sábado, 14 de fevereiro de 2009

OS FILMES QUE MARCARAM ÉPOCA
NA CAICÓ DOS ANOS 50
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o trêiler de
Rashomon
(Akira Kurosawa, 1950)


BALAIO PORRETA 1986
n° 2568
Rio, 14 de fevereiro de 2009

Exibido no cinema-poeira de "seu" Clóvis, o Pax, no primeiro semestre de 1956, Rashomon - estrelado por Toshiro Mifune, Machiko Kyo e Masayuki Mori - foi, muito provavelmente, o primeiro filme japonês lançado em Caicó. Foi também o filme que me despertou para o cinema como possibilidade artística; a partir dele, aos 13 anos, comecei a ler sobre os caminhos estéticos da sétima arte e a anotar, de início num simples caderno escolar, os filmes que eu via. Como, no primeiro momento, não entendi a sua história - que se passa no Japão do século XII, envolvendo um estupro e um assassinato, cujo fio narrativo se desenvolve através de quatro versões diferentes -, tomei, então, como resolução básica o estudo da história do cinema. E o fiz numa cidade que, na época, ainda não atingira 10 mil habitantes. Decerto, recorri ao reembolso postal para adquirir as "cartilhas introdutórias" de Carlos Ortiz (quem ainda se lembra dele?), assim como recorri às crônicas cinematográficas de Berilo Wanderley, publicadas na
Tribuna do Norte, de Natal.


ALGUNS DOS FILMES
QUE VI EM CAICÓ EM 1956
- Sem ordem preferencial -

Rashomon (Kurosawa, 1950)
Maclóvia (Fernández, 1948)
Os 5000 dedos do Dr. T (Rowland, 1953)
A fera de Forte Bravo (Sturges, 1953)
Esta noite é minha (Clair, 1952)
O gavião e a flecha (Tourneur, 1950)
O drama da linha branca (Zampa, 1950)
O implacável (Milestone, 1952)
Contra todas as bandeiras (Sherman, 1952)
O tirano de Toledo (Decoin, 1952)
O pirata sangrento (Siodmak, 1952)
Macau (Sternberg, 1952)

No mesmo ano vi em Campina Grande, PB,
nas férias de julho
(uns, no Babilônia; outros, no Capitólio):

Vidas amargas (Kazan, 1955)
Ladrão de casaca (Hitchcock, 1955)
Suplício de uma saudade (King, 1955)
A fonte dos desejos (Negulesco, 1954)
A favorita de Júpiter (Sidney, 1955)
O homem do terno cinzento (Johnson, 1956)
A princesa do Nilo (Jones, 1954)
A última vez que vi Paris (Brooks, 1954)


ESTRANHEZAS
Hercília Fernandes - Caicó, RN
[ in HF diante do Espelho ]

Poetas se apaixonam...
Nada há de estranho nisso!

Aconteceu com o Pessoa, a Flor Bela, o Vinícius...
- Que dirá, pobre mortal, consigo?!

Poetas se apaixonam...
A palavra desce quente garganta ao umbigo.

E a estranheza?
[cá entre nós...]
também faz parte do ofício!...


PERFÍDIA
Carlos Gurgel - Natal, RN
[ in On The É ]

ao que cansar de vôos
comumente como se faz com a vida
ao derredor de marrecos e sais

ao que dançar de shows
simplesmente como uma rua
na varanda dos teus sinais

ao que lançar meus olhos
em meio ao fogo do mundo
tão cansativo quanto o véu de um alce natimorto

ao que passar de mim
orelhas e fadiga
e o imerso infortúnio dos meus ascos.


Humor potiguar
LAUDOS MÉDICOS
Armando Negreiros
[ in Viva a Verve!, 2000 ]

Transcrição de dois laudos recebidos pelo Dr. Edésio Macário, no Hospital Walfredo Gurgel [nos anos 40 e 50, professor do GDS, em Caicó], na capital norte-riograndense:

1.
Um delegado do interior enviou um paciente para o HWG
com o seguinte laudo:
Indivíduo recebeu tiro no maciço da bunda e a bala saiu
pelo órgão cu
.

