quinta-feira, 24 de janeiro de 2008


Poema concreto
de
Décio Pignatari
(1957)


BALAIO PORRETA 1986
n° 2214
Rio, 24 de janeiro de 2008


DRUMMONDIANA
Alice Ruiz
[ in Antonio Miranda ]

e agora maria?

o amor acabou
a filha casou
o filho mudou
teu homem foi pra vida
que tudo cria
a fantasia
que você sonhou
apagou
à luz do dia

e agora maria?
vai com as outras
vai viver
com a hipocondria

[ Cf. José, de Carlos Drummond de Andrade ]


A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS

Poesia pois é Poesia, de Décio Pignatari. São Paulo : Duas Cidades, 1977, 208p. [] Do verso à poesia concreta e a o poema semiótico: a explosão criativa do grupo Noigandres, uma das bases do concretismo literário entre nós (as outras são as vertentes produtivas de Wlademir Dias Pino e Ferreira Gullar). O que se vê aqui? O verso pouco usual de O carrossel (1950) e Rumo a Nausicaa (1952). E a poesia concreta propriamente dita: terra (1956), coca cola (1957), LIFE (1957), OrganismO (1960). Além de poemas francamente visuais como Cr$isto é a solução (1967), os ideogramas verbais (1968) e o D. Quimorte (1968). Há outras experiências, talvez menos significativas. Registre-se, de igual modo, a expressividade de seus poemas políticos: é o caso da antipropaganda da coca-cola. No fundo, o poema quer dizer: "Não beba coca-cola, que não passa de cloaca". E embora o cruzeiro tenha sido substituído pelo real, não se pode negar a atualidade de Cr$isto é a solução. Afinal, em nome de Cristo, alguns pseudo-religiosos enriquecem ilicitamente, explorando a ingenuidade e a boa-fé de muitos. Haja vista o exemplo da Igreja Universal do Reino de Deus. Haja vista o exemplo da igreja Renascer em Cristo.


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6 comentários:

Anônimo disse...

Esse poema do Décio é demais!

Beijos, Moacy!

benechaves disse...

Moacy: muito bom o poema concreto do Décio. Já o conhecia. E a aula na postagem anterior tá uma beleza.Entrecortando-se aqui o poema da Alice Ruiz e lá a bela imagem de Magritte.

Um abraço...

dade amorim disse...

Décio deixou uma obra que a gente não enfatiza o suficiente - coisas do tempo - e sempre é bom lembrar.
Vou ver o texto do Milton, gosto do que ele escreve.
Beijo.

Anônimo disse...

Olá Moacy, passei um tempo fora do ar e só agora vi que me colocou no seu Balaio. Me senti como um pinto saindo do ovo para ver o novo mundo, obrigada.

Anônimo disse...

Não sei de onde vem o asco que eu tenho por concretismo, mas achei a idéia da poesia legal.

Quanto à "Drummondiana", a coisa muda de figura... além de eu achar Drummond um poeta sem igual, a "intervenção" que fizeram na poesia dele ficou boa pacas.

Abraços!

Muadiê Maria disse...

Alice Ruiz! Bacana.