quinta-feira, 30 de agosto de 2007


Aqui a natureza se faz bela e azul,
azul como num poema de Carlos Pena Filho.

AS SETE MARAVILHAS DE OLINDA
por
Sandra Camurça

1. Alto da Sé
2. Convento de São Francisco
3. Mosteiro de São Bento
4. Mercado da Ribeira
5. Mercado Eufrásio Barbosa
6. Sobrados Mouriscos I e II
7. Museu de Arte Sacra


BALAIO PORRETA 1986
nº 2107
Rio, 30 de agosto de 2007


DISCOS QUE ME EMOCIONAM (2 / 120)

100 anos de frevo, produzido por Carlos Fernando, com o Maestro Spok e a Orquestra Sinfônica do Recife [Biscoito Fino BF 648 (2007)]. Todos sabem de minha paixão pelo frevo, como ouvinte, já que, dançar pra valer, só danço mesmo o tango canadense. Mas vamos ao que interessa. Na verdade, são dois cds. O primeiro é instrumental, incluindo alguns clássicos da "fervura pernambucana": Frevo da meia-noite, de Carnera, com arranjo de Clóvis Pereira. Outros grandes clássicos selecionados são: Último dia, de Levino Ferreira, com arranjo do Maestro Spok; Duda no frevo, de Senô, com arranjo de Clóvis Pereira; Gostosão, de Nelson Ferreira, com arranjo de Edson Rodrigues. O segundo cd, cantado de forma rasgada, inclui Micróbio do frevo, de Gilberto Gil, na voz de Genival Macedo; Frevo nº 1, de Antônio Maria, na voz de Maria Betânia; Valores do passado, de Edgar Moraes, com Maria Rita; De chapéu-de-sol aberto, de Capiba, com Vanessa da Mata; Tempo folião, de Carlos Fernando & Geraldo Azevedo, com Geraldo Azevedo; Madeira que cupim não rói, de Capiba, com Claudionor Germano; Evocação nº 1, de Nelson Ferreira, na interpretação de Antônio Nóbrega. E ainda há, no primeiro cd, uma Fantasia carnavalesca, baseada no Vassourinhas, de Matias da Rocha e Joana Batista. Enfim, um disco que já nasceu antológico.


OLINDA
/ Fragmento /
de Carlos Pena Filho (PE)
[ in Livro geral, 1959 ]

...
Olinda é só para os olhos,
não se apalpa, é só desejo.
Ninguém diz: é lá que eu moro.
Diz somente: é lá que eu vejo.

Tem verdágua e não se sabe,
a não ser quando se sai.;
Não porque antes se visse,
mas porque não se vê mais.

As claras paisagens dormem
no olhar, quando em existência.
Diluídas, evaporadas,
Só se reúnem na ausência.

Limpeza tal só imagino
que possa haver nas vivendas
das aves, nas áreas altas,
muito além do além das lendas.
...


A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS (29c / 111)

Olinda; 2º guia prático, histórico e sentimental de cidade brasileira [1939], de Gilberto Freyre. Il. M. Bandeira. Rio de Janeiro : José Olympio, 1960, 166p. [Livro adquirido em sebo, no Rio] Longe de ser um guia turístico tradicional, é um guia afetivo e amoroso. Longe de ser um guia didático, é um guia lírico. E se tem valor documental (em termos de uma possível história olindense), maior é o seu valor literário, ao se voltar para o mar e os ventos, as praias e os conventos, a água do rio e a gente simples dos lugares pobres, a luz do sol e o luar, os passarinhos e os papagaios, os doces e as velhas sepulturas da heróica e lendária cidade pernambucana, com suas "Mulheres de encarnado apanhando gravetos" e seus "Homens pescando pelos mangues" (p.9). Há momentos de pura poesia, de puro encantamento: Os livros, As árvores e os jardins, Olinda nas cartas jesuíticas, Convento de São Francisco, Mosteiro de São Bento, Olinda heróica, História ecológica de Olinda, Casas velhas, Entre Olinda e o Recife. E mais. Ou mais. Como quase tudo de Gilberto Freyre, um livro saboroso.

