Mulher mukubal
(Angola)
Foto de
José Pinto 'Tonspi'
[ in Cores & Palavras ]
BALAIO PORRETA 1986
n° 2811
Natal, 14 de outubro de 2009
Uma mulher Mukubal é tão bela como a Vénus de Milo
o que há é pouca gente para dar por isso.
Depois de onze girassóis florindo Novembro
ainda há pouca gente para dar por isso
e uma mulher Mukubal é mais bela que a Vénus de Milo.
(Namibiano FERREIRA. Adulterando Alvaro de Campos,
in Ondjira-Sul)
(Angola)
Foto de
José Pinto 'Tonspi'
[ in Cores & Palavras ]
BALAIO PORRETA 1986
n° 2811
Natal, 14 de outubro de 2009
Uma mulher Mukubal é tão bela como a Vénus de Milo
o que há é pouca gente para dar por isso.
Depois de onze girassóis florindo Novembro
ainda há pouca gente para dar por isso
e uma mulher Mukubal é mais bela que a Vénus de Milo.
(Namibiano FERREIRA. Adulterando Alvaro de Campos,
in Ondjira-Sul)
Recomendamos especialmente
VI UMA FOTO DE ANNA AKHMÁTOVA
de Fernando Monteiro
(Recife: Fund. Cult. Cidade do Recife, 2009)
Um fragmento do (longo) poema:
Vi essa mulher, com meus olhos cegos.
Vi sua vontade de morrer,
um lenço diáfano de gaze
sobrevoando as pombas cansadas
dos pés da viajante calçando sapatos
fora de moda nos pés suados,
a flor parda do sexo protegido
pela calcinha de lã costurada,
a fronte sob os fios negros do desespero,
os ombros na neblina,
a janela tão alta que parecia abrir
para a primeira neve de silêncio.
Você já viu a neve?
E o que vem a ser essa interrupção da carícia
em progressão indecente no ventre
de uma russa morta?
A receita para enlouquecer um poema,
por versos fora do trilho da lógica harmoniosa
dos poetas laureados pelo Kremlin
em detrimento dos cantores descalços
entre os amieiros.
A forma de esmagar os pequenos bardos esquecidos,
os laterais mestres menores de uma arte
agora sem lugar até onde eu posso ver,
aqui e em todos os lugares
nos quais já não importe dizer
da forma mais casual:
vi uma foto da Akhmátova...
VI UMA FOTO DE ANNA AKHMÁTOVA
de Fernando Monteiro
(Recife: Fund. Cult. Cidade do Recife, 2009)
Um fragmento do (longo) poema:
Vi essa mulher, com meus olhos cegos.
Vi sua vontade de morrer,
um lenço diáfano de gaze
sobrevoando as pombas cansadas
dos pés da viajante calçando sapatos
fora de moda nos pés suados,
a flor parda do sexo protegido
pela calcinha de lã costurada,
a fronte sob os fios negros do desespero,
os ombros na neblina,
a janela tão alta que parecia abrir
para a primeira neve de silêncio.
Você já viu a neve?
E o que vem a ser essa interrupção da carícia
em progressão indecente no ventre
de uma russa morta?
A receita para enlouquecer um poema,
por versos fora do trilho da lógica harmoniosa
dos poetas laureados pelo Kremlin
em detrimento dos cantores descalços
entre os amieiros.
A forma de esmagar os pequenos bardos esquecidos,
os laterais mestres menores de uma arte
agora sem lugar até onde eu posso ver,
aqui e em todos os lugares
nos quais já não importe dizer
da forma mais casual:
vi uma foto da Akhmátova...
FORMA
Adriel Ferraro (Argentina)
Trad. Luís Carlos Guimarães
[ in 113 traições bem-intencionadas, 1997 ]
Um estranho monograma de cinza
sobre a pele do dia imperdível.
O tédio é uma longa memória humilhada
e o outuno
uma lâmpada em ruínas repartida,
derramando horizonte em seu assédio de cobre.
