segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Cabeça de uma ninfa
SOPHIE ANDERSON
(1823-1903)


BALAIO PORRETA 1986
n° 2748
Natal, 10 de agosto de 2009

Na Bíblia Hebraica, Davi é um novo tipo de homem, tanto quanto o seu descendente Jesus, no Novo Testamento grego. Hamlet demarca um terceiro novo homem, secularizado e destrutivo.
(Harold BLOOM. Hamlet - Poema ilimitado, 2003)


O LIVRO DOS LIVROS
(ST, 12)

As epístolas paulinas

E Paulo Rupestre de Tarso, nascido na Cidade dos Reys, 58 anos depois da morte do Senhor da Cruz, tendo se convertido às ideias cristãs após ter visto a teóloga mossoroense Jeanne Moreau numa interpretação cênica da tragédia Os amantes do Rio Seridó, e preocupado com a expansão e consolidação do cristianismo, escreveu para o cardeal Muirakytan Macedo, de Caicó:

"Caríssimo irmão seridoense,
"Não me envergonho do Evangelho e da minha admiração pela teóloga Jeanne Moreau. E por que não me envergonho? Porque a justiça do Altíssimo se descobre Nele, de fé em fé, como está escrito: o justo porém vive da fé(¹), e é pela fé que nós nos desnudamos e nos descobrimos".

E depois, coisa de cinco meses, Paulo Rupestre de Tarso escreveu para o bispo Francisco de Assis, de Jardim do Seridó:

"Caríssimo irmão em Cristo,
Louvemos a beleza e a inteligência de nossas mulheres. Saudemos a natureza selvagem de nossas estradas fluviais. Admiremos a religiosidade exemplar de nossa povo. Honremos a bravura de nossos homens. Cantemos mais e mais a gloriosa história de nossos valores e tradições".

E depois, sempre preocupado com a expansão das ideias do Senhor da Cruz, escreveu para o teólogo Sebastião Vicente, de Parelhas:

"Caríssimo irmão seridoense,
Acaso desprezas as riquezas da bondade e paciência do Altíssimo? Ignoras que a benignidade do Justíssimo te convida à penitência?(²). Ignoras, por acaso, que um dia o Boqueirão(³) sangrará com a fúria dos deuses? Que a tua fé alimentará a prática esportiva do vibrante Centenário?"

E depois, mais fervoroso do que nunca, Paulo Rupestre de Tarso, escreveu para o monsenhor Paulo Balá, de Acari:

"Caríssimo irmão em Cristo,
Jutificados pela fé, tenhamos paz e esperança com o Altíssimo, assim como tenhamos a confiança das mulheres seridoenses por meio do Senhor da Cruz. A nossa esperança será a nossa glória; a nossa fé será a nossa alegria; a nossa força de vontade será a nossa Igreja santificada".

E depois, temente ao Altíssimo, o clemente, o consciente, escreveu para João Quintino, de São João do Sabugi:

"Caríssimo irmão seridoense,
Se vós viverdes segundo a carne e os modismos do mundo material morrereis para todo o sempre; mas se vós pelo espírito e pela sabedoria fizerdes morrer os pecados da carne e do orgulho e da inveja viverás eternamente. Afinal, somos filhos e herdeiros do Altíssimo".

E depois, logo a seguir, Paulo Rupestre de Tarso escreveu para o arcebispo Romário Gomes, de São José do Seridó:

"Caríssimo irmão em Cristo,
"Não matarás. Não furtarás. Não darás falso testemunho. Não brincarás com os xibius alheios. Não falarás mal das coisas do Seridó. Elogiarás os açudes, os açudecos, os rios, os poços de tua terra. Amarás a teu próximo como a ti mesmo, pois o amor ao próximo não faz mal a ninguém".

E depois, por fim, em pleno inverno, escreveu para o cardeal Clóvis Medeiros. da Irmandade do Sagrado Coríntians(ª), de Caicó:

"Caríssimo irmão corintiano,
Respeitai os sampaulinos e também os tricolores, os esmeraldinos, os celestes, os colorados, os abecedistas, os americanos, os africanos, os asiáticos, os europeus, os árabes, os palestinos. Rogo a todos que não haja entre vós cismas ou brigas de torcidas. Porque o Evangelho é um só".