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Olinda é uma cidade influenciada pelo mar. Ela se entrega aos ventos do mar: não se esconde deles como grande parte do Recife. Entrega-se aos ventos do Norte e do Sul. É verdade que são ventos sempre amigos. Nunca se encrespam em ventos de tornado. Nos seus dias mais zangados, que são em agosto, escancaram portas, quebram vidros, aperreiam as donas de casa. Mas é só. (Gilberto FREYRE. Olinda, p.22)

10 comentários:

Douglas disse...

:)

Anônimo disse...

Cirne,

dá uma passada no meu blog, tô ansioso pra ter a honra de interagir com você. Será que ainda tá com algum problema pra postagem?

Anônimo disse...

Essa ode à Olinda só fez aumentar minha vontade de conhecê-la. "Uma cidade influenciada pelo mar."
Um ótimo dia pra ti. Beijo.

o refúgio disse...

La vai lá vai lá vai, você tinha que me emocionar de novo,
né, Menino? "Oh! Linda situação por uma cidadela"...rsrs. Spok? Naravilha! Mas você é danado mesmo: eu tinha pensado em citar os primeiros versos desse lindo poema de Carlos Pena Filho e você me aparece com ele aqui! E Freyre estava certíssimo a respeito dos ventos, agosto então, nem se fala... Alceu Valença tem uma música muito bonita onde compara os moinhos da Holanda com os moinhos de vento de Olinda. E pensar que foram os próprios holandeses que lhe atearam fogo um dia... Mas agora tudo é alegria (pelo menos no carnaval, né?).

Lindolindolindo, ADOREI!

Beijos da Mulher de Olinda, por hora, que lhe escreve agora.

Anônimo disse...

Prezado Moacy
Olinda é muito linda!
Bom vir aqui e banhar-se em cultura nordestina, agradeço muito a visita e o comentário.
uma pergunta: você conhece o poesia esporte clube que acontece na Casa da Ribeira? Andei frequentanto por um tempo, mas faltou-me tempo depois. Havia o Antoniel Campos e Rui Rocha entre outros frequentadores.
Benno

Jens disse...

Olha a Sadrix aí. Beleza, Moacy.

Dilberto L. Rosa disse...

Ah, os famosos ventos de Olinda... Só "conheço" Recife de passagem: ando devendo um reconhecimento pessoal por tuas belíssimas terras! Adoro o Antonio Maria e o Capiba, embora não seja grande conhecedor do Frevo, infelizmente, ao contrário da enxurrada de mau gosto do Ceará, ele não chega até aqui!

Amigo Moacy: você andou fazendo falta no último post! Nem de longe uma cobrança; mais um convite para ler sobre Raul e elvis ("Que rei sou eu" - post do dia 19/08)! Forte abraço!

Talvez te interesse o post atual... Sobre "maravilhas" de cada cidade, no post do próximo dia 09 falarei sobre o aniversário de minha bela São Luís do Maranhão! Tu a conheces?

AB disse...

Moacy? Imagina um passeio por Olinda, com SANDRA de cicerone?? Delícia!!

Maria Maria disse...

Conheci Olinda, a linda cidade, numa viagem de estudo com meus alunos do 9º ano há um certo tempo. Adorei e fotografei o que vi, mas a lembrança guarda a imagem de um menino de 8 anos que fazia esculturas e as vendia por míseros 0,50 centavos. O seu lugar era a arte, mas seria muito bom que a escola também fosse seu espaço de ampliação cultural. Segundo ele, o dinheiro arrecadado seria usado na feira da semana, pois seus pais eram muito pobres e dele dependiam para continuar sobrevivendo. Um beijo! Ah, visita-me! Maria Maria

Ane Brasil disse...

Aí, que saudades de Olinda...
Aff, posso roubar sua fotinho e colocar lá na gazeta, dependurada em algum post?
Hei, psit, caiu um lenço: "tango canadense"... acho q vc freqüentou a mesma escola de dança do nego véio...
Sorte e saúde pra todos!