Apenas tu,
que nasces à esquerda da chuva,
podes fundar a forma melodiosa do ar.
GISELE
Henrique Pimenta
[ in Bar do Bardo ]
Gisele: se teu nome corresponde
a tudo que imagino para mim,
floresça nestes sóis que existem onde
deliro com o desejo de meu fim:
o fim de um egoísta que se esconde
no espelho de teus olhos porque, assim,
meu ego se elimina, pois responde
ao jade que judia com jazmim:
aroma que tateia tua pele
em golpes e mais golpes de... OM NAMO:
humana devoção por que nos sele
no sempre do que temo e do que tramo
à senha de teu nome e, então, Gisele,
que eu possa confessar, enfim: te amo.
Adriel Ferraro (Argentina)
Trad. Luís Carlos Guimarães
[ in 113 traições bem-intencionadas, 1997 ]
Um estranho monograma de cinza
sobre a pele do dia imperdível.
O tédio é uma longa memória humilhada
e o outuno
uma lâmpada em ruínas repartida,
derramando horizonte em seu assédio de cobre.
Apenas tu,
que nasces à esquerda da chuva,
podes fundar a forma melodiosa do ar.
GISELE
Henrique Pimenta
[ in Bar do Bardo ]
Gisele: se teu nome corresponde
a tudo que imagino para mim,
floresça nestes sóis que existem onde
deliro com o desejo de meu fim:
o fim de um egoísta que se esconde
no espelho de teus olhos porque, assim,
meu ego se elimina, pois responde
ao jade que judia com jazmim:
aroma que tateia tua pele
em golpes e mais golpes de... OM NAMO:
humana devoção por que nos sele
no sempre do que temo e do que tramo
à senha de teu nome e, então, Gisele,
que eu possa confessar, enfim: te amo.
15 comentários:
É, Moacy, a mulher negra, quando é bonita, é mais do que a branca. Um abraço.
Moacy,
Gostei dessa seleção que fizeste sobre as mulheres...A beleza da mulher negra é incomum, e o Henrique Pimenta apaixonado merece,rs
Moa, que foto linda! Os poemas também. Mas destaco o soneto do Henrique Pimenta, que está incrível.
beijo
A Gisele merece muito mais. Por enquanto, um sonetinho...
!ojieBeijo!
eu tenho o livro da anna akhmátova, preciso ler. é q é gde e eu gosto de carregar os livros onde vou. beijos, pedrita
Vou repetir o que eu disse lá no bar do bardo: ai, ai, ai...
beijo Moacy!
O poema do Henrique tá um bardo só de lindo!
E essa foto? Que lindeza!
Grata pela generosidade do comentário lá na minha Janela!
Beijos...
Esse post está especialmente poético... bjs, querido.
A beleza está onde a gente procura, nem tudo nasce belo mas pode ficar.
↓
Gisele ← tem,
Pimenta revelador!
Abraços!
eu fico comovida com declarações de amor. que coisa mais bonita e, pena, tão rara.
e ó, te falar, visse, antes de lê a gente fica pelo menos meia hora babando ali no topo da página. com isso já foi quase todo meu tempo (lê-se dinheiro) na lan house. ai, preta pura, meu sonho mais dourado... que forma zizuis, que forma.
um beijo atordoado, moacy.
Bela, a mulher Mukubal. Basta ter olhos de ver e sentir.
Um abraço.
Mestre querido,
Que linda foto, mulher negra na sua mais plena exuberância. Deu-me vontade de desenhar. Desenhei poucas mulheres negras até agora. Algo que preciso fazer. Venho pensando há tempos em fazer e por coinscidência chego no Balaio e vejo essa foto linda.
Beijos carinhosos
Belos poemas, foto magistral...
O sorriso de uma mulher negra é inigualável.
Carpe Diem.
nem sei como é que elas aguentam ter as "mamas" amarradas deve duer e belos poemas
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