segunda-feira, 12 de maio de 2008


MulherPoema
a partir
de
foto
de
Amanda Com
in
Olhares


BALAIO PORRETA 1986
n° 2312
Rio, 12 de maio de 2008



A MULHER LIBERTA
Nei Leandro de Castro

A mulher liberta se deixa prender na cama
E se faz escrava do homem a quem ama.
Pés e mãos atados, ela é livre, leve, louca
E usa como nunca o sexo, as mãos, a boca
Para prender o macho no seu corpo nu.
A mulher liberta libera tudo, mesmo o cu
- Não importa se seja virgem, apertadinho -
Para ser penetrado com doçura
, com carinho,
Para o gozo e o prazer, gozo do amante

Que não lhe dá sossego um só instante.

A mulher liberta goza de todo jeito:

Pela frente, por trás, na boca, nos peitos,

Desde que o sexo, a pica do seu amor

Faça o que ela quiser, seja onde for.


PÊSSEGO A 40º
por
Fugu F
[ in Fruit de la Passion, desativado ]

Daqui a pouco chega o tempo quente dos figos e pêssegos, das frutas que se abrem e oferecem. Com os figos é fácil. Só de olhar e tocar com a ponta dos dedos, já sei se estão bons, já adivinho o que prometem - e cumprem.

Mas os pêssegos são maliciosos. Expostos nas barracas, sob 35º de sol, me chamam de longe, pelo cheiro. Arrepiam a penugem quando os toco. Exibem rosados promissores sob a luz forte da rua. No entanto, só ao cravar-lhe os dentes posso saber se cumprem o que insinuam.

Minha boceta tem alma de pêssego, mas Fugu tem o condão de transformá-la em figo bíblico. Quando, depois de me abrir em gozo tantas vezes, atendo a seu olhar insistente e mergulho meus dedos entre as pernas, o que encontro me surpreende.
Um calor de feira livre, um defazer-se de lábios em gomos firmes, uma profusão de sumos e cheiros, o grelo como uma semente nova, pronta para germinar.

Fugu faz brotar em mim uma nova fruta. Alegre, devoradora, oferecida, engole meus dedos, explode contra o indicador como uma tempestade tropical. Pernas ainda abertas, olhos ainda fechados, sinto quando ele retoma seu território.

A fruta engole o tronco de onde brota o paraíso.

E inaugura mais um verão.


A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS

Les erotiques de l'art, de Ruth Westheimer. New York ; Paris : Abbeville, 1993, 180p. [] Um belo álbum, com texto preciso, levemente amoroso, e reproduções preciosas. Uma história não-cronológica da arte através do erotismo: os gregos, os romanos, Caravaggio, Velázquez, Goya, Manet, Renoir, Degas, Courbet, Cézanne, Bonnard, Picasso, Magritte, Haring, Kosloff. E tantos outros & outras tantas, entre pinturas, esculturas, gravuras - antigas, clássicas, modernas, contemporâneas. "O plano [da obra] obedece à progressão da relação amorosa, do primeiro olhar ao repouso após o ato sexual" (os editores).

3 comentários:

Jens disse...

Oi Moacy.
Bom voltar e encontrar o Balaio destilando poesia de alta voltagem erótica. Estava frio aqui no castelo; agora ficou quente.
Um abraço.

Pedrita disse...

tenho comido ótimos figos. belo poema, belas imagens. beijos, pedrita

Marco disse...

Ah... Saudade da amiga Fugu, caro mestre Moacy...
Bela postagem. Bela foto solarizada. Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.