Capítulos finais:
13. As confissões de Santo Agostinho de Acari
14. E o Senhor das Alturas despertou
15. O Apocalipse

Notas:

(¹) Cf. Ep Rom 1, 16, Ant P Fig. Há controvérsias sobre a verdadeira identidade da mossoroense Jeanne Moreau: afinal, seria atriz ou teóloga, ou uma atriz teóloga? Também se discute se ela seria ou não da família Rosado do Oeste (o francesismo de seu nome parece indicar que sim).
(²) Cf. Ep Rom 2, 2-4, Ant p Fig.
(³) O Boqueirão é o maior açude do Seridó.
(ª) Em 1968 da Era Comum, a Irmandade em questão transformou-se em Clube Atlético Coríntians, dedicado à prática futebolística (sendo o primeiro clube do interior, em 2001, a conquistar o título de campeão estadual). Não confundir com o Corínthians, tradicional agremiação esportiva do Sul Maravilha, de origem paulistana. Os teólogos Sinval Itacarami e Juca Kfouri, da capital paulista, Tom Zé, da Bahia de Todos os Santos, e Marcius Cortez, da Capitania do Ryo Grande, reconhecem, como adeptos do corinthianismo, a veracidade da informação aqui contida.

7 comentários:

Marcelo Novaes disse...

Moacy,



São Paulo mantém sua saudável dicção exortatória, alertando para o que importa alegar. Como jádizia ele, em outra carta apócriga, que vem sendo matida viva em nossas memórias:"Vou fazer a louvação, louvação, louvação, do que deve ser louvado, ser louvado, ser louvado". Concluí, após muitos me debruçar em Seu Paulo, que as repetições exercem um efeito persuatório-persecutório equivalenete à sua contumaz abertura: "caríssimo"(s). Esta , por si só, faz o coração de muita gente fibrilar, como o sol tremula nas águas rupestres dos açudes de baixa profundidade, e de baixa salubridade...


Abraços,










Marcelo.

BAR DO BARDO disse...

So, so!...

Unknown disse...

Oi Moacy!

Sempre tive preguiça de ler essas cartas epistolares, mas li, e tal qual Marcelo percebi a oratória repetitiva, que chama a atenção.


Adorei esse São Paulo que você criou. Ele gosta das mulheres e do futebol!

Pelo visto, está perto de acabar o Livro dos Livros.

Muito bom!
Só você, criativo escriba!

Beijos

Mirse

Dora disse...

A melhor "epístola", a mais criativa, a mais inspirada é a de Paulo ao " caríssimo irmão corintiano". Grande sacada! rs
Dos "Coríntios" descendem os corintianos...Tá certo!
Dos times de futebol, passa-se para o mundo: americanos, africanos, e entra-se no disputa" "árabes e palestinos".
Excelentes epístolas paulinas.
E a "ninfa" é muito linda, né, não?
Beijos!!
Dora

João Quintino disse...

Maravilhosa epístola, Moacy. Mas indago porque só "nosco" estamos leigos, despidos das glórias eclesiásticas; logo "nosco" que quase fomos ao seminário? Abraço!

Anônimo disse...

Moacy,
querido amigo de saturno!
Vc acredita que eu, pessoa quase normal, imprimi seu evangelho e levei para o padre da minha paroquia ler.
Sabe qual foi a reação?
Quase morreu de rir.
Bjs.

Tobias disse...

kkkkkkkkk

Macho véi, num tem parêa não, pra essa sua versão do Livrão(s). Melhor que a Septuaginta, melhor que a St. James, muito melhor... "Amarás a teu próximo como a ti mesmo, pois o amor ao próximo não faz mal a ninguém" - o real sentido da coisa, perdido em algum lugar entre o aramaico, o grego, o latim e o seridoense - mermo na encruzilhada!

Saudações