em Macaíba (RN),
nas proximidades de Natal
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AG Sued
in
BALAIO PORRETA 1986
nº 2324
Natal, 26 de maio de 2008
Utopias e distopias, além de nos forçar a construir mundos diferentes, nos ajudam muito mais a enxergar aquele em que vivemos com outros olhos. E isso não é nenhuma novidade. (Alex de Souza)
A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS
Livros fundamentais do Rio Grande do Norte (3)
Província submersa [1957], de Octacílio Alecrim. /Brasília :/ Instituto Pró-Memória de Macaíba/RN ; Senado Federal, 2008. 280p. [] O macaibense Octacílio Alecrim (1906-1968), no período 1948-1955, despontou como um dos maiores conhecedores da obra de Marcel Proust no Brasil. Neste sentido, ao que tudo indica, seus estudos Museu de literatura proustiana (1948), Proust e a província (1949), Em busca da Província perdida (1949) e Recriações da memória proustiana (1955), entre outros, devem ser reveladores. Esta segunda edição de Província submersa nos aponta para um intelectual consumado, cuja bagagem literária não se esgota no autor francês. E o livro se faz importante por vários motivos: pela recriação de sua infância, na Macaíba do início do século passado; pela releitura dos costumes da época; pelo levantamento de autores e pensadores que formavam, então, um insuspeito "museu imaginário da literatura brasileira e mundial" que se consumia no Estado. Acrescente-se, contudo, que boa parte desse hipotético "museu" foi modelado por sua larga vivência no Recife e, particularmente, no Rio de Janeiro. Mas, não importa; aqui, como em outros textos, o amor intelectual à terra e à cultura potiguares é mais do que evidente, a partir de um filtro proustiano de recordações & relembranças. Haja vista o seu final, reportando-se a uma infância/juventude "cheia de brinquedos típicos, de pretextos folclóricos e de costumes locais, e afetivo campo de experiência de minhas primeiras miudezas literárias, filosóficas e artísticas, através dos livros dos outros" (p.268): "Eis porque os verdadeiros personagens de Província submersa são a Memória, a Terra, os Episódios, as Idéias, os Escritores e os Livros" (p.268). Além do mais, nada mais exemplar do que a epígrafe da presente obra: "Un paradis perdu est toujours, quand on veut, un paradis reconquis" (Renan, Souvenirs), uma epígrafe que, por sinal, poderia ter a assinatura do mestre Proust. Enfim, estamos diante de um livro capital para a história das formações literárias do Rio Grande do Norte, dentro da vertente memorialística.
4 comentários:
Valeu, Moacy! Ainda essa semana, vou postar umas raridades seridoenses e, claro, você pode aproveitar para o famoso Balaio. Grande abraço.
O Boca vem aí, Moacy. O Boca! Brrr...
Lindas fotos! Lugares encantadores!
Pela sua indicação, parece ser coisa muito boa, mesmo! Carpe Diem.
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