segunda-feira, 28 de julho de 2008


Gaston Bachelard
(1884-1962),
uma das minhas principais referências culturais,
ao lado de Marx, Montaigne e poucos outros,
com quem tenho dialogado desde o final dos anos 60


BALAIO PORRETA 1986
n° 2382
Rio, 28 de junho de 2008


O conhecimento científico é sempre a reforma de uma ilusão.
(Caston Bachelard. Études /1932/, 1970)


RELENDO BACHELARD
SUAS OBRAS NOTURNAS

Os grandes livros, sobretudo, permanecem psicologicamente vivos.
Nunca terminamos de lê-los.
(A poética do devaneio [1960]. Trad. Antonio Danesi.
São Paulo: Martins Fontes, 1988, p. 72)

Ao lado de Lautréamont, como Nietzsche é lento, como é tranqüilo, como é familiar com sua águia e sua serpente! Um, os passos de dançarino; o outro, os saltos de tigre!
(Lautréamont [1939]. Paris: José Corti, 1974, p.11)

Aquilo que é puramente fictício para o conhecimento objetivo permanece ... profundamente real e ativo em relação aos devaneios inconscientes. O sonho é mais forte do que a experiência.
(A psicanálise do fogo [1938]. Trad. Maria Isabel Braga.
Lisboa: Estúdios Cor, 1972, p.42)

Toda poesia é começo.
(La flamme d'une chandelle [1961]. Paris: PUF, 1964, p.72)

Um amarelo de Van Gogh é um ouro alquímico,
ouro colhido de mil flores,

elaborado como um mel solar.
(O direito de sonhar [1943-1962, 1970].
Trad. José Américo Motta Pessanha.

São Paulo: DIFEL, 1985, p.27)

... a imaginação é um mundo. ... Se nossas observações parecem paradoxais, é porque se tornou paradoxal viver naturalmente, sonhar na solidão da natureza.
(A terra e os devaneios do repouso [1948].
Trad. Paulo Neves da Silva.
São Paulo: Martins Fontes, 1990, p.148, 151)

Alguns poderão perguntar: por que Bachelard, aqui e agora? Porque ele, para nós, continua sendo (re)leitura obrigatória, em particular no que se refere à aventura noturna da imaginação criadora, quer poeticamente, quer epistemologicamente. Mas há um motivo concreto para que o lembremos, hoje: a editora Contracampo acaba de lançar a tradução dos seus Estudos, com cinco ensaios preciosos, entre o dia e a noite. Ainda não a vimos, mas esperamos tê-la o mais breve possível, embora a edição francesa original faça parte de nosso acervo desde o seu lançamento, ou quase. Afinal, em se tratando de Gaston Bachelard, todos os livros, traduzidos ou não, são o núcleo central de uma "fraterna" e hipotética Biblioteca dos Sonhos. Se o pensador diurno de A formação do espírito científico (1938) e O materialismo racional (1953), por exemplo, é importante, mais importante - para os poetas e artistas, pelo menos - é o pensador noturno de obras como A água e os sonhos (1942), A poética do espaço (1957), A poética do devaneio (1960) e A chama de uma vela (961), entre outras.

3 comentários:

Anônimo disse...

escolhi O SER E O NADA, obrigada pela ajuda, bj

Anônimo disse...

Oi Moacy! Vi seu comentário lá no blog. Gostei da citação do Sartre. E Bachelard? É uma leitura que não posso perder mais! Estou sempre por aí conferindo suas novidades. Forte abraço!

Gilbert
narrarte.zip.net

3331988 disse...

depois dê uma conferida no meu blog. o seu já é uma referencia há um bom tempo pra mim. OK
klaus vog