sábado, 16 de fevereiro de 2008


Um filme, um cartaz:
Depois do vendaval,
de John Ford,
realizado em 1952,
o ano de
Cantando na chuva (Kelly & Donen),
A carruagem de ouro (Renoir),
Othello (Welles),
Matar ou morrer (Zinnemann),
Viver (Kurosawa),
A vida de O'Haru (Mizoguchi),
Umberto D (De Sica),
Cidade (Simak),
O velho e o mar (Hemingway)
e da revista Mad.


BALAIO PORRETA 1986
n° 2234
Rio, 16 de fevereiro de 2008


OS ÚLTIMOS FILMES (RE)VISTOS

Cotações:
*** (excelente); ** (ótimo); * (especialmente bom)

O barbeiro demoníaco da Rua Fleet * (Burton, 2007), no Arteplex/3
Em casa:
Depois do vendaval *** (Ford, 1952)
O homem que matou o facínora *** (Ford, 1962)
Três homens em conflito *** (Leone, 1966)


DIAGNósTICO (do meu PoEma)

Mario Cezar
[ in Coivara ]

inútil, como o esquecimento


LEITURA & LEITURAS

Vira e mexe, nacionalismo, de Leyla Perrone-Moisés.
Façamos, agora, algumas anotações do segundo capítulo do livro (Paradoxos do nacionalismo literário na América Latina), para possíveis reflexões:
"A imagem de uma América Latina única, pobre mas alegre, ignorante mas vital, é a que convém, justamente, ao olhar das culturas hegemônicas. Desde o Descobrimento, sempre nos vimos pelo olhar do Outro" (p.41);
"Como observa Octavio Paz: Em geral, a vida de uma literatura se confunde com a da língua na qual ela é escrita; no caso de nossas literaturas, sua infância confunde-se com a maturidade da língua. Nossos primitivos não vêm antes, mas depois de uma tradição de séculos. Nossas literaturas começam pelo fim" (p.42);
"De modo geral, o nacionalismo, para se afirmar, é purista: rejeita o outro e acaba por tender ao racismo. Um nacionalismo que reconhece e exalta a mestiçagem defronta-se com o problema da definição dos limites na acolhida na alteridade" (p.44);
"Em 1928, Oswald de Andrade propôs uma solução para o problema das influências estrangeiras, que consistiria, não na sua recusa, mas na sua incorporação deliberada. A metáfora usada foi a da antropofagia, prática comum entre os primeiros habitantes do Brasil" (p.45).


A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS

John Ford; aquele que procura (1894-1973), de Scott Eyman & Paul Duncan. Köln ; London; Los Angeles; Madrid : Taschen, 2005, 192p. [] A prestigiosa coleção da Taschen procurou se superar com o mestre do filme Depois do vendaval. E quase conseguiu. Os grandes espaços abertos do oeste americano encontraram lugar para uma filmografia dramática e épica, ora com John Wayne, ora com James Stewart. Qual o meu Ford preferido? Talvez A paixão dos fortes (1946). Talvez Rastros de ódio (1955). A verdade é que o cineasta americano, um dos maiores do cinema, tem sete ou oito obras-primas que me parecem indiscustíveis. Em tempo: na edição portuguesa, os títulos, muitas vezes são curiosos e/ou interessantes para os cinéfilos brasileiros. Assim, o clássico Stagecoach (no Brasil: No tempo das diligências) em Portugal se chama Cavalgada heróica.

6 comentários:

Francisco Sobreira disse...

Caro Moacy,
Só pelo lançamento dessas 4 obras-primas, o ano de 1952 foi excelente. Deve haver mais algumas obras-primas daquele ano, ou que bateram na trave. Uma observação - Talvez por erro de digitação, o nascimento de Ford apareceu como 1894, quando, na verdade, é 1895, por feliz coincidência o ano de nascimento do cinema. Grande abraço.

Marco disse...

Ontem fui ver "Sangue Negro", caro mestre Moacy. Falaram maravilhas do desempenho do Daniel Day-Lewis e eu fui conferir. Achei o filme bem mais ou menos. O Lewis está muito bem. Mas desempenho por desdempenho, gostei mais do Javier Bardem no "Não há lugar para os mais fracos" (muito bom filme, por sinal).
Sobre o seu post, maravilha. Gostei especialmente de rever o cartaz antigo do "Depois do Vendaval". Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.

Anônimo disse...

Você já deve estar por dentro das sessões de "cinema de arte" no Cinemark natalense. Depois de tais sessões, ultimamente, tem sido uma maravilha ir ao cinema. Já vi Lady Chatterley, Medos Privados em Lugares Públicos e outros, e outros... Viajamos para Buenos Aires em janeiro e vi duas obras-primas: 4 meses, 3 semanas e 2 dias + Jacquo de Nantes (da Agnes Varda em homenagem ao Jacques Demy)... Em terras argentinas procurei muito o doc clássico do Solanas, mas não encontrei.... Quando você vier por aqui, quero falar contigo - estamos de volta... Abraço

Jeanne Araujo disse...

Estou de volta e atualizei o blog. Obrigada pelas visitas por lá. bjos mestre!

Moacy Cirne disse...

SOBREIRA: O livro em questão, que é muito bom, aponta 1894 como o ano de seu nascimento. Fui conferir na internet: em 12 saites, sete indicam 1894; cinco, 1895, Mas os três dicionários de cineastas que tenho em caso apontam 1895. E agora? É possível que seja mesmo 1895... De qualquer maneiras, não foi erro de digitação, simplesmente baseei-me na obra de Eyman & Duncan. Um abraço.

Fábio François Fonseca disse...

Ha, John Ford é sublime! "The man who shot Liberty Valance" eu vejo e revejo sempre mais fascinado! "Stagecoach" é o desenvolvimento dramático mais surpreendente que já imaginei possível por entre correrias e tiroteiros com índios.

O trielo de "O bom, o mau e o feio" ainda me rende arrepios!

Ford e Leone levaram o gênero a tal virtuose que me viciaram, mesmo um faroeste meia boca me faz parar pra olhar. E quando é bem fraquinho mesmo, fico pensando como seria se tivesse sido feito por um destes gênios.