quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Jovem libanesa
Foto de
Barbara Taurua


QUERO UM HOMEM
Cláudia Marczak
[ in Poesia Erótica ]

Quero um homem
que toque minha alma,
que entre pelos meus olhos
e invada meus sonhos.
Quero que me possua inteira,
corpo e alma,
fazendo dos meus desejos
breves segundos de êxtase
o prazer do encontro total.
Quero sentir seus braços longos
envolvendo meu abraço,
seus lábios mudos
calando o meu silêncio
sem precisar nada dizer...
apenas me olhando
com olhos negros e úmidos
e me tomando devagar,
como o mar avança na praia,
como eu sei que tem que ser
e sei que um dia será.


BALAIO PORRETA 1986
n° 2943
Natal, 25 de fevereiro de 2010


ORQUÍDEAS NO JARDIM
Sheyla Azevedo
[ in Bicho Esquisito ]

- E se tivéssemos nos conhecido há 10 anos?

- Não podemos prever o que é impossível, Clara. Nos conhecemos agora, é o que temos.

- Mas é como se eu me lembrasse de você há muito tempo. Tenho a impressão de que essas coisas todas, essa música, o seu toque, sua voz, você, tudo é tão familiar. Tanta coisa abstrata e tão pouco de concreto.

- Clarinha, você parece uma menina. Você é uma menina.

[ Clique aqui para ler o conto na íntegra ]


TÉDIO
de Linaldo Guedes (PB)
[in
Intervalo lírico,
reproduzido em Zumbido escutando blues ]

na lua
criou-se
uma teia
de aranha
a culpa foi sua
que não quis esperar pelo amanhecer


SEPULTEI A BORBOLETA
de Maria Maria (RN)
[ in Espartilho de Eme ]

Sepultei a borboleta!
Meu corpo jaz em silêncio
por sete dias.

As asas em morte,
na pedra opaca do teu
tórax,
fazem rfefrão
da melodia.

Sem crisálida,
sem metamorfose,
sou um facho de luz
em agonia.


POEMA GRATUITO
Betina Moraes
[ in Versos & Ideias ]

faça oferta.

faça oferta de qualquer coisa que semeie
Grão

Broto

Semente

Ideia

Beijo

Carícia

Elogio

Entusiasmo

faça oferta, não venda, não esmola.


faça oferta.


DO DESTINO DAS CONCHAS
Nydia Bonetti
[ in Longitudes ]

a concha
que não quis ser tocada

seguiu
o destino das conchas

(que não são tocadas)

secou
sem conhecer a pérola


PARA UMA BIBLIOTECA PORRETA
( 58 / 66 )

A menina sem estrelas - Memórias (Nelson Rodrigues, 1967)
Ideologia da cultura brasileira (Carlos Fuilherme Mota, 1977)
Ninguém escreve ao coronel (Márquez, 1961)
Memória de minhas putas tristes (Márquez, 2004)
Tia Júlia e o escrivinhador (Llosa, 1977)
Elogio da madrasta (Llosa, 1988)
O sobrevivente (Sérgio Sant'Anna, 1969)
As noites marcianas (Fausto Cunha, 1960)
Nascimentos: Memória do fogo, 1 (Galeano, 1986)
Figuras e tradições do Nordeste (Raimundo Nonato, 1958)


UM LIVRO É UM LIVRO É UM LIVRO

Figuras e tradições do Nordeste, de Raimundo Nonato. Rio de Janeiro: irmãos Pongetti, 1958, 170p.

Em capítulos quase sempre deliciosos, o mossoroense Raimundo Nonato refaz em tom memorialístico, qual jornalista do sertão, um mosaico de histórias, reais ou não, que moldam o homem do interior nordestino. Jagunços, professores, crônicas literárias, homens que falavam com espíritos, personagens da arte dramática em Mossoró – vasto é o painel das histórias contidas no livro. Algumas delas são hilárias, como a do cearense dono de caminhão que, “matuto habituado àquelas tramoias das estradas”, desconfiado que só a mulesta e cuidadoso extremado com o seu dinheiro, ao se hospedar em pensões pouco recomendáveis, costumava guardá-lo na própria roupa do corpo, ao dormir, envolvendo-se em lençois e mais lençois. Deu-se que, em certa ocasião, encontrando-se na cidade de Russas, devidamente hospedado, aconteceu o pior com o nosso amigo estradeiro:

“Madrugada alta, a pensão estava em polvorosa.

