domingo, 16 de agosto de 2009

OBRAS-PRIMAS DO CINEMA
Clique na imagem
para verouvir
uma das sequências de
A cor da romã
(Sergei Paradjanov, 1960)


BALAIO PORRETA 1986
n° 2754
Rio, 16 de agosto de 2009

O que dizer de um filme soviético sobre um poeta armênio do século XVIII marcado pela mais profunda sensibilidade? O que dizer de um filme que é um filme-mosaico, com todo o seu misticismo, sem uma narrativa tradicional? O que dizer de um filme sem palavras em sua banda sonora que é um verdadeiro poema visual? Assim é o belíssimo A cor da romã. Um filme de estranha e envolvente beleza.


POEMA
Angela Melim
[ in Germina Literatura ]

Tem um verão dentro de mim
um verão quente
um verão louco
sol e vento se abraçam
amorosos
a luz explode.
É um verão que acende o corpo
e ao mesmo tempo agita a alma
da criança de sempre
que quer correr
descalça na praia.
Antes mesmo de setembro vem
com os cupins
venerar lâmpadas

Alças, decotes
vestidos de algodão
debaixo do chuveiro
o Cacique Bunda Branca
tira o calção.
No ar promete um sopro
um bafo instiga
arde a vida no calor.
Viva o verão.


FLORÃO DA AMÉRICA
Antônio Cabral Filho
[ in Balaio n° 862, 17 de julho de 1996 ]

O menino era pivete
e se chamava Joãozinho
vivia como engraxate
ganhando a vida por aí
sem Deus e sem Diabo pra atentar
até que um dia
foi estuprado por um maníaco
e encontrado morto na Lapa
dentro de um latão de lixo
Não foi homenageado
com honrarias militares
nem imortalizado
num samba de carnaval
Morreu e está morto
morto bem morto mesmo
e se chamava Joãozinho
que vivia como engraxate
ganhando a vida por aí
sem voz nem vez
e sem lugar na história


METAPLAGIANDO o caicoense Dr. José Augusto,
ex-governador do Rio Grande do Norte

Rio de Janeiro/Natal/Caicó:
as três melhores cidades do mundo.
Não necessariamente nesta ordem.

7 comentários:

Unknown disse...

Sou a primeira????
Acho que seu blog não está atualizando também. Na minha página está a postagem do Batman. Mas como já sei das coisas.... entrei!

E fiquei encantada com o filme. Em cada mínimo detalhe , de uma beleza suprema. Fiquei observando a música que soa nas folhas dos livros. Que espetáculo!!!!!

Os poemas estão belíssimos,
Destaco o de Antônio Cabral Filho, porque é real e diário. Faz parte do nosso cotidiano no Rio de Janeiro, e da cena ao poema, de uma leveza que a gente esquece a tristeza da repetição do fato.

Das tres cidades, claro que a melhor é o Rio de Janeiro!!!!!
Que dúvida!

Beijos Moacy!

Excelente domingo!

Mirse

Dora disse...

Oi, Moacy. A curta sequência do filme não dá prá se ter uma boa percepção acústica, ou eu imaginei um som de páginas de livros, viradas, como se estivessem "craqueladas"?
A impressão é meio "surrealista", mas imagino que a promessa é de um filme delicado e intimista...
Gosto muito de poemas que "mexem" com o tema do clima, das estações do ano, dos ciclos da natureza, das atividades que cada estação "proporciona"...como nesse verão em "a luz explode"!
Abraços.
Dora

BAR DO BARDO disse...

o joãzinho é de enternecer...

Pedrita disse...

não vi esse filme a cor de romã. fiquei com vontade de ver. beijos, pedrita

Adriana Riess Karnal disse...

Eu adorei esse verão,depois d emuito frio aqui no sul, estamos com um dia quente, então, viva o verão!!!

pituleira disse...

Concordo com o Dr. José Augusto.

nydia bonetti disse...

também não ví este filme, Moacy. fiquei impressionada. que coisa mais bonita!
um poema de verão, um poema de inverno que não termina. a vida e seus constastes nos fazendo corar... faces de romã. beijos