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(de Angola [autoria desconhecida])
para ouvir
o músico angolano
Rui Mingas
interpretando
Quem tá gemendo
BALAIO PORRETA 1986
n° 2458
Rio, 18 de outubro de 2008
Eu vos sinto
negros de todo o mundo
eu vivo a vossa Dor
meus irmãos.
(Agostinho NETO, in Voz do sangue)
Tela de
Thó Simões
AFRO-DITE
Namibiano Ferreira
I
Teu corpo
suavidade
carnal
cantando
escondida
nas ondas
do mar.
II
Teu rosto
negra
textura
proliferando
entranhada
nesses lagos
marinhos.
A MINHA CASA
Décio Bittencourt Mateus
[ in Mulembeira ]
A minha casa
É fácil de localizar
É fácil de encontrar,
Basta ires sempre em frente
Para além da linha do horizonte
É fácil concerteza
Primeiro encontras lixo
Lixo e pessoas em convivência
E em harmonia,
Lixo na parte de baixo
E na parte de cima
Lixo e pessoas em convivência íntima
Mais adiante
E com o mau cheiro crescente
Encontras uma lagoa
E nela, crianças a banharem
Crianças a brincarem
Na maior, numa boa
Mais a frente
Entras em becos estreitos
Becos pequenos e apertaditos
É fácil, é só teres isto em mente
Becos e suas enxurradas
Becos e suas águas estagnadas
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte
Lá onde a água corrente
Lá onde a água potável
Passa muito distante
E da cor do invisível!
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte
Lá onde a luz eléctrica
Connosco brinca
Qual nuvem passageira
Que ora vai, ora vem zombateira!
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte
Cheiro de kaporroto* no ar
Cheiro de kimbombo** a vibrar
Nossas bebidas do dia-a-dia
Nossas bebidas nossa companhia
E no quintal da minha casa
Há jovens a falar alto bêbedos
Jovens cansados, frustrados e arrebentados
São os meus kambas***
Kambas das bebedeiras e das malambas****
É fácil de localizar concerteza,
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte!
Notas:
* Bebida caseira angolana
** Bebida caseira angolana
*** Amigos
**** Problemas, tristezas
É fácil de localizar
É fácil de encontrar,
Basta ires sempre em frente
Para além da linha do horizonte
É fácil concerteza
Primeiro encontras lixo
Lixo e pessoas em convivência
E em harmonia,
Lixo na parte de baixo
E na parte de cima
Lixo e pessoas em convivência íntima
Mais adiante
E com o mau cheiro crescente
Encontras uma lagoa
E nela, crianças a banharem
Crianças a brincarem
Na maior, numa boa
Mais a frente
Entras em becos estreitos
Becos pequenos e apertaditos
É fácil, é só teres isto em mente
Becos e suas enxurradas
Becos e suas águas estagnadas
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte
Lá onde a água corrente
Lá onde a água potável
Passa muito distante
E da cor do invisível!
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte
Lá onde a luz eléctrica
Connosco brinca
Qual nuvem passageira
Que ora vai, ora vem zombateira!
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte
Cheiro de kaporroto* no ar
Cheiro de kimbombo** a vibrar
Nossas bebidas do dia-a-dia
Nossas bebidas nossa companhia
E no quintal da minha casa
Há jovens a falar alto bêbedos
Jovens cansados, frustrados e arrebentados
São os meus kambas***
Kambas das bebedeiras e das malambas****
É fácil de localizar concerteza,
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte!
Notas:
* Bebida caseira angolana
** Bebida caseira angolana
*** Amigos
**** Problemas, tristezas
10 comentários:
muito bom, moacy! tudo muito bom! fragmentos de um filme que se monta em nossa cabeça, um filme mais pra lá, para além da linha do horizonte... aqui no balaio tem som na imagem, tem imagem no texto... é aula, indicação, revelação, roteiro, direção, sentidos, todos os sentidos... é sempre muito bom viajar por aqui... na poética do espaço, no lago do cirne...
Caro Moacy,
Me comove seu envolvimento com as coisas do "meu" País...
Neste post me sinto em casa, tudo me é familiar, trazes três pessoas que eu muito estimo. As afinidades nos unem.
Mostras um imbondeiro ao pôr-do-sol... só faltam as acácias. Perfeito, meu amigo.
Abraços e cheiros
Moacy,
Há tanto para dizer. Ver sua arte é emocionante. Encontrar Moacy's m cada obra escolhida. Você não imagina como suas palavras fazem bem a mim. Não estou numa fase boa. Estou cansada, como disse no IEBN. Você deu um sopro ...quanta gentileza!
Você é nobre!
beijos
sempre em dia com o balaio, muito bom vir aqui !
beijos
moacy:
aqui temos angola no sangue.
um abraço.
romério
passando...
douglas thomaz
passando...
douglas thomaz
Não faz muito tempo descobri que meus tataravôs vieram de Angola, então, um pedaço de mim está por aqui também. Beijo carinhoso.
Moacy: Muito me alegra ver a minha "A Minha Casa" desfilar em seu interessantíssimo blog. Pelo que agradeço. Passarei a ser mais um dos muitos assíduos pois o Balaio Porreta (que maravilha de nome para o blog!) me está a cativar deveras.
Um kandandu
Já cá tinha estado mas só hoje agradeco pela minha Afro-Dite. Fico bem assim na companhia de Ruy Mingas um expoente máximo na cultura angolana e de Décio B. Mateus que também é meu amigo.
Obrigado e abracos
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