O barulho acordara todo o mundo.

O homem do dinheiro, apesar de toda a sua precaução, fora roubado, durante o sono. O ratoneiro bancou o sujeito educado. Deixou ao pobre diabo um cartão de visita, cujos termos valem uma peça:

- Não o levo, também, porque não gosto de macho...”.

(p.31-32)


19 comentários:

Unknown disse...

Tenha um lindo dia, Moacy!

Os poetas de hoje foram escolhidos com esmero:

Maria Maria
Betina Moraes
Nydia Bonneti

Uma delícia a leitura de Raimundo Nonato!

Beijos

Mirse

Unknown disse...

A foto, os versos, o conto, o livro. Eu não devia te dizer, mas tudo isso me deixa comovido como o diabo. Abraço.

dade amorim disse...

Moacy, o inesgotável :)
Uma delícia, os poemas, as histórias, a imagem.
Beijo.

Jens disse...

Oi Moacy.
Gostei do poema da Claudia. Os brutos também amam, mas, quando se trata de manifestar o erotismo em palavras, as mulheres são mais competentes no desafio de unir delicadeza e sensualidade.

Um abraço

Marcelo F. Carvalho disse...

Lindo, apesar de Tédio, lindo, apesar de concha sem pérola.
Tremenda seleção!

nina rizzi disse...

essa moça não parece libanesa.
sua pele, seus cabelos,
esse cio escondido debaixo das mãos,
entre os lábios e as pernas,
não vêem do líbano.

nem precisa, ela só precisava me aparecer.

cheiro.

Adriana Godoy disse...

Então tá...dizer o quê? Porreta! bj

Eleonora Marino Duarte disse...

mestre,

imagina que eu vim aqui antes de ler o seu comentário e levei aquele soprinho no estômago por causa da emoção de ver um verso meu aqui... ainda mais um de lá de longe.

antes de tudo, muito obrigada por me permitir figurar entre tantas coisas belas que aqui estão. você sabe o quanto é delicada e generosa a sua atitude? é um carinho muito bom de receber.

a moça libanesa é um estouro de bonita! que foto, que olhar. elas (as mulheres do oriente) tem uma força sexual nos olhos que deixam qualquer um seduzido, homens e mulheres. uma bela escolha para ilustrar os poemas que postou aqui, todos sensíveis e belos.

um beijo seu moço.

Jarbas Martins disse...

o poema de nydia bonetti é antológico

quanto à libanesa aquele olhar de taurua

pergunta discreta você é uma invenção de nina rizzi ?

Mme. S. disse...

Que bonitinho, meu amigo querido! Revi um filme na cabeça com esse pedacinho de letra... obrigada por ser assim como é...

e ó, vamos nos ver em breve viu?

nós todos!

beijos, S.

Patrícia Gomes disse...

É tão bom voltar ao seu blog, Moacy, e perceber que a qualidade sempre aumenta!
beijos!

Paty

Maria Maria disse...

Obrigada, querido Moacy, por mais uma...

Beijos

nydia bonetti disse...

Você pode não acreditar, mas quando postei este poema pensei: Moacy vai gostar deste. Acho que já conheço um pouco de você, "menino". :) Beijoos.

Marcelo Novaes disse...

Moa,


Já troquei umas palavrinhas com Linaldo Guedes, num sarau. Gostei do poema dele.


Muito bom ver os [bons] poemas de minhas [boas] amigas, Betina [essa maxi-amiga] e Nydia neste Balaio.



Cuide dessa biblioteca. Jogue sobre ela o facho de luz de Maria Maria. Ela [biblioteca, Maria?] vale ouro.








Abração.

BAR DO BARDO disse...

Nydia e Betina são o que há!

líria porto disse...

eita, que bela esta libaneza - um dos meus avôs nasceu em portugal, o outro no líbano - minha filha, a caçula, parece-se com as princesas árabes - e é branquinha assim!

belos versos, bela seleção!

besos

líria porto disse...

eita, que bela esta libaneza - um dos meus avôs nasceu em portugal, o outro no líbano - minha filha, a caçula, parece-se com as princesas árabes - e é branquinha assim!

belos versos, bela seleção!

besos

líria porto disse...

falha nossa - a moça é libanesa! com s!

Cosmunicando disse...

que enxurrada de poemas e autores maravilhosos nesta edição do balaio... como o mar avança na praia :)

beijo