Sertões da Paraíba
Foto de
Lisbeth Lima
in
Flor de Craibeira
BALAIO VERMELHO 1986
n° 2208
Rio, 18 de janeiro de 2008
POEMA
de Ronaldo Santos
[ in 14 Bis. Rio, 1979 ]
um lance de dados jamais abolirá os doidos
um lance de doidos jamais abolirá os dados
AOS IMIGRANDES
de Lara de Lemos
[ in Dividendos do tempo. Porto Alegre, 1995 ]
Meus mortos estão guardados
em mim mesma.
Por isso não os procuro
em sepulturas.
Encontro-os
no labirinto dos sonhos
em longas noites
escuras.
POÉTICA
de Cassiano Ricardo
[ in Jeremias Sem-Chorar. Rio, 1964 ]
1
Que é a Poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
por todos
os lados
2
Que é o Poeta?
um homem
que trabalha o poema
com o suor do seu rosto.
Um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.
de Ronaldo Santos
[ in 14 Bis. Rio, 1979 ]
um lance de dados jamais abolirá os doidos
um lance de doidos jamais abolirá os dados
AOS IMIGRANDES
de Lara de Lemos
[ in Dividendos do tempo. Porto Alegre, 1995 ]
Meus mortos estão guardados
em mim mesma.
Por isso não os procuro
em sepulturas.
Encontro-os
no labirinto dos sonhos
em longas noites
escuras.
POÉTICA
de Cassiano Ricardo
[ in Jeremias Sem-Chorar. Rio, 1964 ]
1
Que é a Poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
por todos
os lados
2
Que é o Poeta?
um homem
que trabalha o poema
com o suor do seu rosto.
Um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.
A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS
Jeremias Sem-Chorar, de Cassiano Ricardo. Rio de Janeiro : José Olympio, 1964, 160p. [Adquirido em Natal, na Universitária, em agosto de 1964] Quem ainda lê o paulista Cassiano Ricardo nos dias atuais? Talvez seja a hora de se voltar para os seus inspirados versos; aqui, em alguns textos, francamente marcados pela influência da poesia concreta, em poemas como 'Translação', 'Gagarin' e 'A máquina e seus prefixos', quando o próprio verso é abolido. Na última página, algo me chama a atenção - algum amigo natalense escreveu em letras bem acabadas, sem especificação de data: "O melhor livro da poesia moderna do Brasil!" Parece ser a letra de Nei Leandro de Castro; preciso confirmar com ele. (Mas talvez seja a letra de Luís Carlos Guimarães, não sei.) E a opinião dada, pensando na produção poética brasileira até 1964, permanece inalterada? Talvez sim, talvez não. De qualquer maneira, trata-se de um belo livro, cujo autor se revela em versos como "Manhã fêmea, manhã gêmea./ Fruto para a minha fome/ que está na tua boca; pois/ na tua é que a minha come" ('Vidro duplo', p.70).
Jeremias Sem-Chorar, de Cassiano Ricardo. Rio de Janeiro : José Olympio, 1964, 160p. [Adquirido em Natal, na Universitária, em agosto de 1964] Quem ainda lê o paulista Cassiano Ricardo nos dias atuais? Talvez seja a hora de se voltar para os seus inspirados versos; aqui, em alguns textos, francamente marcados pela influência da poesia concreta, em poemas como 'Translação', 'Gagarin' e 'A máquina e seus prefixos', quando o próprio verso é abolido. Na última página, algo me chama a atenção - algum amigo natalense escreveu em letras bem acabadas, sem especificação de data: "O melhor livro da poesia moderna do Brasil!" Parece ser a letra de Nei Leandro de Castro; preciso confirmar com ele. (Mas talvez seja a letra de Luís Carlos Guimarães, não sei.) E a opinião dada, pensando na produção poética brasileira até 1964, permanece inalterada? Talvez sim, talvez não. De qualquer maneira, trata-se de um belo livro, cujo autor se revela em versos como "Manhã fêmea, manhã gêmea./ Fruto para a minha fome/ que está na tua boca; pois/ na tua é que a minha come" ('Vidro duplo', p.70).
7 comentários:
... Eu sempre tenho fome de vir aqui. bom demais! (Você já viu que o "Odisséia Banal" fez um lindo texto sobre a sua pessoa?)
gostei do Cassiano Ricardo.
Gostei muito, Moacy, do poema de Lara de Lemos. E quanto a Cassiano Ricardo, queria saber se você se lembra de um poema dele que fala em aves pousadas em fios de eletricidade, em que ele compara os fios a uma pauta musical. Não me lembro dos versos. Se for curto, você poderia transcrevê-lo? Já o procurei na Internet, mas não o localizei. Um abraço.
Moacy, muito bom o da Lara de Lemos - bah... muito bom mesmo, vou até procurar mais na net coisas dela. Indica algo?
abraço
Esta humanização do Cassiano é uma das coisas mais bonitas dentro dos poucos poemas que conheço.
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Não conhecia "Aos Imigrandes". Simplesmente fascinante.
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Abraço forte!
Belos poemas, meu caro Moacy.
Um abraço.
Moacy,
como ficou bonito o meu sertão paraibano no seu blog! Fica ainda mais lindo para quem traz o sertão dentro de si - como é o seu caso... as juremas e algarobas ficam mais verdes... e o sol? mais amarelo!
Um abraço, obrigada por ter postado uma foto minha, Lisbeth
lisbethlima.zip.net
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