagens de terceira geração, tecno-poéticas (por Julio Plaza), As imagens artísticas e a tecnociência (Frank Popper), Passagens da imagem: pintura, fotografia, cinema, arquitetura (Nelson Brissac Peixoto), Poeira nos olhos (Jean-Paul Fargier), Da produção de subjetividade (Félix Guattari), A imagem virtual mental e instrumental (Paul Virilio). Há também textos de Arlindo Machado, Rogério Luz, Jean-François Lyotard e outros. Apesar do considerável avanço das tecnologias virtuais, sob vários aspectos ainda é um livro para ser lido com a devida atenção crítica.

||||||||||||||||||||||

Não há livros morais ou imorais. Os livros são bem ou mal escritos. É tudo. (Oscar WILDE. A esfinge e seus segredos /máximas e citações/, por Marcello Rollemberg [org., trad. & apresentação]. Rio de Janeiro : Record, 2000, p.69)

10 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Moacy!
Mesmo um pouquinho atrasada deixo parabéns pelo aniversário do Balaio e pelo novo e merecido certificado que recebeu.
Perfeita citação de Oscar Wilde.
Ótimo dia pra ti e um 11 de setembro de paz nos quatro cantos do mundo. Beijo.

Anônimo disse...

Moacy,
Feliz, oportuníssima, a sua informação-lembrança do golpe que derrubou Allende, com o apoio dos States. Mas a lembrança do que sucedeu nos States, quase 30 anos depois, é um fato que só merece repúdio, porque ali morreram pessoas inocentes, certamente, muitas delas que se opunham ao governo desse inominável Bush. E mais uma foto bela, de grande expressividade. Um abraço.

midc disse...

caro moacy, acabo de ouvir na tevê q o "marquetingue" do sr bush ("moita") aconselhou o presidente não ir à cerimônia em nyc - pensei q a repórter tinha se enganado, q ela queria dizer "segurança"... depois, caiu a ficha: é marquetingue, mesmo, p continuar dando aos americanos e ao mundo um clima de insegurança generalizada e assim justificar as ações bizarras do nosso senhor das armas (bush, não laden).
[também citei o la moneda, hoje]
aconselha aí algo clássico - e não piegas - p ouvirmos durante a jornada,
abraços
midc

Fernanda Passos disse...

No alvo Moacy! Em vez de se debulhar em lamúrias pelo ocorrido em 2001 nos Estados Unidos, você fez uma comparação histórica. Nada mais evidente para fundamentar sua tese(quem com terrorismo fere com terrorismo será ferido).
Não existe País mais terrorista que os EUA, representado pela figura nefasta de Bush.
E a mídia conservadora não fala de todos os atos cruéis que eles proporcionaram na América com o financiamento das ditaduras, nem se coloca coerente frente ao avanço imperialista que fazem desde a última década do Século XX.
Ao Bush, meu desprezo.

Meneau (o insuportável) disse...

Moacy, essa lembrança do golpe dado no Chile foi bastante oportuna, já que a maioria dos "jornalões" só lembrou dos atentados de 2001.

Gregório de Matos, sempre atual e necessário : "Nesse mundo é mais rico o que mais rapa/ quem mais limpo se faz tem mais carepa [...] Mostra o patife da nobreza o mapa/ quem tem mão de agarrar ligeiro trepa". Um abraço

Anônimo disse...

Olá, meu querido...
Sim, andei meio tristinha, mas acho que a poesia resvalou pra esse campo mais triste também por causa das influências dos livros e filmes que estava vendo... Ou de tudo, talvez. rs
Mas estou bem, viu...
É sempre muito bom ter a sua visita no meu sítio...
Beijos mornos...

Jens disse...

Moacy:
Como disse o Meneau, é oportuna a lembrança do 11 de setembro do Chile. Do outro, jamais nos deixarão esquecer.

Anônimo disse...

Aliando-me ao Sobreira, não creio que quisestes fazer comparação dos dois fatos marcantes para a história da humanidade, como forma de fazer apologia à atitude criminosa e tresloucada dos responsáveis pelo onze de setembro mais recente. Até porque, creio fortemente na sua capacidade de individualizar as condutas dos maus governantes que, em sua maioria, deixam de representar a vontade dos seus governados. Contudo, muito valorosa a lembrança daquele outro onze de setembro, quando o Chile e o mundo perdeu um grande estadista, que morreu apenas por acreditar nas razões do socialismo.
Abraço carinhoso,
Suely Felipe

AB disse...

Eis a "Latinoamérica" que sabe mais a história do norte do que a própria...

Anônimo disse...

Grande Moacy, bom vê-lo e ao seu Balaio Incomun firmes, fortes, revolucionários e espirituosos, como sempre. Abraços IACS-ianos,