sábado, 4 de agosto de 2007


Grandes momentos do cinema:
L'Avventura / A aventura (Michelangelo Antonioni, 1960)
Um novo olhar, uma nova luz, um novo sentido diante da falência dos sentimentos nos tempos modernos, a partir de vivências centradas no mundo da burguesia. Há, em A aventura, uma luz interior que brilha com a intensidade de mil auroras faiscantes no espaço cenográfico de nossos devaneios mais arrebatadores. Não é um filme sobre o desaparecimento de uma jovem mulher - que jamais será encontrada -, é um filme sobre o tédio, a angústia, a solidão e as inquietações do ser humano enquanto totalidade existencial. Pensemos nas muitas semelhanças e diferenças entre Sartre e Camus, semelhanças e diferenças atravessadas por Cesare Pavese: eis aqui, nesta fronteira ontológica entre o absurdo, o vazio e a náusea, o seu lugar. O lugar de A aventura, mas também o lugar de A noite, Eclipse e O deserto vermelho.
Com Monica Vitti, fascinante.


BALAIO PORRETA 1986
nº 2080
Rio, 4 de agosto de 2007


vestida assim, de goiaba, todos os pássaros
[resolveram pousar nela...

e lá ficaram pregados, prisioneiros do seu cheiro adocicado!

Foto e poema: Lisbeth Lima (RN)
[ in Flor de Craibeira ]


QUESTÃO
de Isabella Benício (RJ)
[ in Brumas ]

: o que dizer a meus seios
quando eles notarem
a ausência definitiva
das tuas mãos?


A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS
666 livros indispensáveis (26b / 111)

A política dos autores, de André Bazin e outros. Lisboa : Assírio & Alvim, 1976, 392p. /Livros de Cinema 1/ [] Excepcional coletânea de entrevistas publicadas no Cahiers du Cinéma. Com Jean Renoir, por Jacques Rivette e François Truffaut; Roberto Rossellini (duas entrevistas, a segunda por Fereydoun Hoveyda e Eric Rohmer); Fritz Lang, por Jean Domarchi e Jacques Rivette. E mais: entrevistas com Howard Hawks (por Jacques Becker, Rivette e Truffaut), Alfred Hitchcock (duas), Luis Buñuel, Orson Welles, Carl Th. Dreyer, Robert Bresson (por Michel Delahaye e Jean-Luc Godard), Michelangelo Antonioni (por Godard). Ou seja, um livro absolutamente indispensável. Sobretudo para os cinéfilos.


UM BLOGUE PORRETA

O Anjo Exterminador, de Júnior.
O cinema a partir de reflexões críticas apuradas.
Análises de filmes de forma criteriosa,
levando em consideração as dúvidas existenciais do próprio Autor.

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O desejo se exprime pela carícia, como o pensamento pela linguagem. (Jean-Paul SARTRE. O ser e o nada. Paris : Gallimard, 1943, p.459, cf. Dicionário filosófico de citações, p.38)

6 comentários:

Anônimo disse...

Começar o dia com uma alegria dessas é um privilégio, Moacy. Obrigada por isso.
Alegria também poder provar da delicada goiabeira de Lisbeth e da precisa citação de Sartre.
Beijos e um fim de semana feliz pra ti também.

Anônimo disse...

Moacy,
estar "dentro" do Balaio... é só felicidade!
Um abraço, Lisbeth

Anônimo disse...

Oi, vim visitar seu blog..muito bom!!!! e obrigada pelo comentário lá no Sesnível Desafio. Um beijo.

alana disse...

Belo texto para o filme de Antonioni - aliás, comecei a usar o pensamento mágico e estou achando que havia uma espécie de "pacto" entre ele e Bergman.
Mas o livro de entrevistas me deixou culpada, com uma inveja danada! Vou procurá-lo, já.

Muadiê Maria disse...

Moacy, seu blog é massa!

Anônimo disse...

Coisa mais linda essa casinha pintada de rosa. E esse terreiro todo varridinho! E aquela meia-porta? Ahhh, adoro isso! Show também esse poema da Isabela.Essa menina anda saudosa por demais, e por demais poeta. Adorei tudo! Beijo