Serra da Bicuda, em Cruzeta, no Seridó potiguar
Foto de
Hugo Macedo
BALAIO PORRETA 1986
n° 2813
Natal, 16 de outubro de 2009
Todo escuro e sombrio, "Anticristo" não alisa, não acaricia, não pisca o olho para o espectador. E cada porrada - visual e no roteiro muito bem construído e pensado -, acreditem,não é, não são, nem um pouco gratuitas. (...) "Anticristo" é abissal - e basta. Um "Coração nas trevas" íntimo e perverso.
(Mario Ivo CAVALCANTI, in O antitudo. Embrulhando o Peixe)
POEMA DE PAUSA
Flávio Corrêa de Mello
[ in Rio Movediço ]
São quatro horas,
quatro dias
e quatro vezes
que me sento
para espantar
o devaneio
deste poema
e o cérebro,
essa metralhadora
contínua não rói
o osso por inteiro.
EM LUA ARADAFoto de
Hugo Macedo
BALAIO PORRETA 1986
n° 2813
Natal, 16 de outubro de 2009
Todo escuro e sombrio, "Anticristo" não alisa, não acaricia, não pisca o olho para o espectador. E cada porrada - visual e no roteiro muito bem construído e pensado -, acreditem,não é, não são, nem um pouco gratuitas. (...) "Anticristo" é abissal - e basta. Um "Coração nas trevas" íntimo e perverso.
(Mario Ivo CAVALCANTI, in O antitudo. Embrulhando o Peixe)
POEMA DE PAUSA
Flávio Corrêa de Mello
[ in Rio Movediço ]
São quatro horas,
quatro dias
e quatro vezes
que me sento
para espantar
o devaneio
deste poema
e o cérebro,
essa metralhadora
contínua não rói
o osso por inteiro.
Iara Maria Carvalho
[ in Mulher na Janela ]
gosto de cheiros
trincados
dentro da boca
apavoram-me
engolir desejos
aquietar doiduraspendula o barco
por todas as proas
até transborde a lua
grãos de mel
sementeiam
escrevendo estrelas
pelas ruas
NOVALIANA
Adrianna Coelho
[ in Metamorfraseando ]
para Marcelo Novaes
a cor do verso:
verso e cor
iluminam meus
olhos
escolhas brancas
[versos brancos]
respiram claridade
[toda cor em verso]
Verdadeamor
[coragem de
bem tingir o
verbo]
Adrianna Coelho
[ in Metamorfraseando ]
para Marcelo Novaes
a cor do verso:
verso e cor
iluminam meus
olhos
escolhas brancas
[versos brancos]
respiram claridade
[toda cor em verso]
Verdadeamor
[coragem de
bem tingir o
verbo]
POEMA
de Carlos Pena Filho (PE)
[ in Livro geral, 1959 ]
Senhora de muito espanto,
vestindo coisas longínquas
e alguns farrapos de sono,
eu vim para te dizer
que inutilmente contemplo
na planície de teus olhos
o incêndio do meu orgulho.
Senhora de muito espanto,
sentada além do crepúsculo
e perfeitamente alheia
a realejos e manhãs.
Eu vim, para te mostrar
que se inaugurou um abismo
vertical e indefinido
que vai do meu lábio arguto
ao chumbo do teu vestido.
Senhora de muito espanto
e alguns farrapos de sono,
onde o céu é coisa gasta
que ao meu gesto se confunde.
Um dia perdi teu corpo
nas cores do mapa-mundi.
UM POUCO DO GLOSSÁRIO NORDESTINO
[ in Dicionário do Nordeste, de Fred Navarro ]
Biloura (RN, PB) : Síncope, ataque
Caxarenga (AL, SE) : Faca velha
Corno de biqueira (PB) : Corno manso
Fianga (CE) : Rede velha [e rasgada]
Funhenha (PI) : Tesão/arrepio
Homeopatia (PE) : Cachaça
Ispilicute (CE) : Dondoca, perua, ricaça
Jegue-manso (BA) : Amante discreto, come-quieto
Labrocheira (CE) : Mulher sem requinte ou desclassificada
Mal-de-amores (CE) : Doenças venéreas, em geral
Mangangão (BA) : Poderoso, ricaço, "autoridade"
Mangá (RN & outros Estados) : Zombar
Manicaca (RN) : Sujeito que só faz o que a mulher permite
Rabichola (PB) : Bunda, nádegas, rabo, traseiro
Torar (RN & outros Estados) : Decepar, cortar
Xiringada (RN, AL) : O mesmo que esguichada, jato d'água
LEMBRANÇAS DE GAVETA
Beth Almeida
[ in Ponto Gê ]
para sempre o cheiro
do seu perfume
o veludo do toque
e algumas palavras vãs
- que eu mal uso
nessas tardes frias
OFERENDA
Laura Amélia Damous
[ in A poesia maranhense no século XX, de Assis Brasil ]
Venho te oferecer meu coração
como o cansaço se oferece aos amantes
o suor aos corpos exaustos
depois de definitivo abraço
Venho te oferecer meu coração
como a lua se oferece à noite
e o vento à tempestade
Venho te oferecer meu coração
como o peixe se oferece à captura
no engano do anzol
Natal
MICARLA, A PREFEITA DOS FACTÓIDES
Allison Almeida
[ in Embolando Palavras ]
de Carlos Pena Filho (PE)
[ in Livro geral, 1959 ]
Senhora de muito espanto,
vestindo coisas longínquas
e alguns farrapos de sono,
eu vim para te dizer
que inutilmente contemplo
na planície de teus olhos
o incêndio do meu orgulho.
