terça-feira, 15 de abril de 2008


O açude Itans, em Caicó,
em foto recente de
Thaís Moreira


BALAIO PORRETA 1986
n° 2286
Rio, 15 de abril de 2008



POEMA de
Maria Maria
[ in Espartilho de Eme ]

Os açudes dançam a colheita futura e eu me festejo com flores mornas.

Eu me celebro como os ramos de jurema que se deitam sobre as águas.


SERRAS DA DESORDEM

Ontem à noite, em sessão especial no Odeon, finalmente vimos o mais recente trabalho de André Tonacci: Serras da Desordem (2006), baseado em fatos reais vividos por Carapiru, índio da etnia Awa-Guajá. Os atores são os próprios personagens da história narrada, entre a ficção e o documentário. Para dizer o mínimo: um filme impactante. Diremos mais: sob vários sentidos, um filme extraordinário. Como poucos, na história do cinema brasileiro. Como poucos, na história dos últimos 10 ou 12 anos do cinema mundial. No próximo sábado, ou no sábado seguinte, procuraremos analisá-lo, aqui, nem que seja superficialmente.


VASTO MUNDO DO HUMOR
Valério Mesquita

[ in Tribuna do Norte ]

O neovereador Antônio Borracheiro passou constrangimento ao tentar pagar suas compras com um cartão de crédito. Procurou, inicialmente, resolver a situação via telefone. Do outro lado da linha, uma voz feminina, carregada de sotaque sulista, interroga: “Qual o problema, senhor?”. Antônio: “Ói, aqui é de São Gonçalo, o causo é...”. “Por favor, senhor”, interrompe a moça. “É do estado do Rio?”. “Quê?”, rebate Antônio. “Nós temos dois rios. O Potengi que tá poluído e o Golandim que tá quase morto”. E continuando: “Mais eu quero é falar do meu cartão mastacar que não tá passando aqui pra pagar uma feirinha bem pixititinha”. “Desculpe, senhor. Eu sei de um São Gonçalo no estado do Rio de Janeiro, esse outro, onde fica?”. “Mas tá?”, surpreende-se Antônio. “Fica aqui, menina! Eu tô montado na minha motoca no centro da cidade”. Para desgosto do borracheiro-vereador, a linha caiu. Para ela tudo não passou de um cruzamento geográfico.

Nota do Balaio:
O vereador em questão referia-se a São Gonçalo do Amarante, cidade a poucos quilômetros de Natal. A crônica completa de Valério Mesquita apresenta quatro "causos"; só publicamos o primeiro.

6 comentários:

Maria Maria disse...

Obrigada pela divulgação via balaio. E que linda imagem do Itans, viu? Beijos Maria Maria

Jens disse...

"Ó mana deixa eu ir
Ó mana eu vou só
Ó mana deixa eu ir para o sertão do Caicó
Eu vim aqui com uma aliança no dedo
Eu aqui só tenho medo de mestre Zé Mariano
Mariazinha botou flores na janela
Pensando em vestido branco
Céu e flores na capela.
Ó mana..."
***
Moacy, cada vez que vejo uma referência a Caicó no teu blog lembro desta música, gravada pelo Milton. Onde? Não lembro agora: Geraes ou Nascimento - acho que no último? Seja como for é uma coisa bela e dolorida, assim aprendi a imaginar o sertão - Caicó.
Acho que a música deve ser adaptação de alguma cantiga popular. Será? Com a palavra você, o especialista. (Mas se ficar mudo, tudo bem, hehehe...).
Um abraço

Moacy Cirne disse...

Caro Jens: a música em questão é tema folclórico da região seridoense no lado paraibano (sim, o Seridó se estende pela Paraíba), aproveitada por Villa-Lobos em suas "Bachianas n° 4". Milton Nascimento a gravou magistralmente no disco "Sentinela". Mas antes dele, e bem depois de Villa-Lobos, o cineasta Linduarte Noronha já a tinha usado no belo curta "Aruanda", de 1959/60. Um abraço.

Jens disse...

Amigo, valeu a explicação. Veja só, folclore do sertão do Seridó, com tintas paraibanas, aproveitado por Villa-Lobos, Milton e escutado por ouvidos sensíveis aqui em POA, no extremo sul do país. Que doideira, que coisa bela, que puta interação, já nos anos 80 (sem internet, que só usei, agora, para esclarecer aspectos que uma edição mais apurada do disco do Milton - indicando as fontes - poderia esclarecer naqueles belos encartes).
***
Dizer o quê? Porrada, camarada.
No mais,
"Eu vi a fumaça da pólvora, eu vi a corneta bradar
Eu vi Antônio Conselheiro
lá alto do tambor
Com 180 praças e à favor da monarquia."
***
Abraço.
(Como diz a Mariana Timm: pai tu e teus amigos são uns coroas exibidos . Brindemos a isto. Velhos safados e geniais!)

Anônimo disse...

Muito BONITA essa foto heim?? Quando tiramos essa FOTO LINDA lembramos de VOCÊ!!

Beijos!!

Anônimo disse...

Moacy, fui eu que escrevi o comentário acima.

Thaís Miranda