quinta-feira, 26 de abril de 2007

POEMA de
CHICO DOIDO DE CAICÓ
[RN]
[Dedicado a José Limeira]

Prezada Dona Chica de Igapó:
Venho, de novo respeitosamente,
Com a minha filosopotia pai d'égua,
Solicitar a tua quente goiabinha
Para o meu particular uso e abuso.
Prometo que saberei borogodeá-la
Sem mais, sem menos, sem talvez
Pelo menos uma vez por mês
Limeirando uma, duas ou três.
Do teu Chico que nasceu em Caicó
País de cabra macho e de jumentos
Que adoram apreciar o luscofusco
De tangerinas e lobisomens. Arre égua,
Acabo de me lembrar agora: o Peru
Ganhou a guerra da Coréia
Com a força de sua idéia.
Passa, passa, passatempo,
Tempo, tempo, passa lento,
Jesus Cristo nasceu em Caicó
E morreu em Jardim do Seridó
Assim diz o Novo Testamento.


BALAIO PORRETA 1986
nº 2004
Rio, 26 de abril de 2007


GLOSSÁRIO NORDESTINO

Abestado : Tolo, abestalhado
Abufelado : Irritado, puto da vida
Afogar o jegue : Trepar, fuder, champrar
Afuleimado : Valentão, briguento, nervosinho
Agora deu! : Essa não!
Alcane : Pênis, jiribaita, maçaroca
Amufambado : Escondido, entocado
Arretado(a) : Coisa boa
Atucanar : Azucrinar, encher o saco
Avexado : Encrencado, aperreado
Avexar : Apressar, dar urgência
Azuladinha : Cachaça, pinga, mata-bicho, mandureba

[ in Dicionário do Nordeste, de Fred Navarro ]


TROVAS E TROVOADAS
de LUIZ FRANCISCO XAVIER (DEDÉ),
POETA POPULAR DO RIO GRANDE DO NORTE
EM LIVRO EDITADO EM 1996


Mote:
Tem sinônimo adoidado
o ânus que a gente tem.

Glosa:
Furico, boga, frezado,
é roda, rabo, roscofe,
ás de copas, rosa-bofe,
tem sinônimo adoidado.
Bumbum, isqueiro, rosado,
bufante, bunda, xerém,
traseiro, frasco e sedém,
é apelido pra chuchu,
também chamado de cu
o ânus que a gente tem.

Mote:
Tomei cachaça no céu,
Lá no hotel de Jesus.

Glosa:
Levando um litro de mel
dessa abelha italiana,
com muita santa bacana
tomei cachaça no céu.
Aprontei, fiz escarcel,
dancei com defuntos nus,
quebrando a famosa cruz,
os anjos bateram palmas.
Sonhei mais cantando as almas
lá no hotel de Jesus.

[ in Balaio Incomun 1273, de 26/04/2000]


POEMA de RONALDO SANTOS (RJ)

um lance de dados jamais abolirá os doidos
um lance de doidos jamais abolirá os dados

[ Releitura de
um lance de dados jamais abolirá o acaso (Mallarmé),
in Poesia jovem: Anos 70, de Heloísa Buarque de Hollanda & outros, 1982 ]

3 comentários:

Anônimo disse...

Caríssimo Moacy,
saudades.

O Chico doido é mesmo um cabra da peste. O mais interessante do Chico é um traço sutil que me faz lembrar uma pessoa muito especial.
Forte abraço.
Felipe, SM

Marconi Leal disse...

O dicionário de Navarro, guardo-o como tesouro.

Adrianna Coelho disse...


rsrsrs... achei!!