Senhora de muito espanto,
sentada além do crepúsculo
e perfeitamente alheia
a realejos e manhãs.
Eu vim, para te mostrar
que se inaugurou um abismo
vertical e indefinido
que vai do meu lábio arguto
ao chumbo do teu vestido.
Senhora de muito espanto
e alguns farrapos de sono,
onde o céu é coisa gasta
que ao meu gesto se confunde.
Um dia perdi teu corpo
nas cores do mapa-mundi.
UM POUCO DO GLOSSÁRIO NORDESTINO
[ in Dicionário do Nordeste, de Fred Navarro ]
Biloura (RN, PB) : Síncope, ataque
Caxarenga (AL, SE) : Faca velha
Corno de biqueira (PB) : Corno manso
Fianga (CE) : Rede velha [e rasgada]
Funhenha (PI) : Tesão/arrepio
Homeopatia (PE) : Cachaça
Ispilicute (CE) : Dondoca, perua, ricaça
Jegue-manso (BA) : Amante discreto, come-quieto
Labrocheira (CE) : Mulher sem requinte ou desclassificada
Mal-de-amores (CE) : Doenças venéreas, em geral
Mangangão (BA) : Poderoso, ricaço, "autoridade"
Mangá (RN & outros Estados) : Zombar
Manicaca (RN) : Sujeito que só faz o que a mulher permite
Rabichola (PB) : Bunda, nádegas, rabo, traseiro
Torar (RN & outros Estados) : Decepar, cortar
Xiringada (RN, AL) : O mesmo que esguichada, jato d'água
LEMBRANÇAS DE GAVETA
Beth Almeida
[ in Ponto Gê ]
para sempre o cheiro
do seu perfume
o veludo do toque
e algumas palavras vãs
- que eu mal uso
nessas tardes frias
OFERENDA
Laura Amélia Damous
[ in A poesia maranhense no século XX, de Assis Brasil ]
Venho te oferecer meu coração
como o cansaço se oferece aos amantes
o suor aos corpos exaustos
depois de definitivo abraço
Venho te oferecer meu coração
como a lua se oferece à noite
e o vento à tempestade
Venho te oferecer meu coração
como o peixe se oferece à captura
no engano do anzol
Natal
MICARLA, A PREFEITA DOS FACTÓIDES
Allison Almeida
[ in Embolando Palavras ]
A administração da prefeita Micarla de Sousa (PV), desde o início, tem se notabilizado pelo desgoverno, pela falta de planejamento e pelos factóides.
Micarla prometeu fazer um “choque de gestão” na cidade, mas, na verdade, limitou-se a uma ”reforma administrativa” que mudou o nome de algumas secretarias e criou cargos inúteis para abrigar aspones incompetentes.
[ Clique aqui para ler o texto na íntegra ]
9 comentários:
Um balaio recheado de ótimos poetas e poemas, destaco o belíssimo Poema de Carlos Pena Filho. Fim de semana começando.
A crítica do Embrulhando o Peixe ficou muito legal. Reflete (e traduz) o que eu senti sobre o filme. Um beijo querido, S.
a mulher na janela, esssa, não fica esperan... cadê?!
adrianna absorve marcelo e escreve...
bem-bem.
que foto espetacular, Moa!
e os poemas, são de dar uma funhenha na gente :))
depois desse balaio só tomando uma boa homeopatia lá no Ferreirinha.
beijo
adorei o poema do flávio correa de mello. beijos, pedrita
O POEMA de Carlos Pena Filho e a OFERENDA Laura Amélia Damous tornaram afetuoso este meio de tarde.
***
"Choque de gestão"? Hummm, sei como é que é. Será que dona Micarla está pagando direitos autorais para o tucanato?
Um abraço.
Querido Moacy, gosto de trincar dentes e poemas aqui no seu Balaio de doiduras múltiplas. E fico honrada, muito muito.
Os poemas de Beth Almeida e Flávio Corrêa de Mello me colocaram pasmas diante de tanta beleza!
Beijos...
Moacy,essa tal de Micarla é um factóide.Foi inventada pelos politicos incopetentes do nosso estado.E, ao que parece já está enrolada com a justiça.Também com os aspones que tem.Um abraço.O Balaio como sempre, porreta...
Estar aqui me pegou de surpresa, sabe... Estava viajando e quando volto me vejo (meu poema) no meio desses poetas porretas... O da Iara está demais da conta de lindo.
Obrigada, Moa.
beijos
Postar um comentário