Foto:
Scott Murdoch
BALAIO PORRETA 1986
n° 2660
Rio, 13 de maio de 2009
A Arte verdadeira tem a capacidade de nos deixar nervosos. Quando reduzimos a obra de arte ao seu conteúdo e depois interpretamos isto, domamos a obra de arte. A interpretação torna a obra de arte maleável, dócil. // Este convencionalismo da interpretação é mais evidente na literatura do que em qualquer outra arte.
(Susan SONTAG. Contra a interpretação, 1964)
Scott Murdoch
BALAIO PORRETA 1986
n° 2660
Rio, 13 de maio de 2009
A Arte verdadeira tem a capacidade de nos deixar nervosos. Quando reduzimos a obra de arte ao seu conteúdo e depois interpretamos isto, domamos a obra de arte. A interpretação torna a obra de arte maleável, dócil. // Este convencionalismo da interpretação é mais evidente na literatura do que em qualquer outra arte.
(Susan SONTAG. Contra a interpretação, 1964)
MULHER
Nei Leandro de Castro
Mulher: ternura previsível, imprevisível
que vai e se esvai na planície da cama.
Colinas, colunas de marmore onde se gravam
o som, o sonho, o sono de quem ama.
Mulher: feita de beijos, calor, sombra de arminho,
belo e bravo animal, animalzinho, orgulho da raça
quando vai à luta e prende e conquista
o homem, só alumbramento e caça e caça.
Mulher, não importa a cor do seu olhar.
O que emerge é a força, a sedução, a luz
que vem dos seus olhos, seios, lábios
e tudo mais que cobre de ternura e seduz.
Nei Leandro de Castro
Mulher: ternura previsível, imprevisível
que vai e se esvai na planície da cama.
Colinas, colunas de marmore onde se gravam
o som, o sonho, o sono de quem ama.
Mulher: feita de beijos, calor, sombra de arminho,
belo e bravo animal, animalzinho, orgulho da raça
quando vai à luta e prende e conquista
o homem, só alumbramento e caça e caça.
Mulher, não importa a cor do seu olhar.
O que emerge é a força, a sedução, a luz
que vem dos seus olhos, seios, lábios
e tudo mais que cobre de ternura e seduz.
TRADUÇÃO-HOMENAGEM
A EDMOND JABÈS (1912-1991)
Fragmentos
Max Martins
[ in Não para consolar, 1992 ]
Não negligencia o eco, pois é de ecos que tu vives.
Uma folha branca está cheia de caminhos.
Ele interroga as palavras que o interrogam.
O livro nos lê.
Só o leitor é real.
O humor é poesia. O cômico é prosa.
A aurora cria o galo.
A memória do poeta é sem tempo.
O sexo é sempre uma vogal.
As palavras elegem o poeta.
O louco é a vítima da rebelião das palavras.
A imagem é formada de palavras que a sonham.
Pronunciada, a palavra voa; escrita, ela nada.
As palavras têm os sons por sombra.
A EDMOND JABÈS (1912-1991)
Fragmentos
Max Martins
[ in Não para consolar, 1992 ]
Não negligencia o eco, pois é de ecos que tu vives.
Uma folha branca está cheia de caminhos.
Ele interroga as palavras que o interrogam.
O livro nos lê.
Só o leitor é real.
O humor é poesia. O cômico é prosa.
A aurora cria o galo.
A memória do poeta é sem tempo.
O sexo é sempre uma vogal.
As palavras elegem o poeta.
O louco é a vítima da rebelião das palavras.
A imagem é formada de palavras que a sonham.
Pronunciada, a palavra voa; escrita, ela nada.
As palavras têm os sons por sombra.
POEMA
Orlando Pinheiro da Silva
[ in Totex, em 18/09/2008 ]
o que vem depois das citações
o que não há surge
o que não há inventa-se
o que não há inicia-se
o que nasce quando há silêncio
Orlando Pinheiro da Silva
[ in Totex, em 18/09/2008 ]
o que vem depois das citações
o que não há surge
o que não há inventa-se
o que não há inicia-se
o que nasce quando há silêncio
12 comentários:
Belo post, Moacy! A imagem é de uma sutileza sensível e o poema de Nei é excelente!
Abraços.
bom dia, moa! caio no balaio antes de tomar café!
besos
Bom dia Moacy!
A arte da fotografia e a definição da arte, estão maravilhosas.
Os tres poemas estão fantásticos!
Tudo perfeito, como manda sua índole.
Parabéns, amigo!
Beijos
Mirse
moa - depois do teu comentário, acrescentei um último verso ao "rixas" - nem sei se necessário, explicativo demais...
besos
Moa! Que Balaio! Que foto é éssa, linda demais. Sutilíssima.
bom dia!
abração
Caro Moacy,
De fato, uma das funções da arte é de provocar, perturbar, incomodar o receptor. E que belo traseiro, hem? Na postagem anterior, achei bom você ter divulgado a poesia de Renato Caldas, ele e Moisés Sesyom são os dois melhores poetas populares do RN. Um abraço.
Olá
Começo pela foto, que considero de grande beleza.
Os poemas são bons - o "Mulher" é bonito, sim, mas com um ligeiro traço machista...
Quanto ao seu comentário no "Histórias"...
terá sido mesmo Deus a tirar a asa, ou foi o próprio Homem que a tirou???
Inclino-me mais para a segunda hipótese...
Nordestino! É isso aí!
A minha geografia é muito fraca, mas penso que Minas fica no Nordeste, certo?
Tenho uma grande amiga nordestina, é socióloga, foi professora numa qq universidade, escreve crónicas muito boas, tem vários livros publicados.
E tenho guardado um texto belíssimo, escrito por D.Hélder Câmara, sobre os jumentinhos do nordeste, para publicar brevemente, já que este ano é o centenário da sua morte.
E mais não digo, porque já disse muito! :)))
Um beijo
Mariazita
A foto é um sonho, e a poesia, a concretização do sonho. Lindo, lindo, como você sempre se mostra. Um beijo, sua menina, S.
Bons textos!
muito honrado,
muitíssimo obrigado,
hermano de travessia poética!
grande abraço!
belos poemas. beijos, pedrita
Arte verdadeira ou não, a fotografia que ilustra este post é de deixar nervoso, caro Moacy, de igual modo à garota da fotografia abaixo. Gracioso perfil. Graciosa garota.
Por outro lado, suponho que até mesmo a equipe daquele seriado norte-americano, C.S.I., encontraria dificuldades em esclarecer que obra de arte é verdadeira, ou não.
Li alguns poemas dos dois posts, mas da próxima vez, Moacy, vê se não se esmera tanto nas ilustrações.
Um abraço!
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