sábado, 27 de fevereiro de 2010

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para verouvir o trêiler de
Requiem para um lutador
(Ralph Nelson, 1962)
Com um dos finais mais dolorosamente patéticos da história do cinema - o velho boxeador, que já fora um respeitável aspirante ao título de pesos-pesados, humilhado de forma ridícula em seu espaço de atuação profissional, vencido pela máfia do boxe -, Requiem para um lutador é uma dessas obras-primas subestimada pela crítica tradicional. Mas o fato é que se trata de uma das muitas joias preciosas do cinema americano dos anos 60, com excepcional atuação de Anthony Quinn. (Também no elenco, Mickey Rooney e Julie Harris - lembram-se dela em Vidas amargas, o ótimo filme de Elia Kazan?) A destacar, como curiosidade, a participação especial de Cassius Clay no início da sua carreira, exatamente na luta que determina o fim profissional do personagem (Mountain) vivido por Quinn, na primeira sequência do filme.


BALAIO PORRETA 1986
n° 2945
Natal, 27 de fevereiro de 2010


ALGUNS DOS FILMES ESTRELADOS POR ANTHONY QUINN
( Cotações: de ° [descartável] a *** [excelente] )

Requiem para um lutador *** (Nelson, 1962)
Sangue sobre a neve ** (Ray, 1960)
Consciências mortas ** (Wellman, 1943)
Zorba, o grego ** (Cacoyannis, 1964)
Lawrence da Arábia ** (Lean, 1962)
Duelo de titãs * (Sturges, 1959)
Viva Zapata * (Kazan, 1952)
La strada * (Fellini, 1954)
Sede de viver * (Minnelli, 1956)
A visita da velha senhora * (Wicki, 1964)
O segredo de Santa Vitória * (Kramer, 1969)
As sandálias do pescador * (Anderson, 1968)
Os canhões de Navarone °/* (Thompson, 1961)
O corcunda de Notre Dame °/* (Dellanoy, 1956)


GUARDADOS
Marcelo Novaes
[ in O Lugar que Importa ]

Diga onde eu guardei
meus olhos, que eu te
digo o resto.

Aponto pra aquela
Árvore.

[O Local da Cessação do
Sofrimento].

Diga onde eu guardei
meus olhos, que te prometo:
nunca mais sonho.

[Aponto para um local
distinto, onde não
encontrás
assento].

Diga-me onde eu guardei
meus olhos, que eu te guardo
enquanto me
ofereço.


BOLERO DE RAVEL
Sônia Brandão
[ in Pássaro Impossível ]

O dia desliza
no tapete do tempo.

Uma vassoura varre
o pó dos homens

que arrastam na noite
as suas cicatrizes.

Um bêbado conversa
com as pedras da calçada.

Na gaiola um papagaio
dança o Bolero de Ravel.


POEMA BRUT
Luiz Roberto Guedes
[ in Poemínimos, 1981,
cf. Papel de Rascunho ]

Lucidez, cale a boca,
feche o livro, apague
a luz e vá dormir.

Antes, me dê a chave:
hoje volto muito tarde.

GRAVIDEZ DE RISCO
Carito
[ in Os Poetas Elétricos ]

se de poesia eu engravido
não sou mágico
não duvido:
sou trágico!

é certo:
a poesia é um parto
ou estou perto
ou estou farto.

minha gravidez
é de risco
e rabisco
mais de uma vez.

a poesia em gestação
até que tenta
e nem sempre
aguenta.

às vezes nasce, cresce, corre
dura
às vezes morre
prematura.

nessa aventura imaginária
não quero mais parto natural
agora eu quero uma cesária
évora!


GRANDES FIGURAS NATALENSES
( 1/6 )

Sem ordem preferencial

Djalma Maranhão
(1915-1971. Político, nasceu em Natal)
Ferreira Itajubá
(1875-1912. Poeta, nasceu em Natal)
José Bezerra Gomes
(1911-1982. Poeta, nasceu em Currais Novos)
Esmeraldo Siqueira
(1908-1987. Professor, nasceu em Pedro Velho)
Maria Boa
(1920-1997. Prostituta, nasceu em Campina Grande, PB)
Luís da Câmara Cascudo
(1898-1986. Folclorista, nasceu em Natal)

Memória 1978
OS DEZ CONTOS MAIS IMPORTANTES
DA LITERATURA MUNDIAL
segundo
Tarcísio Gurgel
(Natal/Mossoró, RN)
[ in Revista Vozes, setembro de 1978 ]

Missa do Galo (Machado de Assis)
Auto-estrada do sul (Cortázar)
Os funerais da Mamãe Grande (Márquez)
Episódio do inimigo (Borges)
A terceira margem do rio (Guimarães Rosa)
Kaschtanka (Tchecov)
Escaramuça contra Sartoris (Faulkner)
O piano (Aníbal Machado)
Torotumbo (Astúrias)
A morte de D.J. em Paris (Roberto Drummond)

