sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Postal antigo
sem autoria definida


BALAIO PORRETA 1986
n° 2937
Natal, 19 de fevereiro de 2010



BARCAROLA
Nina Rizzi
[ in Ellenismos ]

é preciso me afogar de você
como se fosse morrer.


UMA PEDRA-DE-TOQUE
de
Mariana Botelho
[ in Suave Coisa ]

é difícil supor
com quantas mãos se tece
a solidão.


SEIOS
Patrícia Clemente
[ in Poesia Erótica ]

Sofia, eu no teu rosto busco o espelho,
Enquanto beijo os nós dos teus artelhos,
Enquanto tocas com teus pés meus seios.


E o corpo sabe: sou-te assemelhada,
E leva o pé à tua coxa amada,
Sou presa seduzida por teus cheiros.

E o corpo sabe o quanto é aquecido
Meu pé que sobe dentro do vestido,
Sorrindo do macio dos teus pentelhos.

E o corpo sabe: sou-te parecida,
Toco a mim mesma ao te tocar, amiga,
Se pouso, enfim, os dedos nos teus seios.

E o corpo sabe bem que sou-te gêmea
Me fazes louca, lúcida ou boêmia,
No gesto em que se unem nossos seios.

Sofia, no meu rosto tens espelho,
De quanto bem me faz amar teus seios.


PARA UMA BIBLIOTECA PORRETA
( 55 / 66 )

Elegias de Duíno & Os sonetos de Orfeu (Rilke, 1923)
Quem tem medo de Virginia Woolf (Albee, 1962)
Peregrinações (Fernão Mendes Pinto, 1614)
As pupilas do senhor reitor (J. dinis, 1860)
O homem ilustrado (Bradbury, 1951)
David Copperfield (Dickens, 1850)
Contraponto (Huxley, 1928)
Jane Eyre (Bronte, 1847)
Emma (Austen, 1816)
Escritos íntimos (Baudelaire, ed. port. 1982)


PROJÉCTEIS
Charles Baudelaire
[ in Escritos íntimos, 1982 ]

Deus é o único ser que, para reinar, não precisa sequer existir.

A matéria tem sempre menos vida do que aquilo que o espírito cria.

O que é a arte? Prostituição.

O que há de atraente no mau gosto é o prazer aristocrático que sentimos em chocar os outros.

A música perfura o espaço.

Deus é um escândalo, mas um escândalo proveitoso.


METAMORFOSE DAS LINGUAGENS

Será na próxima terça-feira, dia 23, na Siciliano do xópim Midivaimal, a partir das 19h, um pouco mais, um pouco menos, o lançamento do livro Metamorfose das linguagens, organizado por Marcos Silva, Júlio Pimentel Pinto e Maurício Cardoso. Trata-se de apurada seleção de textos envolvendo diversas relações/mediações a partir de uma leitura crítica do cinema com a literatura e a historicidade. Como já foi explicitado em outros espaços virtuais, através de rilise: "São analisados filmes brasileiros, hispano-brasileiro, norte-americanos, russo, japonês, francês, ítalo-britânico e uruguaio. Esses filmes são diálogos entre seus diretores e os escritores nos quais se inspiraram: Yakov Protazanov/Aleksei Tolstoi, John Ford/John Steinbeck, Orson Welles/Franz Kafka, Nelson Pereira dos Santos/Graciliano Ramos, Glauber Rocha/Regionalismo Literário Nordestino, Hiroshi Teshigahara/Kobo Abe, Michelangelo Antonioni/Julio Cortazar, Joaquim Pedro de Andrade/Carlos Drummond de Andrade, Glauber Rocha/William Shakespeare, João Batista de Andrade/Geraldo Ferraz, Walter Lima Jr./Alfredo de Taunay, Paul Verhoeven/Robert Heinlein, Guel Arraes/Ariano Suassuna e Marcelo Piñeyro/Ricardo Piglia". Entre os autores, há que lembrar os nomes de Jair Diniz Miguel. E Francisco Fabiano de Freitas Mendes. E Gilberto Maringoni. E outros. E outros. Ou seja, vale a pena prestigiar o lançamento, vale a pena conferir o livro.

9 comentários:

Unknown disse...

Nina e Mariana fazem um duo mais que perfeito em sutilezas abissais. Sou avexado de gosto por essas meninas. E Baudelaire, e a poesia erótica da Patrícia, sem clemência. Abraço.

nina rizzi disse...

eu destesto quando meus comentários desaparecem, mas amo, com muito mais intensidade quando apareço aqui. 'inda mais ao lado de nanuda que, oxalá aprendo a minimizar solidões com um beijo até o vintequatro.

que dizer então de baudelaire? que sei-o sofia divina? que me jogo de penhascos e até falo francês e até me afogo?

aiai. que belo dia.
um cheiro, camarada, pra se afogar.

Carito disse...

Os projécteis de Baudelaire acertam em cheio, Patrícia acerta em Seios, o Balaio perfura o espaço, nave é Mariana, Nina é submarino...

Jarbas Martins disse...

em tua barcarola ecos da alta poesia de leopardi e ungaretti

pô basta dessa mania de literatura comparada

beijos companheira

nina rizzi disse...

ungarettiana:

a minha desarmonia
é quando ele não me toca:
suplício o dois ou um.

Jens disse...

Livrão!!!
E a Nina Rizzi continua matando a pau. Talentosa, a garota.

Abraço, Moacy.

BAR DO BARDO disse...

Bons!

:)

Unknown disse...

Boa tarde Moacy!

Hoje vou de Nina e Baudelaire!{Dois mais que perfeitos)

No mais, tudo perfeito.

Beijos

Mirse

Maria Maria disse...

Moacy,

Veja minha aurora e considere a imagem, sem alardes.

Beijos