2.
Acidente de trabalho encaminhado pelo serviço de pessoal
de uma firma:
Servente sofreu traumatismo na bolsa escrotal.
Parte do corpo atingida:
ovo esquerdo.

13 comentários:

Pedrita disse...

eu não vi nem rashmn nem os sete samurais. já tentei ver no telecine, mas algo não deu. uma hora vejo pq amo kurosawa. beijos, pedrita

Francisco Sobreira disse...

Caro Moacy,
Além de "Rashomon" ser o filme que é (talvez a principal obra-prima de Kurosawa), ele é especial para você por ser o filme que o fez encaminhar a sua atenção e interesse para ver o cinema como arte. Um abraço.

Anônimo disse...

moacy:
o "maciço da bunda" e "o órgão cu"
estavam fora do meu conhecimento.
romério

Anônimo disse...

Meu caro, muito belo seu relato sobre Rashomon. O cinema tem esse poder de nos orientar na vida. E cada filmaço que você viu em 1956, hein? Fiquei até com inveja rss. Um abraço.

Jens disse...

Oi Moacy.
Gostei das revelações iniciais sobre a tua formação intelectual - o retrato do crítico quando jovem. Mais, mais, mais...
Um abraço.

Ane Brasil disse...

13 anos e já estudando cinema... não é à toa a formação que tens...
Ah, essas paixões adolescentes capazes de superar distâncias via reembolso postal (um romantismo quase perdidon nestes tempos de qualquercoisa.com)
Vixe, esses laudos médicos... caraca, bala no "maciço da bunda" hehehe!
Sorte e saúde pra todos!

Adriana Riess Karnal disse...

é, sua lista é pródiga, de dar inveja (no bom sentido)..rs

Hercília Fernandes disse...

Querido Moacy,

Novamente muito encantada em fazer parte deste delicioso Balaio, diria que ele é afrodisíaco!

Aprecio muito a forma como organiza as postagens, especialmente pela soma de conteúdos, fusão entre linguagens, cuidados na apresentação; e, especialmente, pela difusão das riquezas de nossa querida Caicó.

Muito me honra estar neste cenário ao lado de suas preciosas recordações cinematográficas, do poeta Carlos Gurgel e dos “laudos médicos” reunidos por Armando Negreiros.

Por todas essas coisas, querido amigo, o meu forte abraço e agradecimento.

Hercília.

Tania Anjos disse...

Olá, Moacy.

Ouvi falar de seu blog através de Hercília Fernandes, grande amiga.

Passei para conferir e gostei muito. É porreta mesmo!

Os poemas são muito bem escolhidos e sua linguagem é muito interessante.

Abraços,
Taninha

Anônimo disse...

moacy:
o josé aloise,do cronópios,acaba de me dizer que te telefonou e não conseguiu falar com você.daí te mandou um e-mail e espera resposta.
resolvi te contatar por aqui.
um abraço.
romério

Unknown disse...

Caro amigo, parabéns mais uma vez pela beleza que há neste espaço. A começar pela sétima arte, pelo poema de Hercília e de Carlos Gurgel (belíssimo).
Suas escolhas não deixam que paire dúvida alguma sobre o que acumula em técnica e conhecimento.
Quanto ao laudo médico, acredito ser a sua porção-humor, o que é o melhor tempero da vida.

Um forte abraço

Mirse

Theo G. Alves disse...

tenho ido tanto a caicó (3 vezes por semana), mas vivo tão pouco lá, sempre a trabalho, sempre maquinalmente, que ainda não consegui encontrar metade dessa cidade que você nos apresenta moacy.

mas vou procurá-la. tenho de procurá-la.

abraço!

kahmei disse...

vão-se os cinemas, ficam os filmes, esses eternos!

Infeizmente o Babilonia e o capitolio não existem mais... agora os cinemas daqui são multiplexi =T

Ô país sem memoria, salvo à pessoas como vc..
bj