quinta-feira, 21 de junho de 2007


Continuamos virtualmente no Rio Grande do Norte:
agora é a vez de Pirangi do Sul, nas proximidades de Natal,
em foto de Alex Uchoa
(muitas são as deslumbrâncias das praias nordestinas).


BALAIO PORRETA 1986
nº 2042
Rio, 21 de junho de 2007


RECOLHIMENTO
de Lisbeth Lima (RN)

Quando entro numa igreja,
uma igreja entra em mim.


A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS
666 livros indispensáveis (20c / 111)

O ofício de viver [1952], de Cesare Pavese. Trad. Homero Freitas de Andrade. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1988, 412p. [] Provavelmente, o mais denso e desesperado diário escrito no século XX, abarcando o período 1935-1950. São anotações terríveis, dilacerantes, grávidas de angustialidades. Vejamos, aleatoriamente: "O maior erro do suicida não é o de se matar, mas o de pensar nisso e não agir" (p.53); "Há uma coisa mais triste que envelhecer: é permanecer criança" (p.70); "A arte de viver é a arte de saber acreditar em mentiras" (p.77); "A solidão verdadeira, isto é, sofrida, traz em si o desejo de matar" (p.89); "Na pausa de um tumulto passional - hoje - o último? - renasce a vontade de poesia. Na lenta agonia de um silencioso colapso nasce a vontade de prosa" (p.92). Ou ainda: "Eu passava a noite sentado diante do espelho para fazer companhia a mim mesmo". Pavese suicidou-se no dia 27 de agosto de 1950. Suas últimas palavras no Diário datam do dia 18 de agosto: "Basta um pouco de coragem./ Quanto mais a dor é determinada e precisa, mais o instinto da vida se debate, e cede a idéia de suicídio./ ... Tudo isso dá nojo./ Não palavras. Um gesto. Não escreverei mais" (p.410).

História da linguagem [1969], de Julia Kristeva. Lisboa: Edições 70, 1974, 458p. [] Sob o signo da relação estruturalismo/psicanálise/marxismo, com todas as suas complexas mediações filosóficas, este livro, de clareza ímpar para os padrões ensaísticos de então, marcou época entre os jovens universitários dos anos 70. A própria Julia Kristeva era um ícone para aqueles, como nós, que se preocupavam em estabelecer as bases materialistas da semiologia tendo como referência crítica a teoria marxista. Como eram também ícones, por exemplo, Althusser, Macherey e Badiou, além, claro, de Marx, Engels e Lênin. Alguns dos temas, aqui trabalhados, são indicadores de sua importância no contexto cultural vivenciado por muitos: A materialidade da linguagem, A linguagem da história & a linguagem como história, A lingüística estrutural, A prática da linguagem (a partir dos oradores clássicos). Afinal, é preciso dizê-lo, "a linguagem é antes de tudo o mais uma prática" (p.387). Entenda-se: "O reinado da linguagem nas ciências e na ideologia moderna tem como efeito uma sistematização geral do domínio social" (p.454).

7 comentários:

Patrícia Gomes disse...

Obrigada pela espécie de anunciação e de pela forma calorosa como anunciou-se..
Espero que volte sim, sempre...Assim como voltarei, pois gostei dessas viagens que fiz por aqui!! ;o)
Abraços!!!

Patrícia
[almadomeusonho.blogger.com.br e estadodelitio.blogspot.com]

Anônimo disse...

Moacy,
há coisa melhor do que estar no Balaio? Obrigada por eu ser a escolhida de hoje...
Parabéns pela sequência de fotos sobre o RN! Elas enchem nossos olhos com a "beleza natural".
Um abraço, Lisbeth

Jens disse...

Moacy:
Bela a foto.
***
Obrigado por me apresentar a Cesare Pavese e seu Ofício de Viver. Porrada. Vou vasculhar os sebos para ver se o encontro.
Um abraço.

Jens disse...

PS: Parabéns pela participação no programa do Observatório da Imprensa na terça-feira passada.

Francisco Sobreira disse...

Moacy, Pavese era desses criadores, que há em todas as artes, dominados pela náusea, o tédio, a angústia. A vida para ele era uma tortura. Agora, discordo do pensamento dele contido na frase "pior do que envelhecer é permanecer criança". Acho que permanecer criança é que nos salva das agruras, das vicissitues da vida. Enfim, uma maneira de não achar a vida, em alguns momentos, difícil de suportar. Um abraço.

Anônimo disse...

Boa noite, Moacy!
recebi sim os dois comentários que fez no meu blog Estado de Lítio e concordo com vc com relação ao trabalho da Maria Flores, a foto com as garrafas. É muito criativo e bem feito o trabalho dela!
Fico também feliz que tenha gostado das minahs poesias, é muito bom quando temos o trabalho reconhido, não?!
Obrigada!
Abraços
Patrícia

Sonia Sant'Anna disse...

Casa nova pede visita. Aqui estou.