terça-feira, 21 de outubro de 2008


Clique na imagem
(fotocolagem de Rodtchenko
para poema de Maiakóvski
- duas vítimas do stalinismo -,
a partir de O Refúgio),
para verouvir
Leon Trotsky
em discurso contra
os terríveis Processos de Moscou,
nos anos 30 do século passado.

BALAIO PORRETA 1986
n° 2462
Rio, 22 de outubro de 2008

Sim, Maiakóvski é o mais viril e o mais corajoso de todos os que, pertencendo à última geração da velha literatura russa e ainda por ela não reconhecidos, procuraram criar laços com a Revolução. Sim, ele desenvolveu laços infinitamente mais complexos que todos os outros escritores. Um dilaceramento profundo nele permanecia. Às contradições, que a Revolução comporta, sempre mais penosas para a arte, na busca de formas acabadas, somou-se, nos últimos anos, o sentimento do declínio a que o conduziram esses burocratas. Maiakóvski, pronto para servir à sua época, pelos mais modestos trabalhos cotidianos, não podia aceitar uma rotina pseudo-revolucionária.
(Leon TROTSKY. O suicídio de Maiakóvski, maio de 1930)


NACOS DE NUVENS
Vladimir Maiakóvski (1893-1930
Trad. Augusto de Campos
[ in Poesia russa moderna ]

No céu flutuavam trapos
De nuvem - quatro farrapos:

do primeiro ao terceiro - gente;
o quarto - um camelo errante.

A ele, levado pelo instinto,
no caminho junta-se um quinto.

Do seio azul do céu, pé-ante-
pé, se desgarra um elefante.

Um sexto salta - parece.
Susto: o grupo desaparece.

E em seu rasto agora se estafa
O sol - amarela girafa.

1917-18



A beleza da mulher angolana
em foto da Galeria de
Kool2bBop


INSTANTÂNEO DE SEMÁFORO
Décio Bettancourt Mateus (angolano)
[ in Mulembeira ]

Olho e sorrio
E assobio…
É bonita,
Ela olha e fita
Zombateira
E gosta da brincadeira

Olho e aprecio
E elogio
Que belezura
Ela olha a procura
Está interessada
Está caída!

Olho e gosto
Que rosto
É o máximo
Ela olha e chega próximo
Que encanto
Que momento!

Olho e aposto
E conquisto
Quero-te filha
É amor à primeira vista
Ela olha e brilha
Não estás na lista!

Olho e vibro
E sou outro
É ela
A minha estrela
Ela sorri, como te chamas
E diz se me amas

Olho e insisto
Não desisto
Digo-lhe o nome
E peço-lhe o telefone
O verde acendeu
E o carro dela arrancou, desapareceu!

7 comentários:

Jens disse...

Oi Moacy.
Maiakóvski é sempre uma boa lembrança. Ainda mais na companhia de Trostky. Fui lá no youtube ver o discurso do Leão. Aproveitei e passei os olhos algumas imagens de Lenin. Os dois foram os gigantes daquela era.
Não conhecia o poeta angolano Décio. Gostei da poesia brejeira (esta vai pegar!).
Um abraço.

Meg disse...

Caro Moacy

A Sierguei Iessiênin, após o
suicídio deste, escreveu Maiakovski...

"Até logo, até logo, companheiro,
Guardo-te no meu peito e te asseguro:
O nosso afastamento passageiro
É sinal de um encontro no futuro.
Adeus, amigo, sem mãos nem palavras.
Não faças um sobrolho pensativo.
Se morrer, nesta vida, não é novo,
Tampouco há novidade em estar vivo."

Décio, um poeta, um amigo, um belo poema.

Beijos, queijos e cheiros.

Mme. S. disse...

Adorei esse poema do Décio Bettancourt. Que leve, que solto, que colorido! muito bom. cheiro, S.

o refúgio disse...

Moacy, infelizmente não posso verouvir o discurso de Trotsky, nos computadores dessa lan house não dá pra ver a imagem pra ser clicada. Maiakóvski é maravilhoso, ultimamente tenho lido sua poesia e biografia. Valeu pela fotocolagem!
Beijos.

Anônimo disse...

Mas uma história sem o final de contos de fadas, rsrsrs. Tá ficando cada vez mais difícil isso. Abraço Moacy

Anônimo disse...

Adoro colagens!

Revistacidadesol disse...

Oi, Moacir. Infelizmente, Trotsky aparece historicamente cada vez mais como culpado nessa conspiração, segundo historiadores sérios: Grover Furr, Roberta Manning, Archie Getty.

Mas valeram os poemas.

Abs do Lúcio Jr.