domingo, 4 de janeiro de 2009


A beleza da imagem
(Fonte: Reuters)
não esconde a sua crueza:
um tanque israelense
a caminho da Faixa de Gaza.
Lamentavelmente.


BALAIO PORRETA 1986
n° 2526
Rio, 4 de janeiro de 2009


Eis como estão as coisas em Israel: opor-se à paz é sempre atitude legítima e patriótica; opor-se à guerra é traição, atitude antipatriótica e atitude que deve ser combatida.
(Gideon LEVY, jornalista israelense, in Carta Maior)


TRAMA
Dyrce Araújo
[ in Pecado imortal, 1985 ]

No côncavo
Das mãos
A teia que te prende:
Temo que fujas
Pelo fio do pensamento.


POEMA
Gastão de Holanda
[ in Cor-purificação, 1979 ]

mordes o membro
com a delicadeza
dos gatos
quando transportam
pelo pescoço
os frágeis filhotes


POEMA
Mário Ivo Cavalcanti
[ in Cidade dos Reis ]

Então, Senhora
Por que o espanto?
Se Deus desata lágrimas,
também eu posso quebrar-te o encanto.

Pois, Senhora
Vira assim de lado
Se é certo que o mal há de imperar
que próspero seja teu pranto.

Por fim, Senhora
não é a mim a quem deves agradecer
ou refutar –
É ao Tempo, à Poeira e ao Desencanto.


DIARIM DE MARIA BUNITA
(9)
Divulgação:
Menina Arretada do Seridó

Quirido diarim,
apois num é qui Dadá, aquela que pensa qui dá mais num dá,
acomeçou a disconfiá de minha pessoa. Só purque o Diabo Lôro,
qui é dela mais tumbém é meu, as veiz chamega um pouquim com eu.
Só tenho um medo: e se ela arresolvê contá pro Capitão?
Cuma é qui fica? Ai, ai, num quero nem pensá
na desgracêra qui vai sê.
Tumbém esse fi d'uma égua só veve ispiando minhas coxa
quando eu tô de cóca, anda atrais d'eu qui nem sombra,
num arreda pé, ô danadim,
arguma reza essa alma tava quereno, né não diarim...
Eu num tenho culpa desse cabra entrá nos meu sonho,
mermo quando drumo nos braços do meu amô verdadêro,
o capitão Virgulino.
Ela num dêxe de bestêra não, apronto uma cum ela
qui Virgulino corre cum ela em treis tempo daqui.
Vai ficá sem o bando e sem o Curisco, qui é pra deixá de sê besta...
Arre diacho, me alembrei di uma coisa bem coisinha:
quando eu aparecê no Beco da lama, si aparecê,
tenho qui tomá a purinha com parede de caju.
Assim ninguem vai querê brincá com o meu fi-o-fó,
apois basta ficá quage beba para a minha pessoa
sê mais valente do que o meu Capitão.
E si num tivé uma boa parede, posso ficar bebinha,
bebinha pra valê, cuma o tinhoso gosta.
Cuma em Olinda, ora si num foi,
quando pintaro e bordaro cumigo.

4 comentários:

Francisco Sobreira disse...

Imagem de grande expressividade, caro Moacy. Ao lado da beleza da natureza, a crueldade da guerra, da violência. Um abraço.

mariza lourenço disse...

uma bela imagem perturbada pelo ódio. muito triste.

três belíssimos poemas.

e um diarim lascado de bom.

perfeito!

Moacy querido, muito me agrada reencontrá-lo nos primeiros dias de 2009! que esse ano lhe sorria.

beijo

mariza

Sandra Porteous disse...

Pena Moacy que o ano de 2009 comece com o arrefecimento de uma guerra que parece não ter fim. A foto de tristemente bela! Gostaria muito que os homens conseguissem mudar o teor dos livros de história que só tratam da guerra.

Anônimo disse...

Que o sol da Poesia esteja sempre conosco!
Carinho
:)