domingo, 17 de fevereiro de 2008


A volta de
SANDRA CAMURÇA
in
O Refúgio


BALAIO PORRETA 1986
n° 2235
Rio, 17 de fevereiro de 2008


A volta de
JEANNE ARAÚJO

Jitiranas

Há alguns dias
em que teu rosto me cobre,
me persegue nas ruas,
nas paredes do quarto.
Leveza de olhos
em meio a foices e vitrais.
Jitiranas ramificadas,
meus dedos em riste,
teus não abissais.


Memória 1977
A CENSURA NA ÉPOCA DA DITADURA MILITAR / 1
[ in Memória da Censura no Cinema Brasileiro]

Reprodução literal do Parecer 2495/77
sobre o filme Assuntina das Amérikas, de Luiz Rosemberg Filho:

Filme tendencioso, com cenas estanques e simbólicas, que com o propósito de mostrar a arte brasileira nos anos 70, desvirtualiza-se desse objetivo criticando e ironizando o sistema atual, através de cantos, diálogos e mensagens subliminares.
Toda a película, entremeada de músicas e danças, apresenta constantes cenas de nús, movimentos e posições eróticas, felação, homossexualismo e pornografia. Dentre deste contexto enfoca, ao mesmo tempo, pessoas ensanguentadas, amordaçadas a "flashes" de uma viatura policial, ouvindo-se na trilha sonora ruídos de sirenes, tiros de metralhadora e chicotadas. Agravando todas estas implicações, as músicas cantadas "exaltam o Brasil" num flagrante contraste com as sequências e situações expostas.
Com base no exposto acima, opinamos pela NÃO LIBERAÇÃO tendo em vista o que dispõe o Dec. 20493, art. 41, letras "c" e "o".

Brasília, 24 de junho de 1977
Aldmeriza Rike de Castro
Hellé Prudente Carvalhedo

Nota do Balaio:
Assuntina das Amérikas, segundo a nossa leitura, é um dos filmes mais emblemáticos realizados no Brasil nos anos 70. O parecer da censura, como geralmente acontece, seria ridículo se não fosse terrível.

2 comentários:

o refúgio disse...

!!!ADOREI!!!
Grata, Moacy.

Mas censura é uma bosta mesmo, fiquei a fim de ver o filme.

Beijos.

Jens disse...

Sandrix voltou. Mate-se um cordeio gordo e tragam os melhores vinhos!
***
É sempre bom lembrar o tempo das trevas, pra que as gerações mais novas conheçam e nós não esqueçamos. Falando nisto, por onde andará dona Solange? Descobrir o seu paradeiro e o que pensa dos tempos atuais seria uma boa reportagem - se é que ela já não partiu para o reino da trevas eternas, onde merece ficar - se isto (reportagem) ainda estivesse em moda no jornalismo pátrio. Hoje, como se sabe, a reportagem foi substituída pela militância política. Proselitismo puro.
***
Um abraço e um ótimo início de semana.