sexta-feira, 1 de agosto de 2008


A onça pintada das matas brasileiras

Imagem Google


BALAIO PORRETA 1986
n° 2386
Rio, 1 de agosto de 2006

As transformações mais significativas só se deixam revelar
nos desdobramentos mais extremos.
(Fábio FRANÇOIS, in Odisséia Banal, 20 julho 2008)


ONÇA
Mauro Gama
[ in Zoozona. SP, 2008 ]

Hé...Aar-rrá...Aaáh
Guimarães Rosa


O crivo de luz e sombra
milênios a fio na mata
fez essa roupa mosqueada
esse seu tenro tapete
de suas próprias pegadas:
pé ante pé entre as folhas
e os olhos fundos do tato
a brasa viva dos olhos
ouvidos filtrando vidros
e mundos o faro em furos
e afagos um fio - mas quase
um silvo - do gosto de esquivas
caças o azul o verde as
negaças e laços do ar
sobre os pêlos e súbito
o fulvo estremecimento o
frêmito o brilho ríspido
de uma armadilha no vento
e garras e dentes repentes
a raiva rápida os ruivos
riscos rabiscos faíscas na selva
- que se resolve nos antros brancos
dos cometas e poetas - um vão
de luz sob o orvalho e o trabalho
de uma caneta na mão.

Lançamento:
Zoozona,
edição d'A Girafa, de São Paulo,
será lançado no Rio
n'A Travessa, de Ipanema,
no dia 14 de agosto, a partir de 19:30h.
Nota:
Mauro Gama, que participou da Instauração Práxis, nos anos 60, é o autor de Corpo verbal, Anticorpo e Expresso na noite.

6 comentários:

Anônimo disse...

valeu pelo comentário no meu blog, e espero que sua previsão se concretize. grande abraço!

klaus vog

3331988.blogspot.com

Anônimo disse...

Quanta honra receber a visita desse ilustre seridoense, poeta que admiro.
Também sou do seridó , pras bandas mais de cá, ( no referencial da capital), sou da princesa, sou de Currais. Sempre via seus comentários nos blogs de amigos como Iara, Wescley, já vim ao balaio algumas vezes me deleitar em suas palavras. Prometo mais visitas, espero com vontade as suas.
Um abraço,

Adélia Danielli.

Anônimo disse...

Quanta honra receber a visita desse ilustre seridoense, poeta que admiro.
Também sou do seridó , pras bandas mais de cá, ( no referencial da capital), sou da princesa, sou de Currais. Sempre via seus comentários nos blogs de amigos como Iara, Wescley, já vim ao balaio algumas vezes me deleitar em suas palavras. Prometo mais visitas, espero com vontade as suas.
Um abraço,

Adélia Danielli.

Fábio François Fonseca disse...

cara, que boa companhia estou aqui, este poema é uma epifania do ausente deus da selva! lindo demais!

Dilberto L. Rosa disse...

Em temposd e "refazenda" com reprises novelísticas, nada melhor que lembrar a onça em verso, prosa e imagem (belíssima!), rs! Abraço, meu caro!

P.S.: a foto não é minha, mas de um colega, que acabou ficando sem o devido crédito...

Maria Maria disse...

Moacy, o espartilho tem o perdão das palavras nuas. Beijos