terça-feira, 14 de agosto de 2007


Com a foto de Antonio Más Morales,
Casti, em Teia de Palavras,
abre as portas do saber para Rabindranath Tagore:
"Não faço perguntas.
Tenho medo das respostas que já sei".


BALAIO PORRETA 1986
nº 2090
Rio, 14 de agosto de 2007



PREDESTINAÇÃO
de Ascenso Ferreira (PE)
[ in Xenhenhém, 1951 ]

- Entra pra dentro, Chiquinha!
Entra pra dentro, Chiquinha!
No caminho que você vai
você acaba prostituta!

E ela:
- Deus te ouça, minha mãe...
Deus te ouça...


PARA QUE LEIAS
de Acantha (SP)
[ in La Vie Bohème ]

Calo minha boca
no teu corpo
enquanto pulsas.
Febre e voragem
sons e vertigem.


A PEDRA E A FALA
de Bosco Sobreira (CE)
[ in Politicamente Incorreto ]

uma pedra
não é breve como
um pássaro

nem tão eterna
como o homem
e sua fala

(uma pedra
a gente cala
com mão cola
gravidade

uma fala
não se pedra
não se perde
não se cala)

a fala
é a pedra redimida


UMA RECOMENDAÇÃO BOROGODOSA

Cartas da praia, de Helio Galvão. Natal : Scriptorin Candinha Bezerra; Fundação Helio Galvão, 2006, 404p. Il. [] Reunião de três livros excelentes do historiador e etnógrafo Helio Galvão, um dos mais refinados estilistas do Rio Grande do Norte, livros esses originalmente publicados nos anos 60 e 70 do século passado. Sobre as gentes, os costumes, os vocábulos e as danças e pescarias de Tibau do Sul. "Este livro contribui para fazer permanecer a geografia humana de Tibau do Sul numa perspectiva fundadora. A coleta etnográfica procedida por Helio Galvão registra falas, gestos e saberes de amigos pescadores que, no espaço diacrônico do tempo, sofreram reelaborações dentro de um progresso destacador experimentado pela comunidade local" (Dácio Galvão).

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Existe coisa mais verdadeira que a verdade? Sim, a lenda. Ela é que dá sentido eterno à verdade efêmera. (Nikos KAZANTZAKIS. Relatório para Greco, 30, in Dicionário universal de citações, de Paulo Rónai, p.544-5)

10 comentários:

Anônimo disse...

Chaves e corpos, pedras e falas, lendas e Nordeste, Tagore... Alimentos preciosos que o Balaio nos traz hoje.
Dia bom pra ti, Moacy. Beijo.

Francisco Sobreira disse...

Expressiva foto, Moacy, o que já se tornou rotina (uma boa rotina) nas que você coloca. Essa frase de Kazantzakis me fez lembrar daquela de "O Homem que Matou o Facínora". Um abraço.

Fernanda Passos disse...

A poesia de Bosco já conhecia. Um poeta que estabelece uma relação da palavra com a pedra como ele fez, certamente é um exímio manipulador de sentidos(no bom sentido).
E a de Acantha é belíssima, poemas sensuais me fascinam.
Aliás, o Balaio sempre me fascina com as coisas boas que você trás e que me deleitam os olhos, os sentidos.
Muito bom te ver sempre por meu canto. Me sinto honrada.
Um beijo.

Anônimo disse...

Obrigado, meu caro Moacy, por mais essa generosidade.
Forte abraço.

Ana Ramiro disse...

uau, Moacy! Quanta coisa boa neste Balaio...lerei com interesse e atenção. Passo para te agradecer a visita ao Girapemba e deixar um abraço. Acreditando na ponte, Ana

Anônimo disse...

Mestre Cirne, balaio caprichado e sempre uma mescla de prazer, surpresa e informação... Danado de bom!

bjão,
Casti

Anônimo disse...

Hélio Galvão? Muito prazer.

Cada vez acredito menos nas expressões da verdade verdadeira para abraçar as verdades ficcionais...

Ah, as 7! Deixa eu pensar!

Abraço.

Anônimo disse...

OLÁ MOACY,
Gostei demais, adorei os poemas, as poesias. É um prazer vir aqui.
Grande abraço

Anônimo disse...

OLÁ,
é por causa da chave, quando a figura foi descendo pensei 'o mistério de tudo é uma chave'.
Do caralho!
beso

Jens disse...

A Acantha é 10. Não, 1000.