Memória 1980
OS MAIS IMPORTANTES FILMES BRASILEIROS
segundo Sérgio Augusto, jornalista cultural
[ in Revista Vozes, agosto 1980 ]

Fragmentos da vida (José Medina)
Ganga bruta (Humberto Mauro)
Nem Sansão, nem Dalila (Carlos Manga)
Rio, 40 graus (Nelson Pereira dos Santos)
O grande momento (Roberto Santos)
Vidas secas (Nelson Pereira dos Santos)
Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha)
São Paulo S/A (Luís Sérgio Person)
A falecida (Leon Hirszman)
Terra em transe (Glauber Rocha)
O bandido da luz vermelha (Rogério Sganzerla)
Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade)



Cordel
ALGUNS TÍTULOS MARAVILHOSOS

A beata que mordeu a outra com ciúmes do vigário
(Cuíca de Santo Amaro, 1944)
Como Antonio Silvino fez o diabo chocar
(João Martins de Athayde, 1947)
Os sofrimentos da criada da princesa seduzida
(Moisés Matias de Moura, 1935)
História da moça que virou cavalo
(Rodolfo Coelho Cavalcante, s/d)
História do burro que matou seu próprio dono de faca - e o homem que matou a vaca e a vaca matou o homem com a mesma faca
(Moisés Matias de Moura, s/d)
História em versos de um jegue que matou um homem, a porca comeu a criança e a mulher morreu de choque, no município de Santana de Ipanema, Estado de Alagoas
(José Honório Oliveira, s/d)
A menina que morreu em Caicó e depois de 20 horas enviveceu - falou contra o comunismo e o protestantismo
(José Gomes da Silva, s/d)
A moça que mordeu o travesseiro pensando que fosse
Vicente Celestino

(Cuíca de Santo Amaro, s/d)
A moça que dançou com o diabo cantando Cintura Fina
(Manoel Camilo dos Santos, 1951)
A grande batalha do reino da bicharia
(José Bernardo da Silva, 1957)

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A única diferença entre um santo e um pecador é que o primeiro tem um passado, enquanto o segundo tem um futuro. (Oscar WILDE)

12 comentários:

líria porto disse...

todo dia é isso - leio de enfiada, preciso reler! mas gosto tanto que não me contenho e tenho que comentar antes - então é isso - agora vou reler este excelente balaio!

besos

spring disse...

Caro Moacy Cirne
Anthony Quinn foi sempre um actor surpreendente, que ofereceu o seu melhor à sétima arte, registámos o filme de Ralph Nelson, o cineasta do célebre western "Soldado Azul", para o tentarmos ver, já que não o conhecemos.
Abraço cinéfilo
Paula e Rui Lima

Francisco Sobreira disse...

Que bom, Moacy, saber que você continua gostando desse filme. Revi grande parte dele esta semana (já o pguei perto da metade) e ainda gosto. Talvez não o eleve à condição de obra-prima, mas que é um grande filme , não há dúvida, o melhor de Nelson. E Quinn tem uma atuação que chega a comover. Bom também você dizer que é um filme subestimado. Me lembro de que , quando foi lançado em Natal, Gilberto o detestou, indo contra a corrente de todos os seus companheiros de Cine Clube Tirol. Mudando, bonito esse poema de Sônia Brandão. Um abraço.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pedrita disse...

adoro o anthony quinn, mas esse não vi. amo zorba o grego. e claro, lawrence, merecia revisitar lawrence q vi há séculos. a estrada do fellini não vi, imperdoável. beijos, pedrita

Lou Vilela disse...

As seleções de textos, indicações de filme, de leitura sempre demonstram o seu afiadíssimo gosto, meu caro. Hoje, o ponto alto foi a música e a coreografia – uma explosão de beleza! Sou apaixonada pelo Bolero de Ravel.

Bjs

nina rizzi disse...

ótimo balaio, claro, mas a memória de 1980 de sérgio augusto esqueceu de mencionar o fato mais importante da década, quiça do século e que também é nome de cordel: a encarnação da divina renascentitapóstudo da buceta endiabrada abençoada e exomungada por todos os pecados do fim do mundo. vc já viu? vale um poema brutO, uma gravidez de risco. vale sim.

um beijo.

Iara Maria Carvalho disse...

poema lindo demais o do Carito!

beijão, Moacy...

dade amorim disse...

Poemas que sempre valem uma releitura, sugestões sempre imperdíveis e de quebra Anthony Quinn, que foi o amor de minha vida durante alguns anos - ele lá e eu aqui. Acontece. O cara era tudo.

Beijo, esse minino.

Sônia Brandão disse...

Moacy,
muito obrigada por ter enriquecido o meu poema.
E, como sempre, tudo muito bom por aqui.

Um grande abraço.

Carito disse...

Faço minhas as palavras de Sônia Brandão. Obrigado. Muito obrigado.

Sergio Andrade disse...

Ainda não vi esse filme, mas Ralph Nelson é um diretor muito bom. E o Anthony Quinn é excelente, sempre!

Um abraço.